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Inovações em Educação

Estudo internacional traz recomendações para o combate de desigualdades educacionais

No documento "HP FUTURES Closing the Global Education Gap", especialistas discutem o impacto da inteligência artificial e a necessidade de currículos atualizados para enfrentar os desafios da educação

por Redação ilustração relógio 10 de setembro de 2024

O mundo está longe de alcançar o ODS (Objetivo de Desenvolvimento Sustentável) 4 da ONU, que visa garantir educação de qualidade para todos até 2030. Hoje, a desigualdade educacional persiste. Cerca de 260 milhões de estudantes ficam fora da escola a cada ano, 70% das crianças no mundo não conseguem ler e compreender um texto simples até os 10 anos, conforme revelou o Banco Mundial. Além disso, o avanço da inteligência artificial (IA) e o cenário internacional, cada vez mais competitivo e polarizado, também trazem novos obstáculos para a educação.

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A empresa de tecnologia HP, em parceria com o Global Learning Council (organização formada por líderes acadêmicos, empresariais e governamentais que se dedica a promover a aprendizagem digital em larga escala) e a T4 Education (plataforma que conecta educadores ao redor do mundo), reuniu mais de 100 especialistas, incluindo líderes acadêmicos, representantes do governo, empresas e organizações da sociedade civil, para discutir soluções e propor ações que promovam uma educação mais inclusiva. O relatório ”HP FUTURES Closing the Global Education Gap” aborda tanto o papel da tecnologia na educação quanto as lições aprendidas a partir de casos de reformas educacionais bem-sucedidas.

Embora os países ainda estejam se recuperando do impacto econômico causado pela pandemia, o estudo argumenta que é essencial redesenhar os currículos para atender às necessidades atuais. Isso porque a rápida ascensão da inteligência artificial generativa e da automação exigirá que os estudantes se formem com habilidades voltadas para a economia do conhecimento. No entanto, hoje, a maioria dos países ainda prepara para uma economia do século 20, com pouco foco em capacitar os alunos para a fluência tecnológica que será essencial no mundo híbrido digital-físico do futuro, ou para os altos níveis de capacidade cognitiva e flexibilidade necessários para prosperar na era da inteligência artificial.

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Confira as recomendações abaixo para governos, formuladores de política e demais envolvidos no campo educacional :

Para governos

Aumentar o investimento em educação, mesmo em tempos econômicos desafiadores

Reformar e redesenhar os sistemas educacionais para criar escolas e currículos alinhados ao futuro. Essa abordagem é embasada em pesquisas extensivas. Um estudo de 2020 do Washington Center for Equitable Growth, organização de pesquisa sem fins lucrativos dos Estados Unidos, focada em investigar a relação entre crescimento econômico e desigualdade, revelou que cada dólar investido em educação gera um retorno de US$ 1,66 em atividade econômica, com maior impacto durante recessões. Em resumo, investir em educação hoje oferece um retorno significativo para governos e economias a longo prazo, além de apoiar reformas educacionais sustentáveis.

Implementar intervenções no início da trajetória educacional

Apoiar jovens de comunidades menos favorecidas a desenvolver habilidades voltadas para a economia do conhecimento e resilientes à inteligência artificial. Isso inclui trabalhar habilidades socioemocionais e o desenvolvimento de metacognição, ou seja, a capacidade de monitorar, controlar e refletir sobre o próprio aprendizado. Na escola, isso significa ensinar os alunos a compreenderem como aprendem, para que possam ajustar suas estratégias e resolver problemas de forma mais eficaz.

Compromisso com a educação básica universal

Oferecer pré-escola universal e garantir a transição das meninas para o ensino médio são medidas importantes para criar uma base sólida que permita discussões produtivas sobre a eliminação das desigualdades de aprendizado globalmente.

Reformar e redesenhar os sistemas educacionais

Adotar uma abordagem eficaz para a inteligência artificial, com foco nas novas habilidades necessárias tanto para professores quanto para alunos; implementar um sistema híbrido de ensino com momentos de aprendizagem assíncrona e síncrona; centralizar as habilidades socioemocionais nos currículos; abandonar o modelo industrial ultrapassado que separa disciplinas; reformar a avaliação para garantir maior igualdade de resultados; e ajustar os currículos para fomentar um senso de responsabilidade nos jovens no enfrentamento da crise climática.

