Estudo liga reabertura das escolas à melhoria da saúde mental de famílias - PORVIR
Crédito: VioletaStoimenova/iStockPhoto

Coronavírus

Estudo liga reabertura das escolas à melhoria da saúde mental de famílias

Pais estão menos ansiosos e depressivos, diz pesquisa realizada pelo Boston College, nos Estados Unidos

por Rebecca Koenig, do EdSurge ilustração relógio 24 de agosto de 2021

As condições incomuns de vida escolar, profissional e doméstica que tantas pessoas enfrentaram durante a pandemia deram aos pesquisadores novas oportunidades para estudar as causas e consequências de fatores causadores de estresse e dos hábitos das famílias.

Quando as escolas e creches tiveram aulas presenciais suspensas, houve um aumento no tempo que as crianças passaram diante de telas e isso piorou ainda mais a saúde mental dos pais, de acordo com um estudo do Boston College e da Universidade de Maryland (Estados Unidos). Conforme o site EdSurge publicou no ano passado, pesquisadores concluíram que esse aumento no “tempo de tela” das crianças refletia níveis mais altos de estresse dos pais e a uma menor disponibilidade de recursos, e não estavam ligadas a qualquer mudança de pensamento sobre como seus filhos poderiam assistir à TV ou acessar o YouTube.

Quando as escolas começaram a reabrir, a equipe de pesquisadores se perguntou se era possível encontrar efeitos inversos. (Isso não é certo, porque humanos tendem a reagir mais fortemente quando perdem recursos do que quando os ganham). Afinal, mandar as crianças de volta à escola na modalidade presencial corresponderia a menos tempo de tela de lazer para as crianças e melhor saúde mental para os pais?

De acordo com um novo artigo, a resposta a ambas as perguntas é sim. “As famílias ficam menos ansiosas e deprimidas. Essa foi uma descoberta bastante sólida. E as crianças estão tendo menos tempo para recreação com telas”, diz Joshua Hartshorne, professor assistente de psicologia e neurociência do Boston College, que escreveu o relatório.

Hartshorne afirma que os resultados ajudam a quantificar os altos custos do fechamento e os benefícios significativos da reabertura de escolas na vida das famílias – e, por consequência, para as crianças.

“Mesmo que você não se importe com a saúde mental das famílias por algum motivo, sabemos que quem está deprimido e ansioso não está tão engajado com os filhos”, diz ele. “Não surpreendentemente, é difícil ser um pai realmente afetuoso e ativamente engajado quando você está lutando contra si mesmo.”


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É difícil ser um pai realmente afetuoso e ativamente engajado se você está lutando contra si mesmo. O estudo descobriu que a demanda de cuidados infantis era menor e a saúde mental melhor para os pais cujos filhos iam à escola presencialmente, em comparação com aqueles cujos filhos estavam aprendendo virtualmente ou em um modelo híbrido. Também foi apontado que as crianças que vão à escola pessoalmente passam menos tempo brincando diante de telas do que as que aprendem virtualmente. Como a aprendizagem híbrida se misturou com o tempo de tela é difícil dizer, talvez porque esse conceito supõe coisas diferentes em lugares diferentes.

Apesar das fortes crenças de alguns pais, há apenas pesquisas limitadas sobre se o tempo recreativo na tela é ruim para as crianças, de acordo com Hartshorne. E as situações decorrentes da pandemia parecem estar amenizando as posições de algumas pessoas sobre o assunto . Mesmo assim, menos tempo de diversão diante da tela pode ser sim um sinal positivo sobre a saúde da família, porque “indica que as crianças têm coisas melhores para fazer com seu tempo do que ficar assistindo conteúdos em streaming e jogos”, diz Hartshorne. “Dê a elas coisas interessantes para fazer com colegas, e elas não vão assistir à Netflix o dia todo”.

O estudo está atualmente em pré-impressão, o que significa que os resultados ainda não foram revisados por pares e publicados por uma revista científica. Eles estão baseados em dados de crianças de cinco a 18 anos de várias fontes nacionais. Uma dificuldade para conduzir o estudo, segundo Hartshorne, foi o fato de que os dados sobre a reabertura de escolas eram escassos em 2020.

Os resultados desses dois estudos podem ter implicações além das decisões da era pandêmica sobre os riscos e compensações de abertura e fechamento de escolas. Hartshorne acredita que eles devem afastar os formuladores de políticas e cientistas sociais de intervenções que visam principalmente informar as pessoas e se concentrar mais em programas que realmente atendam às pessoas.

O estudo conclui que as pessoas provavelmente não mudaram repentinamente suas opiniões sobre o tempo de tela e a criação dos filhos por causa da pandemia, mas sua capacidade de agir de acordo com essas crenças foi dramaticamente alterada pela repentina indisponibilidade de escolas e creches.

“A suposição é que esse é um problema cultural com soluções culturais, e não um problema de disponibilidade de recursos”, diz Hartshorne. “Se você está dizendo às pessoas para fazerem algo que elas não têm capacidade para fazer de qualquer maneira, será que conseguirá ter sucesso em convencê-las a fazer outra coisa que não as tornar infelizes?”.

*  Artigo publicado originalmente no EdSurge e traduzido mediante autorização


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