Campanha #odiaseguinte traz propostas para a educação
O que os manifestantes podem fazer de concreto para melhorar a educação brasileira? Chegaram as primeiras respostas
por Redação 27 de junho de 2013
O Porvir lançou a pergunta: o que de concreto o movimento e as pessoas que estão nas ruas das nossas cidades podem fazer para melhorar a educação brasileira? O convite à reflexão foi respondido por dezenas de leitores pelo grupo no Facebook #odiaseguinte e por comentários na rede. Nós estamos reunindo as sugestões de participação por tema e trazemos aqui um primeiro apanhado de ideias, numa compilação que inclui temas como acompanhamento de comissões que discutem educação, valorização e melhoria da formação dos professores e criação de mecanismos que promovam a participação da comunidade. Confira as sugestões com os comentários da redação e não deixe de continuar contribuindo, seja por aqui, pelo Facebook do Porvir ou pela página da campanha.
Participação na Conae
“Vale a pena se informar sobre a Conae (Conferência Nacional de Educação), um espaço democrático aberto pelo poder público para que todos possam participar do desenvolvimento da educação nacional) e incluir propostas para a educação. As etapas municipais e intermunicipais já começam em várias cidades em julho”, Ronaldo Lps.
Nota: Em sua segunda edição, a Conae, realizada de 17 a 21 de fevereiro de 2014, em Brasília. Nela serão elaboradas propostas para ajudar estados e municípios a implementar o PNE (Plano Nacional de Educação). Antes do evento nacional, porém, discussões já estão ocorrendo nos estados e nos municípios. De acordo com o documento-referência, “a Conae será um espaço democrático de construção de acordos entre atores sociais, que, expressando valores e posições diferenciados sobre os aspectos culturais, políticos, econômicos, apontará renovadas perspectivas para a organização da educação nacional e a consolidação do novo PNE”. A primeira Conae ocorreu em 2010 e ajudou na elaboração do PNE (Plano Nacional de Educação), agora em discussão.
Transparência nos gastos
“Transparência total das contas. Simplificar tudo, de forma que o cidadão possa acompanhar os gastos com a educação”, Verena Strauss
Nota: A reivindicação por transparência nos gastos ganha um eco ainda maior agora que o orçamento público destinado à educação praticamente dobra com a meta do PNE que determina que 10% do PIB sejam destinados à educação. Nesta semana, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 5.500/2013 que destina 75% dos royalties do petróleo para a educação e os 25% restantes para a área da saúde.
Aprovação do PNE
“Precisamos pressionar o Congresso Nacional para aprovar o PNE (Plano Nacional de Educação)”, Anna Penido, diretora do Inspirare
Nota: Em tramitação no Congresso, o PNE apresenta dez diretrizes e 20 metas a serem alcançadas até 2020, seguidas das estratégias específicas de concretização. O texto prevê formas de a sociedade monitorar e cobrar cada uma das conquistas previstas. Entre as metas estão a universalização do atendimento escolar das crianças de 4 e 5 anos até 2016 e oferecer educação integral em metade das escolas.
Educação integral
“A escola deve ser um ambiente de convivência entre professores, alunos e pais, ou seja, deve ser um ambiente de promoção de arte e cultura totalmente integrado à comunidade”, Enedina Souza.
Nota: Muitos projetos de educação integral que existem no Brasil acreditam fortemente na importância de aproximar pais e comunidade da escola. (Leia mais aqui). Entre as metas do PNE, em tramitação no Congresso, está a de que 50% das escolas de educação básica do país se tornem escolas de tempo integral.
Fiscalização
“Criar um grande grupo de pessoas em que todos os dias 5 a 10 comparecerão às sessões da Câmara, do Senado, e fiscalizarão cada decisão de cada político, divulgando na internet para acesso de todos”, Paulo Athayde Vilela.
Nota: É possível acompanhar as sessões da Câmara presencialmente, pela internet, via rádio ou pela TV Câmara. No Senado, também é possível assistir às sessões públicas presencialmente, pela internet, via rádio ou pela TV Câmara. Aos interessados em acompanhar os votos de seu deputado ou senador, ou ainda votar em projetos de lei e comparar os resultados com outros políticos, vale buscar por plataformas como Votenaweb.
Formação e valorização do professor
“‘Abraçar’ os profissionais da educação, valorizando e apoiando a melhoria de seu trabalho. Aqui vejo que seria muito importante melhorar (e muito!) os salários deles e aplicar uma reforma total no conteúdo passado aos nossos pequenos. Não só oferecer, mas também exigir destes profissionais que passem por uma reciclagem pedagógica”, Verena Strauss.
“Pensar e promover uma educação em direitos humanos, bem como exigir um fortalecimento no trabalho docente por meio de formação inicial e continuada e sobretudo um salário decente”, Everaldo Simões.
“Temos que começar valorizando o professor com salários dignos e capacitação adequada. Essa capacitação deve ser no sentido de formar indivíduos pensantes preparados para as constantes mudanças que acontecem no mundo”, Enedina Souza.
“Criação de escolas de formação de professores em cada município brasileiro, para que seja garantida a formação continuada em serviço. O horário para o planejamento das aulas pode ser utilizado para formação”, Heloisa Mesquita.
Nota: A lei nº 11.738, de 2008, instituiu o piso nacional para professores da educação básica, que, com as correções anuais, está em R$ 1.567 para 40 horas semanais. Apesar de previsto em lei, até hoje muitos estados ainda não conseguiram organizar as finanças para cumprir a determinação. Também o PNE dedica ao menos quatro de suas metas, da 15 até a 18, para definir metas que melhorem a qualidade da formação dos professores e suas condições de trabalho. A meta 15, por exemplo, defende a criação de uma política nacional de formação de professores; a 16 dispõe sobre formação continuada; a 17 fala de equiparar os rendimentos do professor com outros profissionais de formação semelhante no mercado, valorizando a carreira; e a 18, sobre a criação do plano de carreira e o respeito à lei do piso.
Novos modelos pedagógicos
“Instalar uma nova pedagogia na formação inicial e continuada dos professores. Podemos nos inspirar em Sumerhill ou na Escola da Ponte, por exemplo. Aqui mesmo no Brasil, em Goiânia, temos a Escola Casa Verde. Viralizar esta pedagogia na cabeça das pessoas implica um novo paradigma de mundo. Pra isso, é claro, mais investimento, e aplicação melhor”, Jonathas de Sant’Ana.
“Mudar a didática, passando a iniciativa do aprendizado para os alunos, ensinando-os a estudar os conteúdos e compartilhar o que aprenderam ou não”, Fábio C. Ribeiro Mendes.
“Essa escola focada [em ensinar só matemática, história, geografia etc] se integraria a circuitos de educação complementar, com artes, esportes, exercícios criativos, educomunicação. Esses conteúdos dialogam com a educação, mas estão fora da escola, que tem foco no ensino dos conteúdos basilares”, Rachel Mello.
“Mudar o sistema e dar mais valor as artes como a música, a dança! Desenvolver o amor ao próximo assim como a matemática e línguas…”, Carmen Cecilia Woldmar.
Nota: Muitos dos especialistas entrevistados pelo Porvir defendem que modelos de escolas que apostam na personalização do ensino, na autonomia dos alunos, estão mais alinhados com as chamadas competências para o século 21. (Leia algumas das matérias que falam sobre personalização, escolas democráticas, competências para o século 21, tendências em educação).