Professora usa QR Code para expor trabalhos da educação infantil
A partir da ideia de estimular vivências lúdicas, crianças exploram folhas, galhos, pedras, flores, areia, argila e água
por Tanymara Paganelli 13 de fevereiro de 2019
Sou professora da educação infantil e desenvolvi o projeto “Um brinquedo chamado natureza” a partir de duas necessidades básicas: apresentar uma proposta inédita para a mostra de trabalhos e encontrar uma série de vivências lúdicas que pudessem estimular o equilíbrio interno e o autocontrole das crianças como um todo. A ideia era permitir aos alunos “extravasar” emoções, perceber o outro e se acalmar por meio de brincadeiras e atividades.
O projeto em sua totalidade é bastante singelo. Seu foco principal é oferecer às crianças a possibilidade de vivenciar e explorar, desaceleradamente, elementos da natureza. Realizamos atividades e brincadeiras com folhas, galhos, pedras, flores, areia, argila e água, sempre respeitando a curiosidade e ritmo dos alunos. Por exemplo, tocar na argila causou estranheza e resistência por parte de alguns.
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– Veja a apresentação completa da professora Tanymara Paganelli
Ao pensar na forma como expor o trabalho, pensei que não fazia sentido falar da natureza e em seguida imprimir inúmeras fotos e papéis, que depois da exposição acabariam indo para o lixo. Deste modo, a inovação do projeto ficou por conta da forma como optamos por compartilhá-lo com os pais e a comunidade escolar: utilizando as ferramentas digitais QR CODE (disponível em diferentes aplicativos, inclusive nativos da câmera do celular ou tablet) e Microsoft Sway.
O QR CODE é um código de barras bidimensional que pode ser facilmente escaneado utilizando a câmera do celular. Este código é convertido em texto, neste caso, um endereço URL, que direcionava para a página do nosso projeto. Já o Sway é um programa de apresentação que faz parte do pacote Office. É um aplicativo digital para criar apresentações (entre outros) de modo intuitivo.
A ideia de utilizar estas duas ferramentas tinha como objetivo permitir que os pais e a comunidade escolar pudessem ver com detalhe como foi o processo de construção das produções (modelagens com argila, mandala de folhas, pintura com água e sabão, pinhas, bonecos de alpiste, etc.). No entanto, com este formato, conseguimos alcançar muito mais. Desde pais que não puderam visitar a Mostra de Trabalhos naquele dia até avós e outros familiares que mesmo longe puderam vivenciar junto com a criança suas aprendizagens.
Houve, sim, pais resistentes às tecnologias sugeridas, famílias que seus celulares não liam QR CODE, visitantes que acharam que havia poucas fotos impressas do processo, e dificuldade em fazer tudo funcionar em todos os celulares. No entanto, o entusiasmo e a colaboração foram mais fortes.
E quando avaliamos os resultados: famílias cientes e engajadas nas atividades da criança, desde o início até sua produção final, pais que relataram alegria por terem este acesso ao processo todo facilitado e crianças empolgadas porque a mãe comprou argila para brincarem juntos em casa. Percebemos que vale a pena arriscar e inserir novas tecnologias inovando a forma de compartilhar, não apenas os resultados, mas também o processo, pois na educação infantil é na caminhada, nas tentativas e nos recomeços que percebemos a evolução das crianças.
Tanymara Paganelli
Professora de educação infantil, com pós-graduação em alfabetização e letramento para educação infantil e séries iniciais. Atuou por oito anos na rede privada de ensino, vivenciou desde a sala de aula até as funções de gestão escolar, área que tem um apreço enorme. Hoje, tem se desafiado na rede pública de ensino e sempre pesquisando.