Como ser intencional e criativo com ferramentas de inteligência artificial? - PORVIR
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Inovações em Educação

Como ser intencional e criativo com ferramentas de inteligência artificial?

As IAs não vieram para substituir o ser humano, mas para serem usadas como apoio. Como extrair o melhor dessas ferramentas?

por Ruam Oliveira ilustração relógio 28 de junho de 2023

“Assim como um papagaio pode aprender a falar frases que ouviu, o ChatGPT foi treinado para gerar respostas baseadas em padrões e exemplos de texto, mas não tem capacidade de entender ou processar informações como um ser humano”. A afirmação é de Mariana Ochs, coordenadora do EducaMídia, durante uma oficina para educadores no Festival LED, em junho deste ano. 

A oficina reuniu professores e professoras que atuam em diversas etapas de ensino e ouvem com cada vez mais frequência as palavras Inteligência Artificial e ChatGPT, ambas associadas ao uso em sala de aula. 

Aqui no Porvir já discutimos como o ChatGPT pressiona as escolas a revisitarem os currículos e como a ferramenta pode servir de inspiração para transformar o ambiente escolar. Também comentamos o quanto o ensino superior ainda não sabe muito bem como lidar com a temática

Além desses casos, o que chamou a atenção das pessoas durante a oficina ministrada por Mariana foi a necessidade de um uso prático de tais ferramentas. A primeira condição foi pensar de que maneiras as máquinas aprendem. “Não é do mesmo modo que nós”, alertou Mariana. 

Uma das principais ressalvas está na maneira como tais ferramentas são usadas. “Um bom input (informação de entrada) garante um bom output (resultado)”, comentou a palestrante. Isso significa que dar bons comandos (inputs) faz com que as ferramentas também devolvam resultados melhores (outputs). 

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O mesmo acontece longe de ferramentas tecnológicas. Se um professor faz perguntas pouco elaboradas, as chances de que os alunos devolvam respostas rasas é muito alta. 

Retorno à habilidade de perguntar 

A sugestão de uso prático para essas plataformas é saber o que pedir. “Essas ferramentas estão entrando no nosso dia a dia tão rapidamente que daqui a pouco [saber operá-las] vai fazer parte de nossa fluência digital”, disse. Para Mariana, conhecer os comandos será, em certa medida, como conhecer elementos da gramática.

Trazer contexto e entender que essas inteligências artificiais são apenas apoios e não protagonistas é outro ponto que merece ser compreendido. A discussão sobre a substituição do ser humano já caminha para outra direção, sendo as IAs agora vistas como suporte à inteligência humana e não o contrário. 

“É quase como ter um parceiro de estudos à disposição, com quem você vai trocando ideias, fazendo perguntas e elaborando material em cima do que é recebido”, pontuou a especialista. 

Ela ressaltou, ainda, que a reelaboração e reescrita desse material também depende da bagagem de cada usuário. “Depende de olhar para os resultados e saber onde melhorar, em quais sentidos podem ser provocados ou questionados.” Para Mariana, o melhor uso é o estabelecimento de uma relação dinâmica com as ferramentas. 

Ressalvas importantes 

As inteligências artificiais generativas – tais como o Midjourney (ferramenta que traduz em imagens perguntas em texto), o ChatGPT e outras –, com capacidade de criar novas informações a partir de conjuntos de dados existentes,ainda estão em fase de aperfeiçoamento. Elas não foram treinadas para identificar comportamentos de violação de direitos humanos como racismo, gordofobia e xenofobia, por exemplo. Alguns casos apontam que respostas dadas por essas ferramentas reproduzem preconceitos e trazem vieses preocupantes.

Dentro deste cenário, Mariana reforçou que saber usar de maneira prática essas ferramentas exige um olhar atento para o letramento algorítmico, ou seja, a compreensão do que é um algoritmo (base para programação de computadores), como ele é construído e qual o impacto que produz na vida cotidiana das pessoas. É sempre necessário entender que a tecnologia não é algo dado, mas sim construído. Essa perspectiva é importante para também poder perceber que muitas vezes as inteligências artificiais podem reproduzir visões de seus desenvolvedores que não são aceitáveis, acredita a especialista

“Quando a gente fala de letramento algorítmico, é justamente para entender, por exemplo, que o design e funcionamento dessas ferramentas são frutos de decisões humanas e respondem a contextos históricos, sociopolíticos e a interesses e decisões econômicas”, disse.

Neste texto disponível no site do EducaMídia, Mariana explica como criar conteúdo com inteligência artificial, com critério e atenção. Confira!

O ChatGPT não substitui a inteligência humana

— Use como material bruto. O pensamento crítico e a reflexão humanos são indispensáveis.
— Use com responsabilidade. Combine o uso do ChatGPT com outras fontes e perspectivas para obter uma compreensão mais completa de um determinado assunto.

O ChatGPT complementa a inteligência humana

— Use como assistente. seu melhor uso é como uma ferramenta de suporte, ajudando a planejar, organizar e refinar a escrita. 
— Use como recurso educacional interativo, ajudando a esclarecer conceitos, responder dúvidas e aprofundar temas. 
— Use para gerar ideias. Colabore com o ChatGPT para gerar ideias e estimular a sua criatividade.
— Use para gerar perguntas e testes.

(Conteúdo produzido por Mariana Ochs, EducaMídia, 2023)

TAGS

competências para o século 21, tecnologia

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