'Na escola, escolher o tablet é a última coisa' - PORVIR
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Inovações em Educação

‘Na escola, escolher o tablet é a última coisa’

Superintentende do distrito de Miami Dade (EUA) diz que distribuir tablets ou laptops sem pensar antes no conteúdo é um erro

por Luisa Ferreira ilustração relógio 27 de março de 2014

O distrito escolar de Miami Dade, o quarto maior dos Estados Unidos e conhecido por ter revertido nos últimos anos a qualidade da educação oferecida para suas crianças e adolescentes, aposta no ensino híbrido – a combinação do aprendizado on-line com offline – para transformar suas escolas. Mas embora a tecnologia seja importante para colocar em prática esse modelo, o superintendente do distrito, Alberto Carvalho, defende que o aparelho que será usado por alunos e professores, seja um tablet ou laptop, é a última coisa a ser decidida por gestores escolares.

“Alguns distritos tentam implementar tecnologia em suas escolas começando pela escolha do aparelho. Muitos, por exemplo, distribuem tablets para as escolas, antes mesmo de se perguntar o que será ensinado com aquele aparelho, quantas vezes vai ser usado, se há conexão suficiente. Por isso eu digo que a última coisa a escolher é o aparelho”, afirmou em palestra no SXSWEdu, no início do mês em Austin, nos EUA.

Desde o início de 2013, após um investimento de US$ 1,2 bilhão para reformar e modernizar as escolas ter sido aprovado através de um plebiscito, o modelo chamado de iprep academies e já bem sucedido na região começou a ser replicado em outras instituições. As iprep são escolas públicas de ensino híbrido que buscam preparar os estudantes para a entrada na universidade. Nesse processo de adaptação das escolas a um modelo baseado em tecnologia, três regras são seguidas: primeiro, é decidido o conteúdo que será ensinado, depois são feitos ajustes tecnológicos para a adoção das plataformas de conteúdo e, por fim, é escolhido o aparelho.

Segundo Carvalho, antes de optar por um tablet ou laptop, é necessário identificar o que faz sentido e se alinha com o currículo da escola, o que pode ser personalizável e quais plataformas de conteúdo se adaptam às necessidades dos professores. Também é muito relevante garantir conectividade e escolher a melhor solução para isso.

Alguns distritos tentam implementar tecnologia em suas escolas começando pela escolha do aparelho. Muitos, por exemplo, distribuem tablets para as escolas, antes mesmo de se perguntar o que será ensinado com aquele aparelho, quantas vezes vai ser usado, se há conexão suficiente. Por isso eu digo que a última coisa a escolher é o aparelho

Outra parte importante da transformação das escolas é a própria reforma do ambiente. O superintendente explica que os espaços nas iprep academies são criados de forma que os alunos se sintam seguros, confortáveis e inspirados. Para isso, a equipe de Miami Dade pesquisou referências em quartos de adolescentes, replicando, na medida do possível, esse ambiente nas salas de aula. “Para reinventar a educação pública temos que nos afastar das escolas encaixotadas entre muros, com salas pouco inspiradoras nas quais as aulas devem acontecer em um mesmo período de tempo repetidamente durante 180 dias ao ano. Não queremos ser reconhecidos como um departamento que constrói escolas, mas por criar ambientes de aprendizado”, defende Carvalho.

O distrito de Miami Dade tem 392 escolas, 345 mil estudantes e mais de 40 mil funcionários. Sob o comando de Carvalho, ocorreu uma grande transformação entre 2008 e 2012. Se antes a maioria das escolas eram classificadas como fracas ou insuficientes (D a F) e nem 50% dos alunos se formavam no ensino médio, quatro anos depois as escolas passaram a ser consideradas ótimas (B) e 76% dos alunos passaram a completar essa etapa de ensino.


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dispositivos móveis, ensino híbrido, ensino médio, tecnologia

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