Estudar história pode ser mais divertido com o apoio de jogos de tabuleiro - PORVIR
Crédito: skynesher/iStock

Diário de Inovações

Estudar história pode ser mais divertido com o apoio de jogos de tabuleiro

Alunos do ensino médio colocam a mão na massa e criam jogos de tabuleiro para debater o processo de Independência do Brasil

por Marcus Leite ilustração relógio 19 de janeiro de 2023

Aprender sobre a Independência do Brasil por meio de jogos de tabuleiro. Essa foi a proposta que fiz aos alunos do 2º ano do ensino médio da Fundação Torino, escola localizada em Nova Lima (MG). De forma lúdica, e com a mão na massa, a ideia era criar jogos divertidos, com o material disponível no Fab Lab da escola, sobre o Bicentenário da Independência, celebrado em 2022. 

A turma aceitou o desafio. Realizei o trabalho de orientação, prazos, reservas de espaços e sugestões, mediando a tarefa, integralmente executada pelos estudantes.

Primeiramente, desenvolvemos o tema em classe, além da avaliação no padrão formal (prova escrita). Distribuí um roteiro sobre como desenvolver jogos de tabuleiro e sugeri a eles os seguintes passos:

1) Criação de regras simples, facilmente entendidas, com o cuidado de não torná-lo infantil (com exceção em caso de jogos infantis).

2) Montagem de um jogo de duração curta (30 minutos), que pudesse ser utilizado após uma mesa de jantar ou num recreio longo, sem cansar os jogadores, além de um segundo modo de jogo mais longo.

3) Elaboração de uma dinâmica que mantivesse todos os jogadores até o final.

4) Montagem de uma estrutura de jogo que valorizasse mais o conhecimento do que a sorte – mantendo, porém, cartas de sorte ou revés.

5) Criação da incerteza e dúvida durante o jogo, a fim de captar o interesse dos jogadores.

6) Elaboração de uma estética atraente, que não cansasse os jogadores.

Confira a galeria de imagens:

Nas aulas seguintes, partimos para o planejamento. Os alunos criaram os modelos dos jogos no Fab Lab, onde foram confeccionados os modelos brutos para teste, em papel.

Construímos quatro diferentes jogos, com diferentes níveis de complexidade. Todos foram pensados para 4 jogadores e com duração de no máximo 30 minutos, mas um dos grupos criou também uma versão mais longa.

Um único grupo preferiu não montar um jogo de tabuleiro e criou um jogo de cartas na forma de enigma. Nele, cada carta traz uma informação básica, fazendo com que os alunos refletissem até acertar qual movimento ou momento histórico está presente na carta. 

Os outros três jogos foram feitos na forma de tabuleiro. A dinâmica seguia o padrão tradicional, com uma trilha a ser percorrida, questões a serem respondidas para avanço ou retrocesso e o elemento da sorte ou azar atrasando ou facilitando a vitória de um dos jogadores. 

Um dos grupos elaborou um tabuleiro onde se joga separadamente vários eventos do processo de independência: Conjuração Mineira, Conjuração Baiana, Fuga da Corte, entre outros. 


Organizados, os alunos dividiram as tarefas de acordo com habilidades que cada um já possuía, numa postura que otimizava o tempo e facilitava a conclusão do trabalho. Como foram feitos por diferentes grupos, cada tabuleiro teve uma inspiração e formato. Um dos grupos, por exemplo, colocou em seu tabuleiro as províncias do Brasil na época, enquanto outro ilustrou com importantes eventos históricos, criando uma trilha onde, caso o jogador caísse, saía com a carta que teria que responder.

A fase de testes aconteceu em três turmas diferentes, nas quais os alunos foram divididos em grupos e o jogo ocorreu sob a orientação dos estudantes que os produziram. 

A participação quebrou a rotina de sala de aula, trouxe um elemento lúdico para o conteúdo estudado e se transformou num momento divertido em classe.

O que é preciso para replicar esse projeto?

O grande elemento para a replicação do projeto é a orientação dos estudantes para o trabalho, bem como estimular a criatividade e realização da testagem dos jogos. Cada escola pode adaptar o projeto para os materiais que possuir, fazendo um ajuste para uso de papelão, cartolina, tinta, impressões de papel e utilização de dados e peças de plástico já prontos. No nosso caso, por contarmos com uma Fab Lab (maker space), utilizamos impressoras a laser para corte (papel/madeira/acrílico) e impressão na madeira. Utilizamos também impressão 3D para algumas peças que podem ser compradas já prontas.

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Marcus Leite

Licenciado em história e geografia, especialista em história do Brasil contemporâneo, MBA em gestão escolar (em andamento). Professor de história e geografia há 21 anos em escola privada, diretor didático em escola privada há 11 anos. Educador inovador (escola privada 2011 - Projeto Rádio História), coordenador e idealizador do Projeto Generocídio (Prêmio Construindo a Igualdade de Gênero e Prêmio Cidadãos do Mundo 2013), além de finalista do GEM-Tech Awards.

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educação mão na massa, ensino médio

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