Mestrado forma especialistas em educação e museus
Curso on-line, da Universidade de Murcia, na Espanha, prepara profissionais para transformar os museus em espaços educativos
por Vagner de Alencar 18 de junho de 2012
Formar especialistas que queiram unir conhecimentos sobre museus e educação sem que eles precisem colocar os pés na faculdade. Esta é a proposta do mestrado on-line, de quatro anos, sobre educação e museus: patrimônio, identidade e mediação cultural, oferecido pela Universidade de Murcia, na Espanha.
O curso pretende gabaritar profissionais para que atuem não simplesmente como teóricos, mas, sobretudo, como educadores e mediadores culturais. Entre os temas desenvolvidos estão desafios como melhorar a acessibilidade, atrair diferentes públicos e transformar os museus em espaços educativos. (Desafios que o secretário da cultura de São Paulo, Marcelo Araújo, também apontou em entrevista ao Porvir).
O curso é inteiramente on-line, por meio de uma plataforma interativa chamada Aula Virtual. Apenas o trabalho de conclusão de curso precisa ser defendido presencialmente na universidade. Para assistir as aulas, alunos se cadastram no site e passam por um breve curso que ensina a usar a ferramenta. O conteúdo do mestrado é transmitido de diferentes formas, por meio de conferências virtuais, fóruns, chats e podcasts.
Em 2011, o mestrado obteve menção honrosa no prêmio TWSIA (Teaching With Sakai Innovation Award) em reconhecimento às inovações propostas pela plataforma de e-learning criada para o curso. “Conseguimos desenhar uma interface intuitiva, que provoca a construção do aprendizado, o desenvolvimento da criatividade e do pensamento crítico”, afirmou a coordenadora da pós, Rosa María Avilés Hervás. “O ensino on-line permite agregar valor a um mestrado internacional como este e nos leva a mais pessoas.”
Currículo
O plano de estudos do mestrado inclui desde conhecimentos sobre museologia e gestão do patrimônio até conteúdos que facilitem a vida do futuro profissional. Os alunos aprendem como criar espaços educativos nos museus, adquirem competências na área de turismo, desenvolvimento local e patrimônio e ainda se tornam educadores e mediadores culturais.
Segundo a coordenadora, a proposta da pós-graduação surgiu a partir da carência de cursos que unam educação e museu, tanto na América Latina quanto na Espanha. O curso nasceu por meio de uma cooperação entre o Ministério de Relações Exteriores da Espanha e a AECID (Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento).
Para Rosa, é necessário trabalhar a visão integral do patrimônio natural e cultural de forma mais vinculada aos departamentos educativos e de ação cultural dos museus. “É preciso que os museus sejam lugares nos quais a pesquisa propicie propostas inovadoras. Na Espanha, como em outros lugares do mundo, existem museus maravilhosos, mas que não conseguem se conectar com o público. Por conta disso, é preciso haver uma formação específica de profissionais atrelados aos departamentos educativos dos museus.”
Museus
No Brasil, ainda não existem cursos de pós-graduação que integrem o estudo dos museus diretamente com a educação. Neste ano, a USP (Universidade de São Paulo) lançou a segunda pós em museologia do país, com dois focos: teoria e método do processo de gestão de patrimônios e os museus ou a história dos processos museológicos, coleções e acervos. Até o ano pasado, apenas a Unirio (Universidade do Rio de Janeiro) oferecia uma pós nessa área.
Na Espanha, outras faculdades trabalham conteúdos vinculados aos museus, ao patrimônio e à museologia. Um deles é o mestrado em museus: educação e comunicação, na Universidade de Zaragoza, ou ainda o mestrado em arquitetura e patrimônio artístico, da Universidade de Huelva.
O mestrado on-line é pago – mas é possível pleitear bolsas – e tem a mesma duração de um curso de graduação presencial. Atualmente, 26 alunos fazem o curso.