NY capacita professores em ensino híbrido
O Blended Learning Institute prepara docentes de escolas públicas a misturar tecnologia e práticas pedagógicas tradicionais
por Fernanda Kalena 4 de setembro de 2014
Fazer o planejamento de aulas que misturem o aprendizado on-line com o off-line não é tarefa fácil para professores. Saber como combinar momentos de atividades presenciais, que valorizam a interação entre aluno e professor, com momentos em que o aluno estuda sozinho, de maneira virtual, fazendo uso de recursos tecnológicos, é o grande desafio do chamado ensino híbrido [blended learning, em inglês], segundo Seth Schoenfeld, responsável pelo departamento de inovação do iZone , de Nova York.
O iZone é um programa de incentivo à inovação nas escolas públicas de Nova York, que hoje tem mais de 250 instituições dedicadas a implementação do ensino híbrido. Sentindo a necessidade de capacitar os professores para este modelo de ensino, foi criado o Blended Learning Institute, um programa de certificação de dois anos elaborado em colaboração com a Pace University, com o objetivo de preparar os professores para liderar as salas de aula do século 21.
“O currículo desse curso imita o que queremos que esses professores façam em uma sala de aula híbrida. O curso mistura componentes on-line e presenciais, é currículo e tecnologia se encontrando”, explica Schoenfeld, que ressalta a importância de os docentes experimentarem na prática, enquanto alunos, o modelo para compreender melhor seus benefícios. “O mais importante é saber fazer as escolhas certas sobre como e quando usar tecnologia para melhorar e personalizar uma sala de aula com as ferramentas do século 21”.
Sobre o fazer a escolha certa, Schoenfeld diz que não é um processo simples, pois envolve reflexões anteriores. “Em parte não é sobre a decisão, mas sim o processo correto que levará a essa escolha. Como avaliar ferramentas, como entender o que os estudantes precisam, como saber usar a tecnologia para propósitos de comunicação, instrucionais, e de avaliação. A decisão envolve todas essas partes e queremos que o professor tenha certeza que está usando a tecnologia e a abordagem certa para cada momento”, afirma ele que esteve semana passada no Brasil para participar do Ria Festival, evento de cultura digital promovido pela Fundação Telefônica.
Isso também envolve uma percepção crítica e analítica do professor em relação aos alunos, pois a escolha muda de acordo com cada estudante e com cada série. Essa personalização é ressaltada por Schoenfeld, que coloca como função do docente prover cada aluno com o que ele precisa, como e quando precisar.
E neste cenário a tecnologia tem um papel importante, pois liberta o professor de ser o único detentor de toda a informação e permite que ele assuma um papel de orientador, que molda e direciona o aprendizado dos alunos. “Desse jeito, em uma mesma sala de aula, cada estudante pode encontrar informações em diversos lugares e formas. Os professores precisam enxergar isso como uma oportunidade, pois ele se torna um facilitador, um guia que guia que dá suporte para os alunos realizarem atividades invés de somente apresentar informações”, argumenta Schoenfeld, que finaliza: “O maior ganho desse curso é empoderar o professor para usar a tecnologia como sua aliada”.