Projeto de educação integral irá representar o Brasil no SXSW EDU 2018
A iniciativa desenvolvida em escolas de ensino médio de Santa Catarina será apresentada durante o evento, que acontece entre 5 e 8 de março, no Texas (EUA)
por Marina Lopes 1 de março de 2018
Um projeto brasileiro de educação integral no ensino médio será o único representante do país no SXSW EDU 2018, conhecido como um dos maiores eventos sobre inovação em educação do mundo. Durante o encontro, que acontecem entre 5 e 8 de março, no Texas (EUA), será apresentada a experiência de implementação de novas práticas pedagógicas, estratégias de gestão e acompanhamento em escolas da rede pública de Santa Catarina.
Com foco no protagonismo dos estudantes e no desenvolvimento de competências para o século 21, o projeto foi desenvolvido pelo Instituto Ayrton Senna em parceria com a Secretaria de Estado da Educação de Santa Catarina, contando ainda com o apoio do Instituto Natura, do Movimento Santa Catarina pela Educação, da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e da FIESC (Federação das Indústrias do Estado de Santa Catarina).
Educação Integral no Porvir
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O projeto é inspirado no modelo pedagógico do Colégio Estadual Chico Anysio, no Rio de Janeiro (RJ), que apostou na educação integral para combater o desinteresse dos alunos pelos estudos e aproximar a escola da vida real. “Um dos princípios da proposta é o protagonismo juvenil. Todas ações são pautadas no olhar para o jovem como um ator central do processo”, sugere Rita Carmona, gerente de projetos do Instituto Ayrton Senna e uma das responsáveis pela apresentação da experiência brasileira no SXSW EDU 2018, em um painel que será realizado no dia 5 de março.
A partir da experiências e dos resultados na elaboração de uma proposta de educação integral para o ensino médio no Rio de Janeiro, o projeto foi escalado para 15 escolas da rede pública de Santa Catarina. “A gente traz essa expertise de implantação do Chico Anysio, mas tem um contexto de desenvolvimento”, explica Rita, ao mencionar que, apesar de manter alguns pilares da proposta, os cadernos de sistematização, materiais de formação e mecanismos de acompanhamento das equipes pedagógicas foram pensados conforme a realidade local.
Destaque para o desenvolvimento de competências
A proposta implementada nas escolas busca associar a aprendizagem das disciplinas ao desenvolvimento de competências, como colaboração, responsabilidades e abertura para o novo. Tanto professores quanto alunos recebem materiais estruturados para orientar percurso de formação. “A gente diz que esse material é uma oportunidade formativa. Ele funciona como um convite para o professor experimentar uma nova forma de dar aula”, comenta.
Além dos componentes curriculares tradicionais, organizados por áreas de conhecimento, o projeto também sugere a desenvolvimento de um núcleo articulador nas escolas, que trabalha com os jovens alguns pontos como projeto de vida, pesquisa, intervenção e orientação dos estudantes. “Esses componentes também trazem uma cara nova para a escola. Os alunos saem de uma ótica de turmas e são agrupados por temas de interesse ou por um professor orientador”, conta Rita, ao mencionar que isso aumenta o engajamento dos estudantes.
Para garantir que as escolas consigam estimular o desenvolvimento integral dos alunos, nas suas dimensões intelectual, emocional, cultural, física e social, o projeto também investe em formação de professores e gestores. “O grande eixo de atuação do Instituto vai em uma linha de formação dos atores envolvidos com as escolas”, completa. Com foco na formação em serviço, são realizadas visitas frequentes à secretaria de educação, gerências regionais e escolas.
Resultados
Implementada desde 2017 na rede pública de Santa Catarina, apesar de ainda não ter passado por uma análise de impacto, a nova proposta de ensino médio integral já começou a apresentar alguns resultados efetivos de aprendizagem: as escolas apresentam um desempenho em matemática 9,4% superior ao de outras que não aderiram ao modelo, enquanto português registrou um ganho 12,3%.
“Em termos de aprendizagem e diminuição da reprovação, conseguimos alguns resultados interessantes”, destaca Rita. Ao trazer a voz dos estudantes para as escolas, ela também afirma que é possível notar uma maior mobilização dos jovens. “Eles identificam que estão avançando em algumas competências, como de autoconhecimento e comunicação. Existem muitos relatos de como alguns eram tímidos e agora conseguem se soltar, que não gostavam da escola e agora gostam.”