5 dicas para implementar Itinerários Formativos no Novo Ensino Médio
A convite do Porvir, Katia Smole, diretora do Instituto Reúna, lista sugestões para as equipes envolvidas na criação dos Itinerários Formativos, e sugere materiais de apoio
por Ana Luísa D'Maschio 1 de agosto de 2022
As redes de ensino que já atuam com Itinerários Formativos no Novo Ensino Médio, em sua maioria, escolheram um modelo que concentra a oferta do aprofundamento curricular nas segundas e terceiras séries do ensino médio. Essa decisão faz com que na primeira série da etapa estejam postas as ofertas de eletivas e do componente de Projeto de Vida, explica Katia Smole, diretora do Instituto Reúna. Mas quais têm sido as principais dificuldades encontradas pelas equipes Brasil afora durante a implementação?
“O que observamos é que essas redes têm em comum o desafio de formar seus professores e gestores nesse novo modelo de ensino médio. Alguns desafios são inerentes à forma como hoje formamos os docentes nas universidades: dificuldade de trabalhar de forma articulada nas áreas do conhecimento; conceber experiências de aprendizagem que coloquem o estudante em uma posição ativa e, sempre que possível, protagonista; viabilizar aulas em que o foco não esteja nos objetos do conhecimento, mas sim no desenvolvimento de habilidades e competências”, afirma Katia.
Para a ex-secretária de educação básica do Ministério da Educação, esse processo não é simples, mas é preciso destacar o quanto já se avançou, a despeito dos desafios. “Hoje, temos todas as redes de ensino com ofertas de ensino médio com pelo menos mil horas anuais, o que não é uma virada de chave nem um pouco trivial. Além disso, a oferta de eletivas e Projeto de Vida já dão para o estudante a chance de experimentar o novo modelo de ensino médio, no qual o currículo se adapta aos seus anseios e perspectivas de vida cidadã, acadêmica e profissional”.
O Instituto Reúna firmou parceria com o Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), para que todas as redes possam usar a plataforma Nosso Ensino Médio. Gratuito, desenvolvido em conjunto pelo Reúna, o Instituto iungo e o Itaú Educação e Trabalho, com apoio do Porvir, o programa traz trilhas de aprendizagem, pautas formativas e documentos para orientar o trabalho de formadores no Novo Ensino Médio.
Pontos de atenção
A pedido do Porvir, Kátia listou os principais pontos de atenção que o gestor da secretaria de educação e sua equipe envolvida na criação e implementação dos Itinerários Formativos devem ter. Os detalhes sobre os materiais de apoio estão neste link.
Confira:
- Mobilizar e incluir no planejamento todas as áreas da secretaria – e não apenas a equipe pedagógica. A criação e implementação dos Itinerários Formativos é um processo complexo e responsabilidades de todos.
- Não comecem a agir, criar e implementar sem bons diagnósticos. É fundamental ter sistematizados escuta dos interesses e preocupações dos estudantes, professores e demais atores das comunidades escolares para organizar a oferta dos Itinerários Formativos. Além disso, é essencial que saibam, de forma estruturada, quais são as condições de oferta da sua rede hoje.
- Aprender com exemplos da sua rede, e de outras redes do país. As escolas de tempo integral já vêm promovendo ações de flexibilização curricular que podem ser inspiradoras para a criação e implementação dos Itinerários Formativos. Também há redes que se anteciparam no planejamento da implementação e da própria implementação. (Os guias disponibilizados pelo Instituto Reúna trazem exemplos desse tipo).
- Tornar a construção dos Itinerários Formativos um processo formativo e colaborativo. Redes de ensino como Pernambuco e São Paulo procuraram mobilizar seus educadores para essa elaboração, o que acabou por facilitar a formação propriamente dita, dado que os itinerários foram elaborados de forma cooperativa com a rede.
- Planejar itinerários para todos, visando acolher a diversidade de estudantes e escolas em seus territórios. Por isso, desde o começo é essencial que a equipe inclua escolas indígenas, quilombolas, ribeirinhas, do campo. Sem esquecer as adequações necessárias para incluir ensino noturno, EJA (Educação de Jovens e Adultos), a inclusão de estudantes com necessidades especiais e mesmo os jovens em privação de liberdade. (Nos guias, o Instituto Reúna convidou especialistas dessas áreas para indicar como fazer essa inclusão, desde o início do planejamento).