"Enfrentamos desafios, mas não deixamos o brilho no olhar se apagar", diz vencedor do Educador Nota 10 - PORVIR
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Inovações em Educação

“Enfrentamos desafios, mas não deixamos o brilho no olhar se apagar”, diz vencedor do Educador Nota 10

Professor do sertão pernambucano transforma resíduos da mandioca em soluções sustentáveis e conquista o título de Educador do Ano

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 30 de outubro de 2025

Acostumado a ver seus alunos subirem ao palco para receber prêmios e aplausos, o professor Gustavo Santos Bezerra, da Escola Técnica Estadual Professor Paulo Freire, em Carnaíba, no Sertão do Pajeú (PE), desta vez foi quem ocupou o centro das atenções.

Na noite da última terça-feira (28), durante a cerimônia de premiação realizada na Pinacoteca de São Paulo, o educador foi anunciado duas vezes: conquistou o título de Educador do Ano e o primeiro lugar na Categoria Sustentabilidade da 27ª edição do Prêmio Educador Nota 10, promovido pelo Instituto SOMOS.

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Foram mais de 4 mil projetos inscritos, vindos de todas as regiões do Brasil. “É uma gratidão imensa receber esse reconhecimento pelo trabalho realizado na escola. Nós, professores, nos empenhamos a cada dia para fazer a diferença. Por meio dessa premiação, podemos acreditar na consagração de práticas educacionais que transformam vidas”, destacou o docente.

O projeto vencedor, “Dos resíduos aos recursos: proposta de reutilização dos subprodutos das casas de farinha do Quilombo do Caroá”, foi desenvolvido na disciplina “Construções e Invenções Sustentáveis”.

O professor orientou um grupo de estudantes do ensino médio a buscar soluções para o reaproveitamento de resíduos tóxicos, como a manipueira – resíduo líquido resultante da prensagem da mandioca durante o processo de fabricação da farinha ou da tapioca – e as cascas de mandioca, gerados nas casas de farinha da comunidade quilombola do Caroá, próxima à escola.

Baseado na abordagem STEAM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia, Artes e Matemática), o projeto envolveu todas as etapas de pesquisa científica: planos de trabalho, experimentos e protótipos que transformaram os subprodutos em blocos de construção, madeira ecológica, vinagre, filtros e outros derivados.

“Esse projeto foi muito especial porque envolveu toda a turma. Trabalhamos com 32 alunos, e desse processo nasceram seis iniciativas, que chegaram a feiras de ciências e conquistaram prêmios importantes”, conta Gustavo.

Perfil do ganhador

Filho de professora dos anos iniciais do ensino fundamental, Gustavo cresceu acompanhando bem de perto a rotina escolar e sonhando em seguir os mesmos passos. “Eu me inspirava nela e em outros educadores que marcaram minha trajetória escolar”, relembra.

Docente da rede estadual de Pernambuco desde 2017, ele leciona química e física e iniciou sua carreira logo após concluir o mestrado.

Com dedicação e sensibilidade, o professor encontrou na pesquisa científica e no STEAM uma forma de engajar os estudantes e de transformar o aprendizado em experiências reais de impacto social.

Entre os resultados, surgiu o Flitropinha, filtro sustentável à base de casca de pinha capaz de reduzir a carga poluente da manipueira. O projeto venceu o prêmio Solve for Tomorrow Brasil 2024, entre mais de 2,8 mil trabalhos inscritos.

Gustavo coleciona outras iniciativas de destaque. Ele também orientou o projeto EKOfraldas, sobre fraldas biodegradáveis, finalista do Solve for Tomorrow em 2023, e pesquisas de sustentabilidade que ganharam visibilidade em feiras nacionais e programas de TV.

Sua primeira grande repercussão aconteceu em 2020, com um projeto sobre reaproveitamento do óleo de cozinha usado para produção de biodiesel e plástico biodegradável, destacada no programa Caldeirão do Huck.

“Desde criança, eu tinha uma vontade imensa de participar de feiras de ciências, mas nunca tive essa oportunidade. Quando ingressei na carreira docente, trouxe comigo o desejo de proporcionar aos meus estudantes as possibilidades que eu não tive”, afirma.

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Conheça os vencedores da 27ª edição do Educador Nota 10 

Em 27 edições, o Prêmio Educador Nota 10 teve mais de 90 mil projetos inscritos e reconheceu 288 educadores, que receberam aproximadamente R$ 3 milhões em prêmios no total.

Além de Gustavo, a cerimônia de 2025 também premiou os ganhadores dos três eixos temáticos avaliados: Direitos Humanos, Sustentabilidade e Inovação e Tecnologia.

Os três primeiros colocados em cada categoria receberam prêmios de R$ 25 mil, R$ 20 mil e R$ 15 mil, além de bolsas integrais de pós-graduação no Singularidades e acesso à PROFS, plataforma de formação continuada da SOMOS Educação.

