Inscrições abertas para curso sobre desigualdades para secretarias de educação

Equipes técnicas de secretarias de educação de todas as regiões do país podem se inscrever na nova formação dedicada à redução das desigualdades educacionais. A iniciativa é oferecida pela Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do Instituto de Estudos Avançados Polo Ribeirão Preto da USP (Universidade de São Paulo), em parceria com o Instituto DACOR e o Mathema, com apoio da B3Social. A formação, gratuita, será totalmente online e síncrona, com encontros semanais às quintas-feiras, das 14h às 16h, a partir da primeira semana de setembro.

O objetivo do programa é ampliar o alcance e avançar no debate sobre políticas educacionais em prol da equidade, identificando caminhos de implementação eficaz. Não é necessário ter participado das edições anteriores para se inscrever. Para manifestar interesse, basta preencher o formulário disponível até 29 de agosto [neste link].

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“As diversas ações necessárias para a promoção da aprendizagem com qualidade são convergentes”, afirma Mozart Neves Ramos, titular da Cátedra. Ele ressalta que o uso de indicadores e a cultura de análise de dados ainda são desafios que dificultam a formulação de boas políticas públicas. Por isso, a Cátedra articula esforços e parcerias para apoiar as secretarias de educação a compreender melhor seus próprios indicadores e planejar políticas sistêmicas em prol da equidade.

“O Brasil não vai alcançar verdadeira equidade enquanto não acabarmos com as desigualdades educacionais com base racial. Ainda temos registros de práticas arraigadas no racismo e que prejudicam o desenvolvimento cognitivo e socioemocional de crianças e adolescentes negros, bem como sua permanência e sucesso escolares”, defendeu. “Ao mesmo tempo, nossos estudos mostram que o baixíssimo desempenho em Matemática é, hoje, um dos fatores mais relacionados com a desigualdade entre estudantes; a falta de letramento matemático tem consequências sérias em toda a trajetória escolar”, diz Mozart.

Como será a formação e quem pode participar

O público prioritário são os profissionais das próprias secretarias de educação, especialmente aqueles que atuam na gestão das redes. Esses técnicos desempenham papel central no desenho de políticas, currículos e formações para equipes escolares. Já há confirmação de participação de representantes de municípios e estados das cinco regiões do país com os quais a Cátedra mantém parceria: Rio Grande do Sul, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Alagoas e Belém (PA).

A estrutura da formação prevê uma trilha contínua de onze semanas, organizada em dois módulos: um sobre qualidade do ensino de matemática e outro sobre educação para as relações étnico-raciais (ERER). O participante pode optar por realizar apenas um módulo, com encontros quinzenais, ou ambos, com encontros semanais. O certificado de participação terá carga horária proporcional à escolha, chegando a 22 horas para os dois módulos.

Módulos reforçam importância do trabalho coletivo

“Estamos muito felizes em fortalecer esta iniciativa com a chegada do Mathema, que soma forças ao trabalho já desenvolvido com a Cátedra. No ano passado, demos o primeiro passo, apoiando os municípios na construção de seus planos de educação antirracista. Agora, queremos avançar, discutindo os desafios e estratégias para a implementação efetiva desses planos e trazendo casos de sucesso para inspirar os participantes”, comemora Vidal Mota Jr., diretor do Instituto DACOR.

Em 2024, o módulo voltado a parceiros da Cátedra destacou os impactos da falta de dados e informações para orientar ações contra a desigualdade educacional entre estudantes negros, indígenas, quilombolas e brancos. Um dos municípios parceiros, Cordeirópolis (SP), transformou em decreto municipal o plano de ação para a educação antirracista elaborado a partir da formação. Nesta edição, um dos diferenciais será o uso de uma plataforma digital com rubrica própria para agilizar a aplicação e a análise de políticas de equidade racial nos municípios. “Essa ferramenta permitirá diagnósticos mais precisos e o acompanhamento contínuo da evolução de cada rede”, explica Vidal.

Complementarmente, os encontros conduzidos pelo Mathema, instituição de referência em educação matemática, reforçam o papel das secretarias de educação na formulação e implementação de políticas estruturantes que assegurem o direito de aprender matemática com equidade. Atualmente, muitos estudantes apresentam dificuldades em habilidades matemáticas básicas, o que prejudica sua trajetória escolar e suas oportunidades futuras.

Para que essas políticas sejam efetivas e sustentáveis, é importante investir em estratégias que melhorem os indicadores e assegurem a continuidade das trajetórias escolares. Ao articular a matemática com competências socioemocionais, metodologias ativas e práticas pedagógicas eficazes, é possível construir um ambiente de aprendizagem mais significativo, favorecendo o avanço de todos os estudantes. O módulo também oferecerá subsídios para reflexão sobre os quatro elementos fundamentais da coerência pedagógica sistêmica: currículo, avaliação, materiais didáticos e formação docente.

“Essa abordagem busca garantir que todas as dimensões do processo educativo estejam alinhadas por objetivos comuns. A formação permitirá refletir sobre como esses componentes se articulam e impactam diretamente os resultados de aprendizagem”, afirma Cristiane Chica, diretora de Educação do Grupo Mathema. Os encontros se basearão em documentos oficiais, como o Pacto Nacional pela Recomposição das Aprendizagens, do MEC (Ministério da Educação), e oferecerão aportes teóricos e práticos para que as equipes realizem uma autoavaliação crítica.

Secretarias de educação interessadas em participar desta ou de outras iniciativas da Cátedra Sérgio Henrique Ferreira podem formalizar o interesse pelo e-mail catedraiearp@usp.br.

Mais informações estão disponíveis no site da Cátedra

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