Maioria dos professores recomendaria a carreira aos jovens. E você?
Pesquisa Datafolha/Fundação Lemann traz a visão de docentes sobre valorização, uso de tecnologia e infraestrutura das escolas
por Redação 5 de maio de 2022
Apesar de todas as dificuldades nos últimos dois anos de pandemia com sobrecarga de trabalho, falta de apoio e dificuldades relacionadas à saúde mental, a maior parte dos professores da rede pública de ensino afirmaram que indicariam a profissão aos jovens: em uma escala de 0 a 10, a recomendação da carreira de professor para um jovem teve média de 7,1 para 50% dos profissionais, enquanto 23% deles deram nota de 9 a 10.
Os dados constam na pesquisa “Percepção dos Professores sobre Educação”, realizada a pedido da Fundação Lemann, com mais de mil docentes de todas as regiões do país. Por mais que tenham havido manifestações de apoio ao trabalho de professores durante o período de suspensão de aulas presenciais, o reconhecimento ainda não é percebido de fato. A sondagem mostrou que 74% dos professores consideram que a profissão não é valorizada pelos brasileiros e 41% dizem que a rotina não é equilibrada. Porém, 97% dizem que gostam de ser professores e 91% se sentem preparados para os desafios em sala de aula
Ao serem perguntados sobre quais mudanças fariam se fossem secretários de educação, 64% responderam “valorização profissional”, seguido de “melhoria de infraestrutura” (40%) e “capacitação/formação” (28%). “É fundamental que a população celebre esses profissionais, cujos esforços e dedicação na pandemia foram percebidos pelas famílias em geral. Em uma pesquisa que fizemos em parceria com Itaú Social, Fundação Lemann e BID, 89% dos pais e responsáveis reconheciam a importância dos docentes e diziam que têm um trabalho que exige mais preparo do que imaginavam antes da pandemia”, diz Daniel de Bonis, diretor de projetos da Fundação Lemann.
Escolha da profissão
Na pesquisa “Percepção dos Professores sobre Educação”, a maioria deles disse que a docência foi a primeira opção de carreira (58%), sendo que 36% a escolheram pela satisfação em ensinar, 19% por gostar do trabalho com crianças e jovens e 12% para ter um emprego mais estável. Apenas 10% responderam por ter facilidade em fazer uma faculdade e 10% por falta de outras opções.
Outro dado importante demonstrado é a falta de preparo, na formação inicial, para dar conta das novas tecnologias educacionais: 54% disseram não terem tido essa capacitação. Esse é um ponto apontado em outras pesquisas que dificulta o avanço da tecnologia nas escolas. Após o período de aulas remotas, em que muitos professores tiveram um primeiro contato com recursos digitais, ter um programa consistente de formação continuada é essencial para que professores consigam virar a chave do modo “emergência” para outro, mais robusto, que os permita tirar da frente o trabalho repetitivo e impactar a aprendizagem.
Conectividade x professores
Só que continuar a aproveitar a tecnologia em sala de aula não depende apenas dos professores. A pesquisa revelou também que 98% dos docentes concordam que é imprescindível, nesse momento de volta às aulas, ter escolas conectadas à internet e 93% disseram que deve ser uma das prioridades para uma boa infraestrutura escolar. Eles também afirmaram que a conexão à internet torna a escola mais atraente para os estudantes (96%).
Mesmo com a evidente importância de conectar as escolas, a pesquisa com professores mostra que 15% deles continuam sem acesso à internet na escola em que trabalham.
E, apesar de 85% deles estarem conectados, apenas 22% consideram que a velocidade da rede é adequada para o ensino híbrido e, como consequência, uma maior diversificação das estratégias didáticas. Essa situação melhorou se compararmos com o cenário de outubro de 2020 mostrado por outra pesquisa Datafolha, encomendada pela Fundação Lemann, quando 71% dos professores disseram que possuíam internet e 16% a consideravam adequada, respectivamente.
Atualmente, os docentes se sentem mais à vontade com o uso da internet: 47% dizem estar muito preparados para usar tecnologia em aulas presenciais. Esse número aumentou 8 pontos percentuais em relação a outubro de 2020 (39%).