Como professores podem traçar seus próprios planos socioemocionais - PORVIR

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Como professores podem traçar seus próprios planos socioemocionais

Quando os professores refletem sobre suas próprias necessidades socioemocionais, eles podem modelar habilidades eficazes de comunicação e relacionamento em sala de aula

por Taylor Hausburg ilustração relógio 19 de fevereiro de 2024

Apoiar a aprendizagem socioemocional dos estudantes é uma alta prioridade para as escolas. Há dez anos, a maioria das organizações que investiam nessa abordagem concentrava seus esforços no desenvolvimento de recursos didáticos. No entanto, a competência socioemocional dos professores também é importante, pois trata-se de um exemplo importante para os alunos. Neste artigo, explico os motivos e listo algumas estratégias que os educadores podem usar para integrar esse autotrabalho em sua prática diária de ensino.

Pesquisas mostram que quando os professores modelam ou incorporam essas práticas saudáveis, como autoconsciência e autogestão, os resultados socioemocionais dos alunos melhoram.

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Além disso, os estudantes estão aprendendo questões socioemocionais com seus professores o tempo todo — não apenas quando falamos sobre a importância do respeito ou lideramos a classe em uma meditação guiada, mas também quando cumprimentamos (ou não cumprimentamos) os alunos ao entrarem na sala e respondemos pacientemente (ou impacientemente) às dificuldades tecnológicas. Como Theodore e Nancy Sizer escrevem no livro “The Students Are Watching” (“Os Estudantes estão Observando”, em tradução livre), “as pessoas em uma escola constroem seus valores pela forma como enfrentam seus desafios em tempos comuns e extraordinários”.

Desse modo, como podemos garantir que estamos modelando habilidades e mentalidades socioemocionais saudáveis para alunos aprenderem?

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Consciência e intencionalidade

Apresente a definição de intenção, prática fundamentada na filosofia contemplativa, psicologia e neurociência. Quando definimos intenções, sintonizamos nossa atenção com nosso propósito e estado futuro desejado. O psicólogo Christophe André compara as intenções aos “primeiros passos de uma viagem, determinando a direção que tomaremos”.

Quando nós, educadores, trazemos consciência e intencionalidade para nossos próprios comportamentos sociais e emocionais, temos mais probabilidade de responder de forma positiva e produtiva aos desafios que surgem ao longo do dia escolar, e nosso modelo se torna uma força poderosa para apoiar a educação socioemocional saudável.

No programa de certificação de Ensino e Liderança Socioemocional que coordeno no Centro de Aprendizagem Profissional da Universidade da Pensilvânia (Estados Unidos), guio os educadores no uso do WOOP (uma estratégia mental baseada na ciência que as pessoas podem utilizar para encontrar e satisfazer os seus desejos, estabelecer preferências e mudar os seus hábitos) para definir intenções para seu próprio aprendizado socioemocional. Este processo envolve fazer a si mesmos as seguintes perguntas:

Desejo: Qual é um objetivo socioemocional importante que tenho para meus alunos e para mim mesmo? Talvez você deseje praticar uma maior autocompaixão, humildade intelectual ou antirracismo. Esta é uma oportunidade para refletir sobre seus valores e articular suas prioridades. Você pode ter múltiplos objetivos, mas concentre-se em um de cada vez.

Resultado: Por que este objetivo socioemocional é importante? Qual seria o melhor resultado ao cumprir esse desejo? Este passo pede que você identifique o “porquê” por trás de seus valores e prioridades. Por exemplo, praticar humildade intelectual pode ser importante para você porque acredita que é essencial para participar de diálogos significativos.

Obstáculo: Qual é o principal obstáculo interno que me impede de praticar esta habilidade ou mentalidade socioemocional? Embora também possa haver barreiras externas em seu caminho, identifique o que está dentro de seu espaço de controle. Talvez você às vezes sinta que há apenas uma maneira correta de pensar, o que pode dificultar a prática e modelagem da humildade intelectual.

