Mãos visíveis que melhoram comunidades colombianas - PORVIR

Inovações em Educação

Mãos visíveis que melhoram comunidades colombianas

Série de filmes Alguien Cómo Yo, protagonizada por afrodescendentes, quer estimular novas histórias de superação

por Vagner de Alencar ilustração relógio 14 de junho de 2013

“A sua história de vida pode ser inspiradora!”. Essa é a tônica de uma série de minidocumentários lançada pela ONG Manos Visibles, em Bogotá, na Colômbia, que busca estimular outras pessoas para que contem suas trajetórias de superação. Os curtas fazem parte do projeto Alguien Cómo Yo (Alguém Como Eu), nos quais os protagonistas são homens e mulheres afrodescendentes que estão transformando suas comunidades por meio da educação, arte e cultura. No site da organização já estão disponíveis três perfis de mulheres líderes de comunidades de Cartagena, uma das principais cidades do país.

Taide Cano é uma delas. A jovem, que estuda engenharia na Universidad Tecnológica de Bolívar, é líder de um grupo de mulheres da cultura hip-hop. O movimento faz parte do programa Lengua de Mi Barrio (Língua do Meu Bairro, em tradução livre), uma iniciativa que promove intercâmbio binacional com jovens ligadas ao tema nos Estados Unidos. “O hip-hop é uma ferramenta cultural que transmite claramente a memória e os imaginários afro de Cartagena. Também é uma forma de transformação que nos faz nos sentir incluídos em uma sociedade que naturalmente já nos exclui”, afirma. Assista, em espanhol, ao minidocumentário de Taide Cano.

 

Taide e as outras duas mulheres que dão vida à série são apenas três entre as 60 que participam ou já participaram de um programa Gestión del Desarrollo para Líderes de Organizaciones de Mujeres (Gestão do Desenvolvimento para Líderes de Organizações de Mulheres), que desenvolve habilidades ligadas à vida pessoal e profissional, o pensamento crítico, político e de argumentação, além de aspectos como inovação social, gestão cultural. A iniciativa também é realizada pela ONG Manos Visibles, com o apoio da Fundação Avina, que se dedica à formação de lideranças.

Livros em vez de armas

Antes de uma história ser contada pelo documentário, ela primeiro é narrada em texto na plataforma, como uma forma de estimular que novos protagonistas locais se apresentem. Uma das candidatas a ter seu perfil contado em vídeo é a professora Claudia Patricia que, por meio dos livros, vem transformando a realidade de El Pozon, um bairro pobre e marginalizado em Cartagena, que registra um altíssimo índice de violência contra a mulher, não tem ruas pavimentadas nem transporte público – o único meio de transporte é o mototáxi.

Formada em licenciatura em língua castelhana e em comunicação social, nos últimos cinco anos ela vem desenvolvendo um projeto de leitura com crianças e jovens da região. Por lá, Claudia transformou uma antiga biblioteca onde havia apenas prateleiras vazias em um espaço cheio de vida e títulos, sobretudo obras sobre a cultura negra.

“As mãos sustentam, suportam, se expressam, aplaudem, acariciam, escrevem e, entre outras coisas, sentem e conectam. São mãos, as que constroem ações, as que se levantam quando é preciso tomar decisões”

A ONG Manos Visibles foi criada pela ex-ministra da Cultura colombiana, Paula Moreno. A instituição se intitula como um centro de pensamento crítico, um laboratório de inovação social e um espaço cultural e seu nome faz referência explícita à teoria econômica da Mão Invisível, de Adam Smith, que sustenta a autorregulação dos mercados.

A ONG importa o conceito usado nos mercados para a área social, joga luz na importância das mãos como um membro do corpo que demonstra força e união e defende a sua visibilidade. “As mãos sustentam, suportam, se expressam, aplaudem, acariciam, escrevem e, entre outras coisas, sentem e conectam. São mãos, as que constroem ações, as que se levantam quando é preciso tomar decisões, são a parte da alma que recebe e entrega, não são de qualquer tipo, nem em qualquer maneira. Apenas as mãos que são visíveis transformam”, afirma a presidente na plataforma da entidade.


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