Escrever o próprio livro estimula estudantes no aprendizado de inglês
Da autoria à impressão, o Projeto Book Lab, do Edify, apoia a criatividade e o aprendizado da língua inglesa
por Beatriz Cavallin / Mariana Rossi 31 de maio de 2022
Só quem já se aventurou a estudar uma segunda língua sabe o quão desafiador esse processo pode ser. É preciso dedicação, esforço e paciência. Afinal, o aprendizado não acontece do dia para a noite.
Isso não é diferente para crianças e jovens, mesmo para quem está matriculado em escolas bilíngues. Nesse cenário, um dos desafios para professores e coordenadores é mostrar à família que os alunos estão de fato aprendendo, mesmo que esse processo não seja tão rápido ou perceptível no dia a dia. Tornar a aprendizagem visível é a chave para acalmar pais e responsáveis. Mas como promover essas trocas?
Quando se fala sobre estudar um idioma adicional, é preciso reduzir a ansiedade das famílias, pontua Carlos Mansilha, consultor do programa bilíngue Edify. “Muitas acham que o aluno vai entrar na sala de aula e sair falando um monte de coisas. É aquela pergunta padrão que os pais fazem: ‘Fala alguma coisa em inglês?’. Isso é ruim, porque as crianças não vão expressar dessa forma o que aprenderam”, comenta.
“Em um programa bilíngue, é importante que as famílias sejam convidadas para atividades na escola, que os trabalhos sejam padronizados em relatórios e também enviados a elas, para que vejam o progresso e acompanhem melhor o desenvolvimento do estudante”, sugere Carlos.
Também consultora do Edify, Alessandra Campos concorda com o colega. E acrescenta: “Só conseguimos fazer com que a família entenda qual é o progresso do aprendizado mostrando exatamente quais são as atividades que os alunos estão participando, os grandes eventos que acontecem na escola. Essa troca de experiências é importante e é preciso estar sempre em parceria com a família, mostrar como trabalhamos e quais são os nossos objetivos”, diz.
Inglês no calendário escolar
O colégio bilíngue Objetivo Barra, no Rio de Janeiro (RJ), resolveu o problema ao incorporar a cultura inglesa no cotidiano dos estudantes. Por lá, são celebrados feriados como o Halloween e Saint Patrick’s Day, bem como é oferecida uma agenda de eventos voltada ao idioma, entre eles a Spelling Bee, competição na qual os alunos são desafiados a soletrar palavras.
Recentemente, a escola optou por transformar os estudantes em autores por meio do Book Lab. Desenvolvido pelo Edify, o projeto oferece aos professores e alunos das escolas parceiras uma plataforma para a criação de um livro digital. Além de escrever, ilustrar e diagramar a própria obra em inglês, ao final do processo é possível adquirir a versão impressa, com direito a uma noite de autógrafos na escola, entre outras possibilidades – como criar um evento de lançamento com os amigos e vizinhos, por exemplo.
“Os estudantes ficam eufóricos e isso é resultado da autoria e do protagonismo. As crianças passam a se enxergar como protagonistas porque são autores, escrevem em inglês”, comenta Thadeu Chequer, diretor do Objetivo Barra.
Para Augusto César, também diretor da mesma instituição, uma das vantagens do projeto é estimular a vontade de aprender de toda a turma. “A proposta traz uma nova vivência, uma nova experiência em outra língua. O processo de escrever o livro é bem desafiador. Aumenta a curiosidade, apoia o crescimento e a aprendizagem”, afirma. As produções dos alunos devem fazer parte da festa literária da escola, no segundo semestre, e ainda em uma ação especial para o Natal, preveem os diretores.
Em 2021, a versão piloto do Book Lab foi realizada em 51 cidades brasileiras. Ao total, 4.013 livros foram produzidos, com temas diversos debatidos em sala de aula – das lendas urbanas à proteção do planeta. De acordo com o Edify, a meta para 2022 é chegar a 6 mil alunos de todas as regiões.
Participação e protagonismo
Para Mayara Rosa, Project Manager responsável pelo Book Lab, o protagonismo do estudante está enraizado na iniciativa, tornando o aprendizado mais tangível. A autoria do próprio livro também desenvolve outras competências nos estudantes, como autoria, responsabilidade, gestão de tempo e conteúdos, interesse pela leitura e conhecimento de todas as etapas do processo editorial. “Os alunos veem o livro saindo do rascunho deles no caderno, passando para a plataforma, sabem que o livro vai para a gráfica e recebem o produto final impresso. Isso desperta o interesse e os coloca no centro do processo de aprendizagem”, ressalta.
Com as reformas curriculares e o Novo Ensino Médio, está estabelecido que todo aluno tem de ser protagonista, ressalta Thadeu Chequer. Uma ferramenta como o Book Lab, diz o diretor, aumenta o conhecimento e o protagonismo, desenvolvendo os alunos cada vez mais.
A proposta do Book Lab passa, também, pela interdisciplinaridade, comenta Mayara. “É um projeto que pode ser trabalhado em várias aulas. Um assunto de uma aula de ciências ou de história pode virar um livro com conteúdo escrito em inglês”, exemplifica.
Além da sala de aula
Oferecer alternativas para promover o ensino da língua inglesa e o contato da família com esse aprendizado vai além das páginas dos livros. “Qualquer espaço dentro da escola pode virar um espaço de aprendizagem. Quando as crianças estão nesses ambientes diferentes, fica mais fácil aprender, reter novas informações e aplicá-las em diferentes contextos”, reforça Carlos Mansilha.
Para além do dia a dia, o inglês pode ser levado para alguns projetos principais desenvolvidos ao longo do ano, como uma feira de ciências ou a festa junina, exemplifica Carlos, tornando esse aprendizado visível para toda a comunidade escolar.