Eleições 2022: orçamento e recuperação de aprendizagens estão entre prioridades na educação
Em congresso de jornalismo em São Paulo, representantes de presidenciáveis comentam os planos de governo sobre investimentos educacionais
por Ruam Oliveira 12 de setembro de 2022
O financiamento da educação foi apontado por representantes dos presidenciáveis Ciro Gomes (PDT), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Simone Tebet (MDB) como um dos principais desafios do próximo governo.
A mesa de debates “Eleições 2022: a educação na disputa presidencial” abriu a programação do 6º Congresso de Jornalismo de Educação, promovido pela Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação), na manhã desta segunda-feira (12). Ex-secretário de educação de São Paulo, Rossieli Soares, representante da candidata Simone Tebet, afirmou que hoje há um “desastre” quando o assunto é orçamento. “O Brasil precisa tomar uma decisão sobre que tipo de país quer ser”, disse.
O economista e deputado federal por Minas Gerais Reginaldo Lopes, representante da candidatura de Lula à presidência, pontuou que é importante para o governo combinar as metas fiscais com metas sociais, e não encará-las separadamente.
“A educação não pode entrar na regra fiscal. É uma vergonha nos próximos quatro anos não universalizar o ensino integral, principalmente nos primeiros anos”, comentou Reginaldo. A regra fiscal diz respeito a uma restrição de longo prazo sobre metas fiscais. Um exemplo é a PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241, promulgada em 2017, que impõe um limite de gastos públicos no orçamento federal.
Coordenador de programa de governo de Ciro Gomes, o economista Nelson Marconi ressaltou que o atual teto de gastos é “uma obra de ficção” e que deve ser retificado.
A mesa foi mediada pelos jornalistas Antônio Gois e Renata Cafardo. A Jeduca convidou um representante da candidatura de Jair Bolsonaro, mas nenhuma resposta foi dada pela equipe.
Confira a íntegra do debate (é preciso ter cadastro no site da Jeduca):
Reforma do ensino médio
O Novo Ensino Médio também apareceu na discussão. O assunto divide alguns setores educacionais, seja pela própria forma como foi construído, seja pela implementação, iniciada neste ano de 2022.
Reginaldo acredita que o atual modelo necessita ser revisto e criticou a maneira como a implementação vem sendo feita. Para ele, há a necessidade de maior investimento na oferta de ensino integral.
Outro ponto destacado pelo deputado foi a questão dos itinerários formativos. A sugestão de Reginaldo é incluir outros atores da educação para trabalhar nesses itinerários, como o Sistema S de ensino, institutos federais e universidades.
Rossieli criticou a implementação do novo modelo. O ex-secretário disse ter havido uma estagnação e que implementar o Novo Ensino Médio demandava uma postura mais empenhada do atual governo.
Pandemia e educação
A conversa não poderia deixar de passar pelos impactos causados pela pandemia de Covid-19 na educação. A necessidade de recuperação das aprendizagens esteve na fala de todos os representantes, que afirmaram ser uma das prioridades de quem assumir o cargo.
Da perspectiva de Nelson Marconi, a “Alfabetização na Idade Certa” é um dos pontos que mais sofreu durante o período. Com a experiência de aulas online em casa, a pandemia evidenciou muitos elementos que não funcionaram. “É óbvio que a educação domiciliar não vai dar certo”, afirmou o economista.
O representante de Lula também destacou que o próximo governo deverá assumir a responsabilidade de criar um plano que recupere aprendizagens não adquiridas na pandemia. E isso, para Reginaldo, deverá ser feito com o apoio de diferentes setores além do Ministério da Educação, como o Ministério da Saúde, por exemplo.