Fundo Malala inicia seus trabalhos no Paquistão
Criada em 2012, a organização firmou acordo de US$7 milhões com a Unesco para melhorar o acesso de educação para meninas
por Vinícius Bopprê 18 de fevereiro de 2014
Parece mesmo que, depois de tantas reviravoltas, a luta da garota paquistanesa Malala Yousafzai está só no começo. Depois da criação do Fundo Malala – organização que luta pela educação e inclusão das mulheres –, em dezembro de 2012, chegou a hora de colocar a mão na massa. A diretora geral da Unesco e o ministro da educação do Paquistão assinaram um acordo para ampliar o acesso e melhorar a qualidade de aprendizagem para as meninas de áreas remotas do país.
O acordo, de US$7 milhões, foi anunciado no começo do mês e deve se concentrar no apoio de projetos para educação formal e informal, desde a formação dos professores até a sensibilização das comunidades para apoiar a educação das meninas. “A educação das meninas é uma das forças mais poderosas para a dignidade humana. É uma questão de diretos humanos e uma estratégia inovadora para o desenvolvimento humano e da paz. Não há melhor investimento a longo prazo do que promover a inclusão social e o crescimento econômico”, disse o diretora geral Irina Bokova.
Segundo a Unesco, a decisão marca o lançamento de uma fase operacional como parte da parceria firmada em dezembro 2012, quando a organização e o governo do país anunciaram a criação do Fundo Malala. “O Paquistão tem 3,8 milhões de meninas fora da escola, enquanto aquelas que estudam são mais propensas a abandonar do que os rapazes. Hoje, a disparidade de gênero entre meninos e meninas no acesso à educação primária é de 10%. Com o programa do Fundo temos a intenção de reduzir a distância para 5% em 3 anos”, afirmou o ministro Balighur Rehman.
Durante o Fórum Nacional sobre o Direito à Educação das Meninas – evento em que o compromisso foi anunciado –, Rehman também destacou as medidas tomadas pelo governo para acelerar o progresso do programa. Entre elas estão a adoção de educação gratuita e obrigatória todas as crianças de 5 a 16 anos, o aumento com os gastos de educação de 2% para 4% do PIB, além do desenvolvimento de um plano nacional de ação para definir iniciativas específicas.
“A educação no mundo de hoje não é uma escolha, mas um direito fundamental de toda criança. O governo é responsável moralmente, eticamente e constitucionalmente para proporcionar educação para todas as crianças, independentemente de credo ou sexo”, completou o ministro.
Durante o fórum, que também contou com a participação da ONU, grupos da sociedade civil, especialistas e doadores, a ênfase foi dada para a mudança de atitudes, formação de professores e segurança nas escolas, principalmente nas áreas rurais. “O compromisso das famílias e líderes locais , incluindo líderes religiosos , é essencial para convencer a todos de que a educação é o melhor investimento para o futuro”, disse Bokova.