“E se as escolas fossem como as startups?” - PORVIR

Inovações em Educação

“E se as escolas fossem como as startups?”

Stefan Weitz, diretor de pesquisa da Microsoft, diz que, em educação, não se pode esperar anos para ver se um modelo deu certo

por Patrícia Gomes ilustração relógio 1 de fevereiro de 2013

Na corrida para reinventar a escola, educadores de todo o mundo estão preocupados em implementar sistemas de ensino mais adequados e eficientes. O problema é que, talvez, muitas novas ideias demorem dois, três ou cinco anos para se provarem eficazes. “A questão é que a gente não tem o direito de deixar nossas crianças fracassarem por tanto tempo”, diz Stefan Weitz, diretor de pesquisa da Microsoft, que defende que as escolas sejam tratadas como startups, com atividades divididas por módulos, cujo resultado é avaliado em semanas, não anos. O argumento de Weitz se baseia no fato de que, afinal, escola e startup têm muito mais em comum do que se imagina.

“O estado atual da educação é como uma startup”, disse ele. Primeiro, porque se tem um tempo limitado para construir algo. Segundo, porque as necessidades dos consumidores – neste caso, alunos, pais e professores – estão aumentando. Por último, porque a concorrência é muito grande. “Por isso eu propus uma reforma educacional ágil”, afirmou o especialista, dizendo que seu método une flexibilidade e possibilidade de adaptação rápida.

crédito Aaron Amat / Fotolia.com

O começo de tudo é o estabelecimento, por parte da escola, de uma visão ampla e, por que não, ousada. Para alcançar essa visão, a escola deve desenvolver um produto e testá-lo. Na prática isso quer dizer que, se uma instituição decide que sua missão é ter alunos que pensem criticamente, um professor pode propor uma atividade de análise de prós e contras de notícias de jornal por uma semana. Ao longo desse período, o professor deve avaliar aspectos dessa atividade a fim de decidir, a partir de dados confiáveis, se ela é eficiente para cumprir a missão.

Entre as métricas para avaliar a atividade pode estar, por exemplo, o tempo que o aluno leva para completar a lista de prós e contras com qualidade. Ou ainda se o material produzido é acessível, se ele foi organizado de maneira que outras pessoas possam entendê-lo. Uma vez chegada à conclusão de que o modelo serve para reforçar a visão, passa-se para a fase de aperfeiçoá-lo, para que ele atinja a esse objetivo de maneira cada vez melhor para replicá-lo. Se o modelo não tiver se provado bem sucedido, talvez seja o momento de deixá-lo para trás. “É uma maneira de acelerar o teste de ideias num ambiente que você não controla”, disse Weitz.

A ideia de Weitz se baseia em um sistema que se tornou muito popular entre empreendedores do Vale do Silício, o de startup lean. Por esse conceito, as empresas elaboram produtos e testam continuamente, de forma a mantê-lo em contínuo desenvolvimento. Para conseguirem isso, a inovação deve fazer parte desse processo – e isso é o que precisa acontecer nas escolas: todo mundo da comunidade escolar deve ser estimulado a empreender, propor testes e modelos.

Com tantos testes, um risco é inevitável, o de expor crianças a modelos que podem não se mostrar bons e acabar prejudicando seu desenvolvimento. Mas, quanto a isso, Weitz é enfático: “E o que é melhor? Continuar fazendo o que estamos fazendo?”, afirma o especialista que, em breve, começar a prototipar sua ideia em escolas de Chicago. Ele esteve no Brasil, em novembro, falando durante o TEDxUnisinos, confira o vídeo:


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empreendedorismo, negócios de impacto social, tecnologia

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