Apoio socioemocional da gestão reflete na comunidade escolar - PORVIR
Crédito: Divulgação/AVAEC

Diário de Inovações - Gestão

Apoio socioemocional da gestão reflete na comunidade escolar

Olhar humanístico da gestão escolar de um colégio em Veranópolis (RS) impacta educadores, famílias dos alunos e até mesmo bairros vizinhos

Parceria com Isaac

por Cleciane Moro ilustração relógio 23 de agosto de 2023

A conexão família-escola é chave para o bom andamento de qualquer unidade escolar. Aqui no Colégio Agrícola de Veranópolis, da AVAEC (Academia Veranense de Assistência em Educação e Cultura), os laços se estreitaram ainda mais nos últimos anos. Em meio à pandemia e aos desafios provocados pelo distanciamento social, criei o projeto “Movimento de conexão da vida à sua existência”, que segue em curso e envolve toda a comunidade escolar. 

Temos a humanização como eixo do trabalho e, durante o período de distanciamento social, fizemos ações que mobilizaram toda a cidade. Uma delas era o “Poema na rua”, com versos de autores brasileiros lidos pelos alunos do 1º ao 9º ano e reproduzidos por um carro de som que cruzava toda a cidade. Um painel externo recebeu o projeto “Fitas em Movimento”, no qual alunos escreviam seus desejos em fitas coloridas, que podiam ser lidas por quem passasse em frente à escola. 

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Algumas iniciativas seguem em curso, como “A hora do eu”, um espaço de escuta para os educadores da educação infantil e dos anos iniciais compartilharem angústias e experiências vivenciadas. São encontros quinzenais com coordenadores e professores titulares das turmas envolvidas, com uma hora e meia de duração, com a mediação de uma psicóloga. Neste espaço, a transferência e contratransferência na relação professor-aluno pode ser analisada, instrumentalizando os professores a lidarem com demandas e conflitos diversos, proporcionando aos docentes o planejamento de novas atividades a serem desenvolvidas com as turmas.

Propostas como “As gotas de harmonia” são exemplos desse fazer. Consiste em cada aluno ter uma garrafa de água, personalizada como pedras, folhas da natureza, brilhos, que fica em um lugar definido em sala de aula. Diante de uma situação angustiante ou de conflito, ele pode ir a esse espaço, pegar sua garrafa e manuseá-la, com o intuito de se acalmar.

Crédito: Divulgação/AVAEC



Outra iniciativa é a confecção de objetos que remetessem à espiritualidade no entendimento do aluno. Flor de lótus e pêndulos são exemplos de construções realizadas. O desafio da proposta é: em momentos que pensamentos negativos ou ruins vêm à mente, o aluno verbaliza o que está sentindo e gira esse objeto, com o objetivo de mandar embora o que sente de ruim e substituir por algo positivo.

Com as turmas Alfas 5 ao 7 (5º ao 7º ano), o componente “Meus mundos, meus eus” traz propostas para que os estudantes possam se reconhecer como sujeitos complexos, com valores e significados. Uma professora assumiu encontros semanais com as turmas, para trabalhar competências e habilidades socioemocionais, bem como promover o bem-estar dentro do ambiente escolar e familiar.

Uma atividade frequente nesses grupos é a meditação conduzida, explorando um dos conceitos físicos mais importantes para o bom funcionamento do corpo: aprender a controlá-lo por meio do relaxamento físico e da meditação. O estado de meditação é a oportunidade de dar a calmaria necessária ao corpo que está sempre em movimento.

Já os Alfas 8 e 9 (8º e 9º anos) contam com um projeto vinculado à língua portuguesa, chamado “Formação da personalidade”. Em encontros quinzenais e com parceria de psicólogas, diversos temas são abordados com vistas ao melhor entendimento de si e uma convivência mais saudável com o outro. Uma das temáticas abordadas é a formação da personalidade, por meio da construção de um diário. Nele, cada aluno registra aspectos ligados ao seu convívio/relação com o grupo da sala de aula, família e sociedade. A partir disso, por meio de uma roda de conversa, abordam-se os diferentes tipos de personalidade.

A BNCC (Base Nacional Comum Curricular), na habilidade EF04ER04, aponta como identificar as diversas formas de expressão da espiritualidade (orações, cultos, gestos, cantos, dança, meditação) nas diferentes tradições religiosas. Pensando dessa forma, no sentido do bem viver, um dos braços da formação continuada para professores passou a ser “Espiritualidade: movimento de conexão da vida à sua essência”. 

Contamos com encontros bimestrais para aprofundar o conhecimento sobre espiritualidade: o que é, como se dá e qual sua importância, além de práticas mindfulness, que consistem em vivências conduzidas de estado de atenção plena. Experiências de como degustar um alimento com a atenção voltada a esse fazer para sentir o seu sabor, aroma, textura e seu caminho pelo corpo, são capazes de proporcionar momentos de busca de sentido, percepção e respeito a si mesmo.

Crédito: Divulgação/AVAEC

Passamos a contar também com uma consultoria de literatura infantil e adquirimos obras que tratam de temas socioemocionais, como amizade, luto, depressão e tristeza. A biblioteca está aberta às famílias, que podem levar as obras para casa. Os pais têm buscado mais esse aporte na escola, por meio das reflexões literárias disponíveis que facilitam o diálogo em família sobre temas com maior complexidade.

Noto que, por meio dos grupos e das práticas humanizadoras, nasceu uma nova escola, atravessada pela rica oportunidade de oferecer um ambiente suficientemente bom, como escreveu o psicanalista inglês Donald Woods Winnicott (1896-1971), a fim de sustentar e acolher as vicissitudes de um tempo marcado por tantos traumas pós-pandemia.

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Isaac

Cleciane Moro

Graduada em História pela Universidade Luterana do Brasil, pós-graduada em apoio pedagógico pela Universidade de Caxias do Sul com especialização em Gestão Escolar. Iniciou sua caminhada profissional na área da Educação há 25 anos, atuando como professora, coordenadora pedagógica e, atualmente, como Diretora Geral das Unidades Educacionais AVAEC.

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gestão escolar, socioemocionais

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