Empreendedores se reúnem em busca de soluções para educação inclusiva
Selecionados pelo Desafio Start-Ed, Douglas Neves e Nadine Heisler Wassmer querem construir plataforma para facilitar acompanhamento individual de alunos
por Marina Lopes 10 de novembro de 2017
Separados por quase 1.200 quilômetros, o professor Douglas Neves, da rede municipal do Rio de Janeiro, e a empresária Nadine Heisler Wassmer, que atualmente mora em Florianópolis (SC), estão trabalhando juntos para construir uma plataforma que pode facilitar o acompanhamento individual da trajetória escolar de crianças e adolescentes.
Com o desejo de contribuir para a adoção de um modelo educacional que respeita os diferentes ritmos e interesses de aprendizagem de cada estudante, eles foram conectados por meio do Desafio Start-Ed, que identificou e selecionou 12 empreendedores brasileiros para desenvolver tecnologias que ajudam a transformar a aprendizagem.
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Realizado pela Fundação Lemann e pela Universidade Columbia, em parceria com a Artemisia, o programa conecta empreendedores brasileiros e estudantes da Universidade Columbia para solucionarem temas relevantes para implementação da Base Nacional Comum Curricular: defasagem, educação inclusiva e participação de pais e responsáveis no processo de aprendizagem dos alunos. Esta reportagem é a primeira de uma série que vai tratar desses encontros e das soluções que eles estão desenvolvendo.
Mobilizado pelo eixo da educação inclusiva, o professor carioca Douglas Neves decidiu participar do Start-Ed depois que viu uma postagem em uma comunidade virtual de aprendizagem criativa. “Eu percebi que o desafio tinha muito a ver comigo”, conta o educador, que tem experiência na produção de recursos tecnológicos para incluir alunos com deficiência.
Com formação em pedagogia, o professor buscou uma especialização em educação inclusiva quando recebeu em sua turma um aluno com dificuldade de aprendizagem e uma aluna com deficiência visual. Na tentativa de incluir os estudantes, ele começou a produzir materiais para facilitar a assimilação de conteúdos trabalhados na sala de aula.
Já a sua colega, Nadine Heisler Wassmer, tem formação em engenharia e dedicou sua carreira ao processo de formação corporativa. Quando descobriu que a sua terceira filha tinha dislexia, a empresária começou a fazer pesquisas e se aprofundar no assunto.
De seu interesse pelo tema e da busca por estratégias para apoiar o desenvolvimento da sua filha, Nadine desenvolveu o projeto de uma plataforma para compartilhar informações relevantes sobre dislexia. O projeto pretende impactar na formação de professores e contribuir com a disseminação de conteúdos para orientar familiares. “Com esse projeto, fiquei muito interessada pela questão da educação. Precisamos ter um olhar mais individual para cada aluno, independente de ter dislexia ou não”, diz.
A partir da união entre a trajetória de Douglas na sala de aula e da experiência de Nadine como mãe e formadora de equipes, aliada ao apoio de quatro estudantes da Universidade Columbia, surgiu a ideia de começar a desenvolver uma plataforma para promover a inclusão e facilitar o processo de acompanhamento individual de cada aluno.
Depois de participarem de formações e passarem uma semana em Columbia, os empreendedores conheceram experiências educacionais que valorizavam a trajetória e o ritmo de cada aluno. “Tínhamos o desafio de buscar uma solução para a educação especial. Então pensamos que a educação passava por aí, pelo respeito da individualidade”, recorda Nadine.
Com esse insight, Douglas sugeriu aproveitar o PEI (Planejamento Educacional Individualizado) para fazer o acompanhamento dos estudantes. A ideia é tornar documento, que já é de preenchimento obrigatório em todas as escolas brasileiras, em uma plataforma viva que compila dados e sugere caminhos para personalizar o ensino. “Nós estamos pensando em desenvolver uma ferramenta que consiga engajar todos os agentes da educação especial, como o aluno, a família, a escola, os professores e os especialista da área”, explica o professor.
A plataforma irá permitir que educadores façam um melhor planejamento e preenchimento do documento PEI, capaz de adequar currículos e atividades em prol do desenvolvimento dos estudantes. Com base em dados, ela também irá oferecer feedback personalizado e sugestões de atividades.
Por enquanto, a ferramenta ainda está em processo de desenvolvimento, mas Nadine garante que ela poderá ajudar a trazer um novo olhar para o acompanhamento dos estudantes. “A gente espera que ele nos ajude neste caminho da verdadeira inclusão. Incluir não é só colocar dentro da sala de aula. Queremos apoiar quem faz parte desse processo com ferramentas que ajudam a desenvolver o melhor dentro do potencial de cada criança”, conclui.