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Inovações em Educação

Abordagem socioemocional requer formação para o professor

John Lawrence Aber, da Universidade de NY, diz que acompanhamento é chave para mudar a sala de aula e criar ambiente positivo

por Vinícius de Oliveira ilustração relógio 2 de setembro de 2014

Trabalhar habilidades socioemocionais traz benefícios que vão além de uma nota mais alta na prova de matemática ou na total convicção para fazer análise sintática de uma frase no exercício de gramática. “O impacto também acontece no comportamento do dia-a-dia. Com o ambiente mais regulado, a criança se sente menos ansiosa e tem mais atenção para dedicar ao processo de aprendizagem. O docente, por sua vez, também não precisa gastar tanto tempo impondo disciplina”, explica John Lawrence Aber, professor da Universidade de Nova York, especialista na área de psicologia e políticas públicas e também presidente do conselho do Institute of Human Development and Social Change (Instituto de Desenvolvimento Humano e Transformação Social). Ele participou nesta terça-feira (2) da plenária “Competências Socioemocionais para o Século 21”, em evento promovido pela Fundação Itaú Social, em São Paulo.

E controlar uma sala de aula brasileira não é tarefa fácil. Para que se tenha uma ideia, uma pesquisa feita pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostrou que 12,5% dos professores ouvidos no Brasil afirmaram ser vítimas de agressões verbais ou de intimidação de alunos pelo menos uma vez por semana. É a taxa mais alta entre os 34 países participantes (média 3,4%). Na Coreia do Sul, na Malásia e na Romênia, o índice é zero.

Atividades diferentes em aula, novas abordagens para temas cotidianos e para o relacionamento entre os próprios alunos não podem significar, segundo Aber, em uma nova carga de estresse sobre os ombros dos professores. “Parte das atividades para inserção do ensino de habilidades socioemocionais envolve ajudá-los a cuidar de si mesmos para que não usem métodos agressivos de punição. Cursos de curta duração também não funcionam e a questão deve ser tratada da mesma forma que um tenista faz, com treinamento constante, com técnico supervisionando e dando feedbacks (retornos avaliativos)”, explica Aber. Ele ressalta ainda que a inserção de habilidades socioemocionais no currículo só terá sucesso se pais e diretores das escolas estiverem alinhados.

Mas quais estratégias podem ser usadas para lidar com o problema? Nas escolas, o professor pode usar como recurso uma recompensa positiva ao invés de tratar o aluno com gritos. “Se o aluno recebe punição aos berros, é grande a possibilidade de que ele reaja da mesma maneira. Ensinar significa responder às necessidades da criança”,  descreve Aber, que trata deste tema como aprendizagem reativa. Num segundo momento, aulas de leitura e de matemática podem ser incrementadas. “Se as crianças começam a identificar com facilidade o que os personagens estão sentindo, isso também pode ser usado em interações com outros alunos e com o próprio professor”, diz.

John Lawrence Aber, professor da Universidade de Nova YorkCrédito: Divulgação

John Lawrence Aber, professor da Universidade de Nova York

Aber ainda diz que existem certas preocupações no que diz respeito ao tempo de exposição às telas de computadores e ao de contato presencial. “Durante sua evolução, seres humanos aprenderam a ler pistas faciais que mostram se a pessoa está triste ou feliz e tecnologias que usam texto tornam essa tarefa mais difícil”, diz o professor. Apesar disso, reconhece que ganha cada vez mais força o movimento de ensinar as habilidades socioemocionais por meio de jogos de computador da mesma maneira que acontece com o ensino de línguas e de matemática. Nos EUA isso acontece, por exemplo, com materiais do famoso programa de televisão Vila Sésamo. “Mas ainda é uma campo muito subdesenvolvido e uma resposta sobre o tema deve ser dada daqui a cinco anos”.


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competências para o século 21, socioemocionais

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