Professoras incentivam crianças a criar robô que ajuda a aprender - PORVIR
Crédito: JimmytheJ / Flickr.com

Diário de Inovações

Professoras incentivam crianças a criar robô que ajuda a aprender

Curiosidade de uma turma da educação infantil deu origem a projeto de robótica educacional com uso de aplicativo e peças de LEGO

por Karine Ribas / Patrícia Cavedini ilustração relógio 4 de janeiro de 2017

A partir do interesse da turma pela construção de robôs, desenvolvemos um projeto de robótica na educação infantil do Colégio Marista Rosário, em Porto Alegre. Observamos que era importante adotar recursos tecnológicos para o desenvolvimento intelectual e social das crianças.

Tudo começou no primeiro dia de aula, quando fizemos um convite aos pais para construírem algum elemento com caixas de papelão. Na sala do nível 3 (a partir dos 5 anos), eles montaram um robô e deixaram de presente para a turma. Após a chegada das crianças, esse robô gerou muita curiosidade e questionamentos. Surgiram várias perguntas, da época dos dinossauros até a invenção das máquinas.

Como as crianças queriam aprender sobre as invenções, começamos a instigar a imaginação delas. Perguntamos o que elas fariam se pudessem construir uma máquina. Elas fizeram alguns desenhos no papel e depois começaram a usar o aplicativo Blox 3D em tablets, que tinha peças perecidas com um LEGO. Quando as crianças começaram a jogar no aplicativo, perguntaram se aquilo não poderia se tornar realidade e pediram para fazer um robô de verdade.

A robótica oferece desafios interessantes aos pequenos, que estabelecem ligações cognitivas com objetos que já conhecem, criam novos significados por meio das interações e aprendem brincando. Com isso, desafiamos a turma a construir seus próprios robôs e a montar um jogo de tabuleiro que estimula a consciência fonológica e a linguagem matemática.

Embora pareça simples, o uso da robótica educacional é instigante e complexo, pois envolve habilidades como planejamento, design de solução e trabalho em equipe. Assim, a construção do robô ocorreu em diferentes etapas. Começamos perguntando para as crianças qual seria a finalidade do robô, já que elas não queriam criar algo que apenas pudesse se locomover. Após várias aulas pensando, surgiu a ideia de criar um robô que ajudasse a aprender. Foi aí que iniciamos a criação de uma trilha.

Depois, partimos para a construção do robô com um kit de robótica LEGO. Os alunos então tiveram como tarefa escolher as peças adequadas baseados no que tinham concebido no papel e no tablet, fazendo comparações entre tamanhos e possibilidades de encaixe. Em seguida, participaram da criação do jogo: o robô serviu como peão, fazendo o caminho desenhado em um tabuleiro estendido no chão. Os jogadores deviam resolver desafios conforme o robô andava, como identificar figuras e dizer uma palavra que começa com o mesmo som inicial desta; fazer rimas e resolver operações simples de soma.

Além da construção do robô e das questões resolvidas, o grupo participou da formulação dos desafios propostos, resultando em um grande engajamento. Percebemos não só uma diversificação nas atividades pedagógicas, mas uma autonomia maior nas crianças, que articularam soluções de forma cooperativa por meio do diálogo e do levantamento de hipóteses.

Não existe nada muito diferente na hora de trabalhar robótica com as crianças. A motivação delas é tão grande que o trabalho se torna leve. O resultado foi surpreendente. Nós enxergamos muita curiosidade e entusiasmo na turma, sem contar no cooperativismo. Como o trabalho era em grupo, elas se ajudaram muito. Enquanto testavam hipóteses, conseguiam perceber se o projeto estava dando certo ou errado.

No final do ano, como encerramento do projeto, as crianças fizeram uma apresentação para os pais, que foram convidados a participar do jogo. Foi algo muito bacana, que envolveu toda a comunidade.

* A experiência também foi compartilhada no V Congreso Español de Informática. Leia o artigo “Estimulando a aprendizagem com robótica educativa. Desenvolvimento de um jogo com crianças de 5 e 6 anos de idade”.


Karine Ribas

Pedagoga formada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), especialista em Psicopedagogia Terapeuta (Uniritter) e mestre em Educação, também pela UFRGS. É professora da Educação Infantil do Marista Rosário desde 2012.

Patrícia Cavedini

Formada em Análise de Sistemas pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), é professora do Marista Rosário há 17 anos, tem especialização em Informática na Educação (Ulbra) e atualmente cursa mestrado na mesma área, no Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS).

TAGS

educação infantil, educação mão na massa, robótica

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