Plano: O que posso fazer para superar este obstáculo? Faça um plano “quando-então” que inclua um gatilho situacional claro e uma resposta, como “Quando ouço uma opinião com a qual discordo, então farei perguntas para entender de onde a outra pessoa está vindo antes de compartilhar minha própria opinião”.

Por exemplo, Abraham, um professor do ensino fundamental na Cidade do México (México), desejava praticar maior paciência para poder estar mais presente e receptivo quando seus alunos levantassem preocupações. No entanto, ele reconheceu que isso era particularmente difícil quando estava se sentindo apressado para terminar uma lição ou atividade. Portanto, seu plano foi “Quando noto que estou me sentindo apressado, então vou parar e fazer três respirações profundas”.

Benefícios gerais

Os professores relatam que este processo de definição de intenções leva a uma compreensão mais profunda de si mesmos, de seus alunos, do ensino e da aprendizagem. Muitos se sentem mais conscientes de seus pensamentos, sentimentos e ações, e mais conscientes de seus próprios pontos fortes e áreas de crescimento. Por exemplo, um professor de humanidades do ensino médio aprendeu: “Realmente preciso ser reconhecido pelo que estou fazendo, o que por sua vez me ensinou que devo reconhecer os alunos por se apresentarem”.

Além disso, os professores se encontram melhor capazes de gerenciar suas emoções, pensamentos e comportamentos de forma eficaz. Como resultado, eles se sentem mais no controle, confiantes e presentes, o que pode ter um efeito positivo em suas relações com os alunos. A intenção de Abraham de praticar uma maior paciência o ajudou a pausar antes de responder aos seus alunos, o que ele sente que os incentivou a expressar seus pensamentos e sentimentos com mais liberdade.

Dicas para definir suas intenções 

Tome tempo para refletir e recomeçar. As intenções socioemocionais raramente seguem exatamente como planejado. Pense nisso como um processo de ajustes e experimentações. Depois de definir uma intenção e tentar vivê-la, faça a si mesmo estas perguntas:

  • Os obstáculos que você esperava realmente surgiram?
  • Você conseguiu responder com intenção? Se não, por quê? Se sim, qual foi o resultado?
  • O que você aprendeu com esta experiência? 
  • Reinicie seu WOOP (faça aqui o teste). Sinta-se à vontade para adaptar ou ajustar seu desejo conforme necessário para que melhor se alinhe com sua intenção e circunstâncias no momento.

Crie um grupo WOOP. Colaborar com colegas confiáveis ao longo do processo de definição, implementação e reflexão da intenção socioemocional pode ser especialmente benéfico para os professores. Tal colaboração nos oferece a oportunidade de pensar em voz alta e elaborar planos coletivamente para transformar nossos objetivos. Isso pode proporcionar um senso de incentivo e responsabilidade enquanto trabalhamos em direção aos nossos objetivos.

Lembre-se de que intenção não equivale a impacto. A ativista Adrienne Maree Brown nos lembra que, embora seja importante prestar atenção ao que desejamos que aconteça, também é importante ir além da intenção e observar o que realmente acontece. Por exemplo, podemos desejar colaborar de forma mais eficaz, mas isso não significa que automaticamente deixaremos de microgerenciar os outros. Podemos trabalhar para entender melhor o impacto de nossas intenções perguntando aos nossos alunos e colegas como eles experimentam nossos comportamentos.

Transforme isso em um hábito. Aprender habilidades e mentalidades socioemocionais não é como aprender a andar de bicicleta; é um processo confuso que requer trabalho e reflexão constantes. Só porque você conseguiu praticar paciência em uma situação não significa que repetirá em todas as situações. Abraham encontrou incentivo ao se lembrar de que é impossível mudar nossos comportamentos imediatamente porque “não somos máquinas”. Com prática, a definição de intenções socioemocionais pode se tornar uma maneira de pensar que integramos em nossa rotina diária.

Agradecemos a Abraham Corona e a todos os educadores cujas experiências e percepções contribuíram para este artigo.


* Publicado originalmente em Edutopia e traduzido mediante autorização
© Edutopia.org; George Lucas Educational Foundation


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carreira, socioemocionais

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