Expedições engajam famílias e crianças durante quarentena - PORVIR
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Diário de Inovações

Expedições engajam famílias e crianças durante quarentena

Mesmo em um contexto de baixa conectividade, coordenadora de escola na Bahia conta como a tecnologia foi importante para manter contato com famílias e alunos durante aulas remotas

Parceria com CLOE

por Mara Paulina Novais Oliveira Brisotto ilustração relógio 16 de setembro de 2020

Após participar do curso sobre aprendizagem ativa ministrado pela educadora Letícia Lyle, bem no início da quarentena, comecei a experimentar a CLOE, que é uma plataforma de aprendizagem online, para realizar atividades remotas na escola Bento Freire (Chorrochó, Bahia), onde sou coordenadora. Tinha acesso a uma seção da ferramenta destinada às famílias, a qual apresentei às professoras como sugestão de recurso para nos ajudar a manter o vínculo com alunos.

Ao invés de disponibilizar essa parte da plataforma para as famílias, que não estão acostumadas com tecnologia, pedi aos professores que encaminhassem um roteiro impresso das atividades propostas na plataforma, enquanto o município não determinava oficialmente as aulas remotas. Conversamos com pais e responsáveis e explicamos que a parceria deles com a escola naquele momento seria importante para que os alunos continuassem estudando em casa.

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Entretanto, aquele período que achávamos que só ia durar 15 dias começou a se estender, até que o município resolveu aderir às aulas remotas. Fiquei muito perdida e assustada, sem saber como íamos fazer esse trabalho se não tínhamos experiência. Fiz um pedido para que a plataforma fosse disponibilizada integralmente gratuitamente, uma vez que o município não tinha condições de contratá-la.

Estudei todos os recursos porque, além de sermos uma escola pública, onde nem todo mundo tem celular e internet, muitos alunos moram na zona rural. Era preciso planejar ações para que a tecnologia não causasse exclusão. Por isso, mostrei aos professores como imprimir as expedições propostas pela CLOE, nome dado aos projetos educacionais que têm como ponto de partida problemas do mundo real, e enviar para os alunos.

As famílias também começaram a achar as atividades divertidas, porque saiu daquela coisa tradicional de escrita o tempo todo. É um processo de construção, que foi movimentando todo mundo. Quando trabalhávamos com livros, era algo fragmentado: um conteúdo aqui, outro ali. A plataforma propõe um trabalho interdisciplinar e mão na massa com as expedições, e não um “decoreba” como costumava ser no dia a dia.

Para trabalhar coordenação motora e agilidade, já passamos por uma expedição sobre arte circense com turmas de primeiro, segundo e terceiro ano do ensino fundamental 1. Para os quartos e quintos anos, fizemos uma adaptação de uma das expedições. Estamos no sertão e resolvemos adaptar uma história de bonecos para a literatura junina.

Outra atividade que foi muito interessante foi o boliche com os terceiros anos. As professoras incentivaram os próprios alunos a confeccionar o jogo e, depois, jogar com a família ou alguém de casa para trabalhar a contagem dos números e operações como soma e subtração.

Já na educação infantil, desenvolvemos uma atividade que chama Meu Baú de Tesourinho, que é dividida em uma sequência didática de oito aulas e, em cada uma, é apresentada uma canção popular e as professoras ensinam os movimentos às crianças. As professoras se caracterizaram para deixar a proposta mais animada e gravaram vídeos, que foram enviados aos estudantes via grupo de WhatsApp, ou imprimiram fotos para enviar junto com os roteiros.

A tecnologia foi realmente um divisor de águas porque permitiu a transformação na prática das professoras. Se elas não tivessem abraçado a causa, a mudança não seria possível. Foi preciso que acreditassem e confiassem, porque sabemos que, principalmente em escola pública e no interior, não existe o costume de utilizar ferramentas digitais. Aqui, as professoras apoiaram e se dedicaram e hoje estão mais à vontade para arriscar e inovar.

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CLOE

Mara Paulina Novais Oliveira Brisotto

É graduada em pedagogia, com curso de coordenação pedagógica e especializações em mídias na educação, gestão educacional e pedagogia histórico-crítica. Coordenou o Programa de Correção de Fluxo Escolar, Se Liga e Acelera Brasil do Instituto Ayrton Sena, no Município de Abaré (BA). Atualmente atua como coordenadora pedagógica na Escola Municipal Bento Freire de Souza, no município de Chorrochó, e é técnica da Secretaria Municipal de Educação de Abaré.

TAGS

aprendizagem ativa, aprendizagem baseada em projetos, coronavírus, educação mão na massa, engajamento familiar

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