O papel do professor mediador na inovação dos processos de aprendizagem
Interlocutor entre os saberes diversos e os estudantes, o professor mediador ressignifica não só a aprendizagem, mas as relações dentro e fora do ambiente escolar
por Cecília Garcia
10 de novembro de 2025
A educação está em constante transformação e, com ela, o papel de quem ensina. Mais do que articular o processo de aprendizagem de crianças, jovens e adultos, o trabalho docente contemporâneo convida à reflexão sobre novas formas de ensinar e aprender.
No desejo de tornar o conhecimento mais significativo e sintonizado com os estudantes, a metodologia STEM (acrônimo em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática) convida o educador a se reinventar como um mediador entre conhecimentos disciplinares e a realidade da turma, incentivando o uso de habilidades analíticas para desenvolver desafios complexos.
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“Ser uma professora mediadora é cumprir o papel de intermediação entre conhecimento e o estudante, possibilitando que a aprendizagem aconteça de forma ativa, significativa e participativa”, declara a professora declara a educadora Alba de Delgado. “Minha função não é só transmitir informação, mas sim orientar e facilitar que os estudantes construam seu próprio conhecimento a partir da relação ensino-aprendizagem”, afirma.
Alba é professora mediadora do projeto Megaton Plants. Direto do Panamá, a iniciativa é finalista da edição de 2023 do programa Solve for Tomorrow, desenvolvido pela Samsung com parceria técnica do Porvir.
Experiências como essa mostram como há um deslocamento de protagonismo dentro do ambiente educativo quando o professor assume o papel de mediação. Longe de ser um detentor de conhecimentos, o educador recua e dá espaço para que os estudantes encontrem sua maneira de aprender.
No Brasil, o professor Geovane Muniz, mediador do projeto Produção de biogás e biofertilizante, também finalista da edição Solve for Tomorrow Brasil 2023, assim descreve sua vivência: “O papel de mediação foi importante para incentivar os alunos a identificar o problema, que no nosso caso foi a proliferação da planta aguapé nas lagoas da região [Penalva – Maranhão, e como transformar essa biomassa em combustível. Eu agi como guia científico e técnico, garantindo que os estudantes chegassem às suas próprias conclusões nessa prática de fazer e errar, para que eles pudessem ter autonomia e desenvolvessem seu protagonismo”.
Se o papel do professor se altera, os equipamentos e os agentes ao seu redor precisam se transformar. A mediação ajuda a reconhecer a coletividade envolvida no processo de aprendizagem, que só terá significado no coletivo, quando o corpo docente, a escola, a sociedade civil e o território estiverem trabalhando juntos.
“Pensando nos projetos STEM, os desafios estão na falta de tempo para planejar, as infraestruturas inadequadas e também a resistência às metodologias ativas. A escola pode superar isso com formação continuada, recursos e infraestrutura tecnológica, e também abrindo-se para a comunidade. Isso ainda é muito tímido no Brasil”, comenta o professor Geovane.
A professora Alba corrobora com a opinião. “A articulação entre a escola e a sociedade civil é fundamental para um ambiente ou plataforma educativa mais aberta, participativa e inovadora”, reforça. De acordo com a educadora, essas alianças permitem que a educação responda melhor às necessidades reais da comunidade e que os desafios docentes como a falta de recurso, o isolamento e a rigidez institucional sejam abordados de forma coletiva.
Foi justamente o que aconteceu no Megaton Plants, projeto mediado por Alba que propôs a criação de um sistema de irrigação inteligente. Para construir o protótipo e fazer os testes, as famílias permitiram a permanência dos estudantes fora do horário escolar. O apoio da escola, que já oferecia aulas de robótica e programação, também foi fundamental.
Para ambos os educadores, o professor mediador ainda traz luz à ideia de que o espaço escolar não é um lugar onde só educador ensina e a aluno aprende: “Quando o professor deixa de ser apenas um transmissor de conteúdos e passa a ser um mediador da aprendizagem, a sala de aula se transforma em um espaço de troca, onde docentes e estudantes aprendem uns com os outros”, conclui Alba.
Para conhecer mais sobre os projetos STEM e como o professor mediador tem um papel crucial no desenvolvimento deste tipo de metodologia ativa, acesse as práticas inspiradoras da plataforma Solve for Tomorrow.
Sobre o Solve for Tomorrow Latam
O conteúdo da plataforma Solve for Tomorrow Latam é coordenado e produzido pela Agência de Soluções do Porvir e voltado à rede de educadores de todos os países da América Latina. O Solve for Tomorrow é um programa global da Samsung que estimula estudantes a encontrar soluções para problemas reais de suas comunidades, além de reconhecer os professores que mediam esse conhecimento.
Disponível em português, inglês e espanhol, a plataforma oferece uma coleção abrangente de referências e práticas pedagógicas inspiradoras em educação STEM (Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática). O material é fruto das experiências de educadores que participaram do Samsung Solve for Tomorrow nos últimos 10 anos, compartilhando projetos inovadores realizados em escolas públicas da América Latina.






