Aberta inscrição para prêmio de US$ 100 mil para estudantes. Falamos com a finalista de 2021 - PORVIR
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Inovações em Educação

Aberta inscrição para prêmio de US$ 100 mil para estudantes. Falamos com a finalista de 2021

Representante da América Latina na lista do top 10, a brasileira Ana Júlia Monteiro relembra sua participação no Global Student Prize e incentiva a presença de mais estudantes no prêmio

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 7 de março de 2022

Ana Júlia Monteiro tem 18 anos e, como os jovens de sua idade, sonha em se sentir livre em todas as suas ações. Mas em uma coisa ela se diferencia: é a primeira brasileira a fazer parte do dos dez melhores estudantes do mundo. Ano passado, Ana concorreu com mais de 3,5 mil alunos de 94 países, que inscreveram seus projetos com foco na transformação de suas comunidades no Global Student Prize. A premiação, que reconheceu Jeremiah Thoronka, de Serra Leoa, como o melhor estudante de 2021 (clique aqui para relembrar sua entrevista ao Porvir), está com inscrições abertas até 17 de abril.

Criado pela Fundação Varkey em parceria com a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), o prêmio, considerado o “Nobel da Educação”, reconhece o trabalho de jovens que promovem grandes mudanças nas formas de aprendizagem nas suas escolas e regiões, e ainda oferece um aporte de 100 mil dólares (aproximadamente 506 mil reais) para o vencedor.

“Acho que a parte mais interessante do prêmio foi a repercussão. Não esperava que algo relacionado à educação fosse trazer tanta mídia e mudar a minha vida tão intensamente”, afirma Ana. “O Global Student Prize abriu oportunidades para me conectar e gerar uma rede de contatos com políticos, organizações e empresas com as quais estou trabalhando em parceria para alterar o cenário da educação no país”, conta.

Primeiros passos na robótica
Nascida em Maceió, capital de Alagoas, aos 12 anos Ana cofundou a primeira equipe de robótica da Escola SESI de Educação Básica Industrial Abelardo Lopes. “Na minha região, por conta do histórico déficit na área de educação, não havia muitas oportunidades, até que minha equipe encontrou a FIRST® LEGO League, competição de robótica que mudou a minha vida”.

No campeonato nacional, sua equipe se vestiu de Cientistas Cangaceiros, como um ato de protesto. “Cangaceiros eram as pessoas que historicamente condenavam a opressão do governo no Nordeste. Esse ato protestou a xenofobia contra a minha região, contra a ideia de que os nossos cidadãos são considerados como ‘pouco inteligentes’ e ‘incapazes'”, relembra a estudante. “Com as roupas de cangaceiros, afirmamos que nordestinos podem ser cientistas, engenheiros, etc. Ao voltar do campeonato, nossa escola nos recebeu com uma enorme festa. A participação dos estudantes no STEM (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) aumentou em 15 vezes”, comemora.

A competição estimulou sua jornada na pesquisa científica: criou o “Ecosururu”, projeto focado na criação de telhas produzidas pela casca descartada do sururu, molusco bastante comum em seu estado.

“O Ecosururu foi criado com o intuito de reutilizar a casca do Sururu, descartada em massa por comunidades ribeirinhas. A proposta visa construir telhas sustentáveis, uma saída econômica e sustentável para a comunidade”, explica Ana.

Outra iniciativa é o “Aerador Sustentável”, projeto mecânico para elevar a produção de leite em comunidades rurais de subsistência. “Com o ‘Aerador Sustentável’, buscamos desenvolver a produção de um dos principais pontos econômicos da região, a produção de leite. Além disso, a ideia era oferecer uma oportunidade empreendedora aos criadores”, ressalta. Foram esses os projetos inscritos no Global Student Prize.

Papel da escola
Os dois projetos foram criados em parceria com sua escola. Como acabou de se formar no ensino médio, Ana não tem mais laços com eles, mas se alegra por saber que serão desenvolvidos por outros estudantes. Ainda decidindo se cursará engenharia mecânica, administração e negócios ou ciências políticas, Ana ressalta a importância dos estudos em sua vida e não se esquece do papel da escola e de professoras e professores que a inspiraram.

“Uma delas foi a Andrea Silva Souza, minha primeira orientadora de projetos científicos, que sempre me inspirou a mudar realidades. Outro foi o meu técnico de robótica, João Dantas, que esteve ao meu lado durante todas as minhas jornadas e me ajudou a sempre ser mais do que sou hoje”, conta.

Como representante brasileira em eventos STEM e de liderança jovem, Ana viajou para o Uruguai, para os EUA e por vários estados no Brasil, conectando-se com diversas culturas e outros jovens líderes. Em 2021, inscreveu-se no Global Student Prize. “Fui a única representante da América Latina e uma das duas únicas alunas do ensino médio selecionadas entre as 3,5 mil indicações de 94 países, colocando-me no Top 0,35% de líderes no mundo!”, orgulha-se.

As inscrições para o Global Student Prize estão abertas até 17 de abril. Ana incentiva os estudantes brasileiros a participar. E sugere: “O Brasil está em um momento em que a educação é ferramenta fundamental para desenvolver nossa nação. Não foquem em ganhar, mas sim em se conhecer e entender seu papel de líder na sociedade. Afinal de contas, é para isso que serve o prêmio: inspirar e liderar”.


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Global Student Prize, prêmios

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