As escolas vencedoras em 1º lugar ganharam acesso à plataforma Redação Nota 1.000, e o grande vencedor também recebeu uma doação de R$ 25 mil para a escola onde o projeto foi desenvolvido.

Divulgação Helder Guastti, Educador Nota 10 de 2024, entrega o prêmio a Gustavo Santos


Sustentabilidade

Educador do Ano e 1º lugar na categoria: Gustavo Santos Bezerra, com o projeto “Dos resíduos aos recursos: proposta de reutilização dos subprodutos das casas de farinha do Quilombo do Caroá”.

2º lugar: Rafael César Costa Silva, da Escola Estadual Governador Milton Campos, de São João del-Rei (MG), com o projeto “Riscos em Perspectiva: o bairro Matosinhos em São João del-Rei (MG) em Maquetes”. Desenvolvido com alunos do 1º ano do ensino médio, integrou teoria e prática para promover a compreensão dos riscos urbanos e ambientais na região da escola, buscando contribuir para a formação de jovens conscientes e capazes de propor soluções para uma cidade mais segura e sustentável. Os alunos estudaram conceitos geográficos e construíram maquetes dos pontos de vulnerabilidade do território.

3º lugar: Marta Maria da Silva, da Creche Maria Anunciada de Arruda – Irmã Linda, de Paulista (PE), com o projeto “Mar de Descoberta”.  Desenvolvido com bebês, famílias e educadores, promoveu uma imersão sensorial no universo marinho. Inspirado em locais simbólicos da cidade da instituição, utilizou ambientações com tecidos, sons, livros e elementos naturais para estimular a curiosidade, o vínculo afetivo e o desenvolvimento integral das crianças.

Inovação e Tecnologia

1º lugar: Priscila Fabiana Rodrigues Terêncio, da Escola Estadual Ângelo Scarabucci, de Franca (SP), com o projeto “Chegadas e partidas: histórias que se conectam”. Alunos e professores resgataram histórias da escola e do bairro, produziram conteúdos midiáticos e um documentário. A iniciativa valorizou a cultura local, desmistificou estigmas sociais e consolidou a escola como espaço de criação, acolhimento e transformação social.

2º lugar: Jeyze Duarte Martins, da Escola Estadual de Ensino Médio Murumuru, de Monte Alegre (PA), com o projeto “Circuito de Atletismo”. Realizado pelos alunos do 3º ano do ensino médio, que organizaram e participaram de provas de corrida, salto e arremesso, atuando como árbitros e monitores. A iniciativa desenvolveu habilidades como liderança, comunicação e trabalho em equipe.

3º lugar: Claudia Amaral, da Escola Estadual Cásper Líbero, de Bragança Paulista (SP), com o projeto “Meu futuro nesta sociedade”.  Trouxe reflexões sobre pobreza, economia, educação financeira e empatia, com foco na formação cidadã e no protagonismo juvenil. Também promoveu o uso da língua inglesa, por meio de intercâmbio virtual com estudantes de uma escola americana.

Direitos Humanos

1º lugar: Renata Moura dos Santos, de São Paulo (SP), da Escola Municipal de Educação Infantil Parque Bologne – com o projeto “Pra ver se me enxergo!”. Buscou fortalecer a identidade das crianças e promover uma educação antirracista, apresentando referências artísticas negras periféricas, por meio de atividades culturais como leitura de livros, produção de maquetes e autorretratos. As crianças puderam se reconhecer, valorizar suas origens e refletir sobre a diversidade étnico-racial.

2º lugar: Maria Cristina Bezerra de Lima Castro, de João Dourado (BA), da Escola Municipal Professora Ida Bastos – com o projeto “Eu Vejo Você: o Clube da Leitura Antirracista”. Promoveu uma educação inclusiva e representativa para alunos negros e quilombolas. A iniciativa surgiu como resposta às recorrentes situações de racismo e bullying vivenciadas no ambiente escolar, buscando fortalecer a autoestima, o senso de pertencimento e a valorização da identidade desses estudantes. Com encontros semanais nas aulas de História, o clube promoveu a leitura e o debate de obras antirracistas, de autoria negra, criando um espaço seguro para o diálogo, a escuta ativa e o compartilhamento de experiências. 

3º lugar: Lidiane Silva Pereira dos Santos de São Paulo (SP), do Colégio Santa Cruz – com o projeto “Voz de levante das trabalhadoras domésticas, estudantes da EJA”  Teve como foco investigar e valorizar as experiências de trabalho vividas pelos estudantes da EJA (Educação de Jovens, Adultos e Idosos). Com a articulação entre leitura, produção escrita, oralidade e análise linguística, o projeto apresentou um currículo que prevê a elaboração de caminhos individuais e coletivos de emancipação para a classe trabalhadora.


*Com informações da Secretaria de Educação de Pernambuco


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empreendedorismo, prêmio, tecnologia

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