Instituto SESI SENAI terá programa para startups e formação de professores
Nova organização oferece programas para empreendedores em educação e de formação para professores e diretores escolares
por Vinícius de Oliveira 30 de novembro de 2023
Para estimular o desenvolvimento de novas tecnologias educacionais voltadas à educação básica e profissional e acelerar sua implementação nas salas de aula, o SESI (Serviço Social da Indústria) e o SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) lançaram o Instituto SESI SENAI de Tecnologias Educacionais, em Brasília (DF).
A ideia é que a nova organização, localizada ao lado da sede da CNI, funcione como um centro de inovação, conectando-se a parceiros no Brasil e no mundo, como Google, Huawei, AWS e Totvs. Empresas selecionadas em editais também vão receber mentoria para transformar ideias em soluções e negócios para a educação.
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O Instituto SESI SENAI também atuará com programas de pré-aceleração e aceleração de startups e busca de investimentos, seguindo o modelo da Plataforma de Inovação para a Indústria, que periodicamente lança editais para financiamento de projetos. Além de fornecer recursos materiais e financeiros, os programas idealizados pelo instituto também abrem espaço para criação de redes de contatos para tirar projetos do papel e facilitar acesso a novos mercados.
“Estamos preocupados com o futuro, reconhecendo as transformações que gradualmente impactarão nossas operações. Nesse cenário, torna-se importante nos prepararmos para os desafios adiante, criando um novo SESI/SENAI que possa enfrentar as evoluções no mundo do trabalho”, diz Luiz Eduardo Leão, gerente de Tecnologias Educacionais do SENAI.
Para o executivo, o instituto deve se concentrar não apenas em se adaptar às mudanças, mas também a construir alicerces robustos para o futuro da educação. “Assim, o instituto nasce como uma resposta sólida e estratégica a esses desafios, alinhado com o conceito de antecipação e preparação proativa”, afirma.
Com equipamentos para prototipagem e o desenvolvimento de ideias e negócios, o Instituto SESI SENAI está dividido em diversos ambientes, como laboratórios de tecnologias avançadas (cibersegurança e indústria 4.0), além de um espaço maker e de um espaço de ideação e criatividade.
Como base conceitual está a Educação 4.0, termo que faz referência a uma abordagem inovadora e integrada da educação que utiliza as tecnologias digitais e a conectividade para transformar a forma como aprendemos e ensinamos. “Não dá para pensar em uma indústria 4.0 e competitiva adotando uma educação 100% tradicional. A educação precisa ser reinventada”, defende Juliana Gavini, especialista de desenvolvimento industrial do SENAI.
Os representantes do SENAI defendem que essa virada precisa de novas ideias e empresas focadas na educação profissional. De acordo com o Mapeamento Edtech 2022, estudo da Abstartups (Associação Brasileira de Startups) que elenca dados sobre as chamadas EdTechs – empresas que desenvolvem soluções tecnológicas para a educação –, existem 813 delas ativas no país, atuando em áreas como inteligência artificial, aprendizado de máquina, gamificação e realidade virtual, entre outras. Só que praticamente todas estão voltadas à educação regular.
Segundo Juliana, a previsão é que 15 startups sejam selecionadas para participar da primeira rodada do programa. Porém, o modelo online terá maior alcance e deve receber propostas de empresas ainda em estágio inicial.
Formação de professores
Além do espaço e programa para startups, o Instituto SESI SENAI também trará programas de formação para educadores. “Somos um laboratório que precisa ser uma referência para o setor público”, diz Wisley João Pereira, gerente de educação básica do SESI, durante o Seminário Internacional de Educação Profissional, realizado pelo SENAI, na última semana em Brasília.
“Não podemos perder nenhum dia sequer para recuperar as aprendizagens não adquiridas ao longo da vida, especialmente os impactos causados pela pandemia na educação básica. Não olhamos apenas para a formação na idade certa; temos tecnologia e metodologia para a formação daqueles que não tiveram a oportunidade na idade correta, como a EJA (Educação de Jovens e Adultos)”.
Em sua fala, o executivo do SESI lembrou um recente acordo no qual 25 unidades federativas reconheceram a metodologia inovadora do SESI em parceria com o SENAI, um projeto de escolaridade e empregabilidade. “É uma EJA profissionalizante que levamos para todo o Brasil, reconhecendo a aprendizagem ao longo da vida”, afirmou. Assim como no espaço do instituto, a parceria com o SENAI nos permite desenvolver tecnologias educacionais, como o uso da inteligência artificial para desburocratizar o trabalho do professor e acelerar processos, como a elaboração de planos de aula”.
No desenho das atividades de formação, professores da rede SESI serão formados como multiplicadores em metodologias inovadoras, por área de conhecimento, em um processo de 60 horas.
Em um segundo momento, os diretores das escolas SESI também terão um programa específico, com foco em boas práticas de gestão inspirado em uma matriz de competências chilena. Isso proporcionará a eles uma visão holística da escola, permitindo a organização eficiente da estrutura e dos recursos, além de oferecer apoio constante para que os professores possam aprimorar suas didáticas.
“Os gestores participam dessa formação e aplicam-na na prática, desenvolvendo um plano de melhoria e de implementação. Após esse ciclo, os indicadores são submetidos a um conselho, e as escolas que atendem aos critérios recebem um selo de qualidade em gestão escolar. Essas escolas, ao obterem o selo, podem multiplicar o projeto para outras escolas, promovendo responsabilidade social e educacional”, diz Wisley. Por enquanto, o programa de formação está restrito a sete escolas até 2024. A partir de 2025 está prevista uma expansão para além da rede SESI.