A gamificação como apoio à inclusão de alunos com autismo na escola
Estudo da USP mostra como o uso de uma plataforma gamificada pode promover estímulos educacionais e aumentar o engajamento de crianças com autismo
por Fernanda Real - Jornal da USP 31 de janeiro de 2023
Um estudo do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (Universidade de São Paulo) alia o uso da prática de Ensino por Tentativa Discreta (DTT) para melhorar a aprendizagem e aumentar o engajamento de crianças com autismo em sala de aula. O projeto utiliza uma plataforma gamificada para promover a prática às respostas e aos estímulos educacionais, por meio da repetição e reforço.
As intervenções digitais para crianças com autismo são comprovadas e comumente utilizadas. Foi por meio da observação dos estudos de casos, em conjunto com a incorporação da tecnologia, que foi possível desenvolver a plataforma gamificada (confira o vídeo do protótipo).
Os protótipos Memória Visual e Intervenção, desenvolvidos durante a pesquisa, funcionam da seguinte forma: são feitas perguntas aos alunos e, com base na resposta obtida, há um retorno positivo, independentemente do acerto ou erro. A pesquisadora responsável pela pesquisa, Laíza Ribeiro Silva, do ICMC-USP, explica como é o processo: “Se o aluno clica na resposta correta, ele vai receber um reforço positivo. Mas, quando ele erra a questão, ele não recebe punição. Ele é apresentado à resposta correta e, depois disso, passa para uma próxima questão”.
Metodologia em DTT
O grupo de pesquisa levantou os principais desafios encontrados pelos professores dentro da aprendizagem de alunos neurodivergentes. Essa é uma etapa fundamental, como coloca o professor Rinaldo Voltolini, da Faculdade de Educação da USP, já que é preciso discutir caso a caso, ouvir os professores e trabalhar em cima dos impasses, pensando nas possíveis intervenções pedagógicas. “Algumas intervenções psicossociais fomentam a potencialização do fator socializante, inerente à escola regular, que possui uma heterogeneidade. Essa heterogeneidade é potencial para a criança autista”, completa ele.
A partir disso foi estipulada a criação de uma interface de jogo, desenvolvido a partir do trabalho conjunto com uma clínica de transtornos neurodivergentes. Foram pensados designs na interface da plataforma, em que seria possível unir a gamificação com o ensino por tentativas discretas, para a melhoria da aprendizagem.
A terceira etapa pautou-se no desenvolvimento de mecanismos que fossem capazes de orientar os profissionais e educadores, a partir do método de DTT, colocado como ponto fundamental da pesquisa pela autora do projeto, Laíza Ribeiro. O Ensino por Tentativa Discreta é uma abordagem da psicoeducação comum em salas de aula. Ela envolve o incentivo positivo, em que o erro não é punido, e há um retorno com estímulos positivos. Isso incentiva a aprendizagem de habilidades que não foram adquiridas “espontaneamente” durante a vida e encoraja a apreensão de conteúdos.
Na prática, a pesquisadora explica a metodologia: “Você faz uma pergunta para o aluno e ele te responde incorretamente, você não vai puni-lo. E, quando ele acertar, ele vai receber um reforço positivo”.
Resultados
Os primeiros resultados foram pautados dessa forma, em que dois grupos foram submetidos à realização de atividades cognitivas. Um grupo de alunos desenvolveu tais atividades com o auxílio do protótipo do game, e “podemos perceber que os alunos apresentaram uma maior compreensão dos testes de conhecimento. O mesmo não acontecia com o grupo que utilizava o protótipo sem gamificação”, complementa a pesquisadora.
No geral, o número de acertos dos alunos que faziam uso da plataforma gamificada era superior. Também em relação ao desenvolvimento do engajamento e participação de alunos com autismo especialistas na área acompanharam a aquisição de habilidades manuais, maior índice de comportamentos positivos e menor vazão dos alunos e comportamentos repetitivos.
*Texto originalmente publicado no Jornal da USP
Repetição e reforço??? Sério que não avançaram amém do adestramento. Por favor coloque um autista na equipe de desenvolvimento de plataforma.Claro que com avaliação dos mesmos teste vai ser superior, agora as demandas do autismo para melhor socialização, comunicação e autonomia é difícil conseguir com repetição e reforço.