Firmar acordos suprapartidários para metas educacionais de longo prazo

Despolitizar as reformas educacionais o máximo possível, reunindo políticos rivais em torno de metas compartilhadas, baseadas em orientações de especialistas.

Desenvolver um mercado de trabalho voltado para a economia do conhecimento

Trabalhar para construir um mercado de trabalho de habilidades voltadas para a economia do conhecimento, com empregos menos vulneráveis à automação ou substituição pela inteligência artificial, oferecendo oportunidades para jovens de diferentes níveis de qualificação.

Para formuladores de políticas educacionais

Garantir que os países desenvolvam sistemas de dados e avaliação bem planejados

Este é o melhor investimento que pode ser feito em educação hoje. Uma coleta eficaz de dados se tornará ainda mais essencial à medida que o mundo, impulsionado pela inteligência, depender cada vez mais de informações. Com o aumento da migração, também será necessário maior apoio à integração das crianças em novos sistemas.

Subsidiar ferramentas que ajudem os alunos a alcançar a alfabetização e numeracia básicas, incluindo o acesso a aplicativos de aprendizado de idiomas

Especialistas concluíram que superar as barreiras linguísticas é crucial para que os jovens desenvolvam as habilidades necessárias para a “Economia do Conhecimento” no futuro. Oferecer esse acesso seria uma “solução simples”, proporcionando uma base de recursos que promove autonomia e fluência.

Investir em iniciativas de formação de professores, especialmente na fluência digital

Apoiar educadores na adaptação à era digital e da IA é imprescindível, e tanto os programas quanto as estratégias de aquisição de tecnologia devem ser desenvolvidos em consulta com os próprios educadores.

Concentrar esforços na coleta de mais dados sobre a eficiência e o impacto econômico de projetos voltados à recomposição de aprendizagens

O setor precisa provar, de forma rápida e demonstrável, que os programas estão gerando efeitos econômicos e sociais positivos.

Reduzir o intervalo e melhorar a coleta de dados educacionais

A maneira mais eficaz e econômica de fazer isso é desenvolver um sistema nacional de avaliação, que ajude a eliminar a fragmentação na coleta de dados. Governos que ignorarem esse apelo correm o risco de desperdiçar recursos ao longo de reformas educacionais.

Criar recursos e projetos de acesso presencial para ajudar as empresas de tecnologia educacional a entender como as escolas funcionam

Especialistas destacaram que a falta de conexão entre esses grupos resulta na escolha errada de produtos das empresas de tecnologia educacional, subutilização de recursos e desperdício de orçamentos. Investir nesse projeto beneficiaria tanto os alunos quanto as empresas locais de EdTech.

Para empreendedores e demais envolvidos em educação

O conselho de especialistas também solicita apoio dos demais envolvidos na educação, incluindo a mídia e inovadores de EdTech, para:

Ajuder a amplificar as questões sistêmicas da recomposição de aprendizagens e suas possíveis soluções viáveis

Isso inclui financiar o jornalismo educacional que destaque iniciativas bem-sucedidas e colocar histórias sobre educação na mídia ao lado de outras questões importantes, como a redução de emissões.

Trabalhar mais de perto com acadêmicos para garantir que, no futuro, os produtos de startups de EdTech sejam baseados em pesquisas e evidências

Especialistas apontaram que há um excesso de produtos no mercado com pouca comprovação de eficácia nos ambientes educacionais.

Acabar com a prática de oferecer testes gratuitos de produtos em sistemas educacionais menos favorecidos, apenas para torná-los inacessíveis financeiramente após o período de teste

O fim dessa prática, segundo nossos especialistas, melhoraria os resultados de aprendizagem e a utilização global de recursos digitais de ensino e aprendizagem.


O estudo completo ”HP FUTURES Closing the Global Education Gap” pode ser acessado aqui (em inglês).


TAGS

competências para o século 21, empreendedorismo, ensino fundamental, ensino médio, tecnologia

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