A gamificação como apoio à inclusão de alunos com autismo na escola - PORVIR
Crédito: SeventyFour/iStock

Inovações em Educação

A gamificação como apoio à inclusão de alunos com autismo na escola

Estudo da USP mostra como o uso de uma plataforma gamificada pode promover estímulos educacionais e aumentar o engajamento de crianças com autismo

por Fernanda Real - Jornal da USP ilustração relógio 31 de janeiro de 2023

Um estudo do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP (Universidade de São Paulo) alia o uso da prática de Ensino por Tentativa Discreta (DTT) para melhorar a aprendizagem e aumentar o engajamento de crianças com autismo em sala de aula. O projeto utiliza uma plataforma gamificada para promover a prática às respostas e aos estímulos educacionais, por meio da repetição e reforço. 

As intervenções digitais para crianças com autismo são comprovadas e comumente utilizadas. Foi por meio da observação dos estudos de casos, em conjunto com a incorporação da tecnologia, que foi possível desenvolver a plataforma gamificada (confira o vídeo do protótipo)

Os protótipos Memória Visual e Intervenção, desenvolvidos durante a pesquisa, funcionam da seguinte forma: são feitas perguntas aos alunos e, com base na resposta obtida, há um retorno positivo, independentemente do acerto ou erro. A pesquisadora responsável pela pesquisa, Laíza Ribeiro Silva, do ICMC-USP, explica como é o processo: “Se o aluno clica na resposta correta, ele vai receber um reforço positivo. Mas, quando ele erra a questão, ele não recebe punição. Ele é apresentado à resposta correta e, depois disso, passa para uma próxima questão”. 

Metodologia em DTT 

O grupo de pesquisa levantou os principais desafios encontrados pelos professores dentro da aprendizagem de alunos neurodivergentes. Essa é uma etapa fundamental, como coloca o professor Rinaldo Voltolini, da Faculdade de Educação da USP, já que é preciso discutir caso a caso, ouvir os professores e trabalhar em cima dos impasses, pensando nas possíveis intervenções pedagógicas. “Algumas intervenções psicossociais fomentam a potencialização do fator socializante, inerente à escola regular, que possui uma heterogeneidade. Essa heterogeneidade é potencial para a criança autista”, completa ele. 

A partir disso foi estipulada a criação de uma interface de jogo, desenvolvido a partir do trabalho conjunto com uma clínica de transtornos neurodivergentes. Foram pensados designs na interface da plataforma, em que seria possível unir a gamificação com o ensino por tentativas discretas, para a melhoria da aprendizagem. 

A terceira etapa pautou-se no desenvolvimento de mecanismos que fossem capazes de orientar os profissionais e educadores, a partir do método de DTT, colocado como ponto fundamental da pesquisa pela autora do projeto, Laíza Ribeiro. O Ensino por Tentativa Discreta é uma abordagem da psicoeducação comum em salas de aula. Ela envolve o incentivo positivo, em que o erro não é punido, e há um retorno com estímulos positivos. Isso incentiva a aprendizagem de habilidades que não foram adquiridas “espontaneamente” durante a vida e encoraja a apreensão de conteúdos. 

Na prática, a pesquisadora explica a metodologia: “Você faz uma pergunta para o aluno e ele te responde incorretamente, você não vai puni-lo. E, quando ele acertar, ele vai receber um reforço positivo”. 

Resultados 

Os primeiros resultados foram pautados dessa forma, em que dois grupos foram submetidos à realização de atividades cognitivas. Um grupo de alunos desenvolveu tais atividades com o auxílio do protótipo do game, e “podemos perceber que os alunos apresentaram uma maior compreensão dos testes de conhecimento. O mesmo não acontecia com o grupo que utilizava o protótipo sem gamificação”, complementa a pesquisadora. 

No geral, o número de acertos dos alunos que faziam uso da plataforma gamificada era superior. Também em relação ao desenvolvimento do engajamento e participação de alunos com autismo especialistas na área acompanharam a aquisição de habilidades manuais, maior índice de comportamentos positivos e menor vazão dos alunos e comportamentos repetitivos.

*Texto originalmente publicado no Jornal da USP


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educação inclusiva, inclusão

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