Brincadeiras e produções autorais contribuem para a alfabetização - PORVIR
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Diário de Inovações

Brincadeiras e produções autorais contribuem para a alfabetização

Professora relata como incentivou seus alunos a tomarem gosto pela leitura com atividades lúdicas e um ambiente acolhedor

por Liciane de Fátima Xavier Lourenço ilustração relógio 2 de agosto de 2017

No início do ano letivo, percebi que os meus alunos do segundo ano do ensino fundamental não estavam interessados nas histórias e rodas de conversa. Para eles formarem as primeiras palavras e desenvolverem o gosto pela junção de sons, tomei a decisão de valorizar suas produções autorais. Desde então, comecei a alfabetizar por meio listas de palavras e textos coletivos.

A minha sala de aula é um ambiente aconchegante e acolhedor, onde as próprias paredes falam, pois tudo é feito pelos alunos durante as aulas. Com o objetivo de aprofundar o conhecimento e valorizar a aprendizagem, usamos muitos cartazes que ficam expostos por todo o espaço.

Em busca de uma estratégia para formar novos leitores, iniciei o projeto “Ler é uma gostosura”. Usando um livro de Todd Parr, todos os dias líamos e deixávamos o gosto de quero mais para o dia seguinte. Com base na história, fizemos inúmeras atividades de registro relacionadas aos conteúdos de língua portuguesa e matemática.

Durante esse processo, também não deixamos de lado as atividades lúdicas, como a senha da sala de aula. Para sair ou ir ao banheiro, os alunos tinham que pegar uma senha dentro de uma caixa de sapato, que ficava estrategicamente localizada na porta. Depois de ler uma palavra do livro, eles estavam liberados.

Isso se tornou uma rotina, e os professores de outras turmas também acabaram aderindo, o que funcionou muito para trabalhar a leitura na escola. Em reuniões de pais, ouvíamos só elogios de que em casa as crianças fizeram senhas para entrarem no quarto ou banheiro. Aos poucos, a leitura passou de palavras para frases e comandos, até todos estarem lendo na sala e gostando de ler que foi o melhor.

Estabelecemos momentos de leitura na sala, com regras criadas pelos próprios alunos, incluindo momentos no chão, embaixo de árvores, no recreio e nos corredores da escola. Até que sentimos a necessidade de espalhar essa ideia e fizemos uma interação com a turma do primeiro ano. Organizamos uma contação de história e uma roda de conversa sobre leitura.

No momento de compartilhar experiências com os colegas da outra turma, eu percebi o que tinha acontecido com aquela turma de crianças aparentemente desinteressadas. Elas estavam sendo valorizadas, pois começaram a mostrar o que aprenderam e estavam fazendo isso com muito amor e sabedoria, o que me deixou imensamente orgulhosa.

Vendo a motivação deles, preparei uma caixa com livros e fizemos uma biblioteca na sala de aula, pois percebi que tinham crianças sem condições financeiras de comprar um livro e talvez o único momento de leitura fosse ali na escola. Então, eles emprestavam o livro, e na semana seguinte devolviam e trocavam para levar outro para casa.

No segundo semestre, os alunos começaram a trazer notícias de jornal para escola e queriam contar para os colegas. Aproveitei esse interesse e criei o momento da notícia para valorizar o gosto pela leitura de gêneros variados, compreendendo o quão importe é aprender a ler para entender e acompanhar o mundo.

Esse ano, prossegui com a mesma turma, onde procuro sempre valorizar a habilidade e opinião de cada um. Tento ajudar para que todos tenham possibilidades de aprender de forma prazerosa. As crianças precisam ser observadas, escutadas e valorizadas, pois são seres singulares. Logo que eles começaram a ler, os olhinhos brilham e acabam incentivando os colegas.


Liciane de Fátima Xavier Lourenço

Fez magistério, é formada em pedagogia pela faculdade FACEL e pós-graduada em psicopedagogia. Logo no início da adolescência, passava as férias como voluntária em uma creche, pois adorava a ideia de ser professora. Trabalhou em pré escolas, até iniciar a faculdade e entrar na Escola Senhora de Fátima, onde está há 15 anos com a educação infantil e o primeiro ano. Também trabalha há seis anos na rede municipal, no ciclo I,  ano passado com o 2° e esse ano com o 3° ano. A sua verdadeira paixão é a alfabetização, incentivar a leitura e o gosto por ela nas escolas.

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aprendizagem colaborativa, ensino fundamental

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