6 educadoras brasileiras que você precisa conhecer
Elas se destacam pela trajetória de defesa dos direitos humanos, valorização da educação integral e luta por oportunidades educacionais iguais
por Redação 8 de março de 2019
Muitas mulheres marcaram a história da educação brasileira. Seja na luta por oportunidades iguais ou pela busca por uma concepção de educação que enxerga cada aluno como um ser integral. No Dia Internacional da Mulher, apresentamos uma lista de seis educadoras brasileiras que têm histórias inspiradoras e se destacaram pela sua trajetória.
A seleção teve como base o livro “Educação de Alma Brasileira”, produzido pela Vekante Educação e Cultura, com apoio da Fundação SM, Instituto C&A, Itaú Social e a Associação Cidade Escola Aprendiz. Confira:
Nísia Floresta
Viveu no Brasil entre 1810 e 1885, em um período em que as mulheres não tinham acesso à educação formação. Estudou em um convento de carmelitas em Pernambuco, onde futuramente teve contato com ideais liberais. Foi educadora, escritora, feminista e abolicionista. Escreveu 15 livros, publicou artigos sobre direitos das mulheres e fundou no Rio de Janeiro uma escola para meninas.
Inspirada nos ideais liberais e iluministas, reivindicou que as mulheres tivessem acesso às mesmas oportunidades que os homens e destacou que a exclusão das mulheres dos espaços de educação sufocavam suas potencialidades, tanto na ciência como em cargos públicos.
Anália Franco
Foi educadora, escritora e poetisa. Viveu entre 1853 e 1919, período em que o Brasil passava pela transição do Império para a República. Ganhou destaque pela sua atuação como educadora empreendedora, preocupada com discriminados e marginalizados. Em um período predominantemente rural do país, em que a educação era um privilégio para poucos, ela se posicionou pela necessidade de superar exclusões.
Começou a lecionar aos 15 anos. Além da docência, foi responsável pela criação e supervisão de mais de cem instituições, entre escolas, asilos, creches, liceus femininos, bibliotecas e grupos musicais espalhados por São Paulo, na capital no interior.
Nise da Silveira
Viveu de 1905 a 1999. Cresceu em meio à música, à arte e à poesia que, segundo ela, influenciou seu comportamento mesmo quando adulta. Foi psiquiatra e seu trabalho teve relação com a educação por buscar compreender e se comunicar com a inconsciente das pessoas por meio de práticas educativas.
Com 16 anos, prestou exame para a Faculdade de Medicina da Bahia, em um momento em que poucas mulheres estudavam ou consideravam ingressar no ensino superior. Foi uma das primeiras mulheres a se formarem em medicina no Brasil. Em 1946, fundou a Seção de Terapêutica Ocupacional e Reabilitação, com núcleos de música, pintura, teatro, marcenaria, costura e tapeçaria. O trabalho tinha como princípio a liberdade, a solidariedade, o olhar humano, a paciência, a confiança e o afeto.
Maria Victoria Benevides
Educadora, socióloga, cientista política e militante, tornou-se referência em educação para os direitos humanos e democracia. No período em que vigorava o Ato Institucional nº 5 , estudou em uma universidade pública onde discutiu abertamente sobre política e democracia.
Tornou-se professora titular da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo) em 1985, aos 43 anos. A educadora se destaca pela atenção a temas como cidadania ativa, participação popular, orçamento participativo, reforma política, violência policial e educação em direitos.
Maria Amélia Pereira
Com trajetória voltada sobretudo à infância brasileira, dedicou seus esforços a falar da criança com seu universo, linguagem e repertório próprios. Defende a presença da cultura e diversidade brasileira, com suas raízes musicais, estéticas e mitológicas.
Em Salvador, enquanto cursava o magistério, teve contato com uma das mais importantes experiências da história da educação brasileira: Escola Parque de Salvador, idealizada por Anísio Teixeira. Impactada com essa concepção de educação e infância, iniciou sua trajetória como educadora comprometida com processos educacionais significativos e que consideram o ser de forma integral.
Macaé Evaristo
Mulher e negra, ocupou com resistência e persistência cenários de política quase sempre dominados por homens brancos. Ocupou importantes espaços de gestão da educação em Minas Gerais e em todo o país.
Sua trajetória se destaca pelo engajamento em um projeto de educação e de país que integre a diversidade brasileira, traduzido na educação integral. Para ela, a educação só consegue avançar em termos de inclusão e qualidade quando é capaz de entender e atender sujeitos na sua integralidade, acolhendo comunidades e territórios.