App identifica as dificuldades de leitura antes que seja tarde
Pesquisadora de Harvard quer usar a tecnologia para ajudar crianças com transtornos de leitura e facilitar a criação de mecanismos de apoio a educadores, pais e profissionais
por Grace Tatter, do Usable Knowledge 28 de novembro de 2018
Uma equipe de pesquisadores do Hospital Infantil de Boston está se preparando para lançar um aplicativo que poderia ajudar a identificar precocemente os alunos com risco de apresentar dificuldade de leitura, colocando-os em um caminho para alcançar seu potencial, em vez de sofrer por anos sem o devido apoio.
Para obter ajuda com dislexia ou outras deficiências significativas de leitura, uma criança muitas vezes tem que tentar e fracassar por vários anos antes de receber um diagnóstico oficial. Só então, depois de perder oportunidades para intervenção efetiva, elas obtêm o apoio necessário para seus desafios específicos.
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As consequências desse tempo perdido são sérias: os alunos que ficam abaixo do nível de leitura esperado para sua série correm o risco de ter problemas como baixa autoestima e falta de motivação acadêmica que podem continuar a atormentá-los até a idade adulta, entre outros desafios.
Mas não tem que ser assim. As escolas podem fazer a avaliação das crianças antes que elas consigam ler, para ver quem pode estar em risco de manifestar dificuldades de leitura, incluindo a dislexia. Com essa informação em mãos, os educadores começam a ajudar os alunos em risco no educação infantil, em vez de esperar que eles tenham dificuldades. É por isso que a Assembleia de Massachusetts aprovou uma lei no mês passado que exige que o estado desenvolva protocolos de avaliação para a dislexia.
Com o novo aplicativo, chamado Lexosaurus, esse trabalho para identificar o risco de desenvolver dificuldades de leitura pode ser rápido, fácil e divertido para as crianças, diz Nadine Gaab, pesquisadora e integrante do corpo docente da Escola de Medicina e da Escola de Educação da Universidade de Harvard. Gaab criou o aplicativo com o Innovation and Digital Health Accelerator, uma aceleradora de inovação dentro do Hospital Infantil de Boston.
“O objetivo é identificar, com alto grau de especificidade, todas as crianças que enfrentam dificuldade com a leitura, independentemente das causas, o mais cedo possível, e dar apoio a educadores, pais e profissionais de saúde por meio de uma abordagem fácil de usar e uma plataforma acessível ”, diz Gaab.
Como o aplicativo funciona
Guiadas por um pássaro simpático, as crianças passam por uma variedade de desafios enquanto viajam por um parque virtual, conhecendo outros animais ao longo do caminho, como um jacaré motorista de ônibus e um urso polar que vende sorvete. Enquanto fazem isso, elas são avaliadas em seis etapas iniciais de alfabetização que as pesquisas de Gaab mostram como críticas para o sucesso inicial da leitura:
– Consciência fonológica (a capacidade de manipular os sons da linguagem)
– Memória fonológica de curto prazo
– Nomeação rápida e automatizada
– Conhecimento de nomes de letras e os sons que eles fazem
– Vocabulário
– Compreensão auditiva e oral
Um relatório de pontuação informa educadores, pais ou outros profissionais de saúde, como pediatras e fonoaudiólogos, sobre quais componentes as crianças correm risco de ter mais dificuldade quando já souberem ler. Se as crianças continuarem jogando ao longo do ano letivo, adultos podem ver onde elas progrediram e se novos desafios se apresentam à medida que suas habilidades de pré-leitura e leitura se desenvolvem.
Mais que uma avaliação
Mas o aplicativo não é dedicado apenas à identificação de desafios. Ele também apresenta aos adultos recursos baseados em pesquisas, ou para o que os especialistas chamam de “respostas baseadas em evidências para a análise”, com o objetivo de ajudar a abordar os pontos fracos antes que a instrução de leitura comece.
* Publicado originalmente em www.gse.harvard.edu/uk
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