Café Terapêutico reúne educadores, pais e alunos para discutir inclusão
No CIEJA Campo Limpo, o projeto traz reflexões sobre direitos humanos, cidadania, sexualidade, trabalho, esporte, cultura, lazer, diversidade de gênero, entre outros
por Billy de Assis 29 de janeiro de 2020
Trabalho no CIEJA Campo Limpo, em São Paulo (SP), desde 2007. Ao longo desses anos, percebi que os alunos com deficiência intelectual necessitavam de outras formas de aprendizagem que não fossem somente o ensino da leitura, da escrita e da matemática. Descobri que era necessário maior participação dos alunos e de seus familiares nos assuntos trabalhados na escola para que estes fizessem sentido em suas vidas e pudessem promover transformações significativas em sua forma de interagir com o conhecimento e com as pessoas.
No ano de 2007, criei o projeto Café Terapêutico, que reúne pais alunos, amigos e parceiros em busca de uma sociedade realmente inclusiva. Desde então, temos reuniões todas as sextas-feiras para discussão de temas como: direitos humanos, cidadania, sexualidade, trabalho, esporte, cultura, lazer, diversidade de gênero, processos de aprendizagem, práticas pedagógicas utilizadas no CIEJA, legislação, saúde, uso das redes sociais, entre outros.
Estes encontros contam com a presença de parceiros e professores do CIEJA que trazem relatos, oferecem oportunidades de trabalho, tratam de questões relacionais entre alunos x professores, escola x família, entretenimentos (peças teatrais, saraus rodas de leitura, terapia comunitária, meditação, estudos sobre o funcionamento da mente – hipnose –, palestras motivacionais musicais, etc).
Nesta diversidade de temas apresentados por profissionais, muitos dos participantes tem suas necessidades atendidas por meio das parcerias que são firmadas e, dessa relação mais próxima entre família x escola, o processo de humanização da educação, respeito, colaboração, sentimento de pertencimento e acolhimento estão 100% presentes em nossas atividades.
Outras ações são realizadas com foco voltado para pessoas com deficiência e familiares, tais como:
1 – Projeto Baladas Especiais: Acontece a cada dois meses, aos sábados, das 14h às 17h. Pais, alunos e convidados têm a oportunidade de se socializar e compartilhar de momentos de muita animação com seus filhos, professores, amigos e funcionários;
2 – Projeto SAE – Solidariedade Animal na Escola: Uma proposta de Educação Humanitária onde são discutidas questões referentes à posse responsável, proteção animal, cuidados com a higiene e saúde de animais de estimação, meio ambiente, reciclagem, entre outros que atrelam os conteúdos aos valores do CIEJA;
3 – Projeto Expedições Especiais Urbanas: Saídas educativas para enriquecimento de aprendizagens e ampliação (ou início) da autonomia do educando e efetiva participação em eventos de inclusão, como plenárias, simpósios, atividades culturais e artísticas.
4 – Café Terapêutico Itinerante: Realização de palestras e bate papo sobre inclusão em escolas, faculdades e associações.
Tanto famílias, quanto alunos e professores têm a oportunidade de ampliar seus olhares para as questões relacionadas a aprendizagens das pessoas com deficiência. Ocorre uma mudança de paradigmas onde percebe-se que, independente das deficiências, todas as pessoas possuem eficiências. O foco no processo educativo passa a ser nas capacidades, possibilidades e potencialidades de cada aluno.
O professor passa a ter a família como parceira nos processo educativos. A escola possibilita os espaços de troca, interação, participação de todos e com isto efetiva literalmente a gestão democrática e participativa. Os parceiros chegam e contribuem com seus projetos e, assim, todos juntos caminhamos para efetivar uma educação de qualidade para todos.
Billy de Assis
Pedagogo, psicopedagogo e especialista em deficiência intelectual.