Faculdade inova em método para aluno de baixa renda
Lançada ontem, Portmont College diz que reunirá melhor do on-line e do presencial e vai escolher jovens pela força de vontade
por Patrícia Gomes 24 de outubro de 2012
A Mount St. Mary’s College, de Los Angeles, e a MyCollege Foundation anunciaram ontem o lançamento de uma nova instituição de ensino superior que promete oferecer o melhor do ensino presencial e do on-line para alunos de baixa renda. Financiada pela Fundação Bill e Melinda Gates, a Portmont College tem uma proposta de mesclar atividades virtuais, baseadas em tecnologias educacionais de ponta, com momentos ao vivo, em que os estudantes desenvolverão atividades que primam pelo desenvolvimento de habilidades que serão importantes para o mercado de trabalho.
“A Portmont foi desenhada para ser o trampolim para jovens adultos que têm coragem e determinação para serem bem-sucedidos, mas que enfrentam dificuldades, financeiras ou não, que limitam esse sucesso”, disse Srikant Vasan, fundador e presidente da Portmont. Para chegar a alunos com “garra e caráter”, como gosta de insistir, a instituição inovou na sua fórmula de seleção, que dá mais peso para força de vontade do que para as notas do histórico escolar. “Quando avaliamos os estudantes, suas notas não são tão importantes quanto sua garra e caráter. Você pode até ter algumas dificuldades – talvez você precise de uma ajudinha acadêmica ou talvez seja o primeiro da família a fazer faculdade – mas se está disposto a superá-las, a Portmont pode conectar você a um futuro brilhante”, diz a instituição em seu site.
Assim, em vez do vestibular tradicional, a Portmont dividiu sua seleção em três etapas. A primeira dura três semanas, com carga de cinco dias por semana, entre uma e duas horas por dia, e acontece virtualmente. Nas atividades, o candidato será estimulado a pensar sobre o que deseja para o futuro, vai desenvolver um plano individual de sucesso e passar por avaliações psicológicas. Ao longo de todo o processo, ele vai recebendo feedback instantâneo sobre seu desempenho.
Os selecionados, já alunos da Portmont, passam então por uma semana intensiva de atividades presenciais, em que vão ter a oportunidade de trabalhar em projetos, desenvolver habilidades de comunicação e começar a construir suas redes de colegas, além de conhecerem seus tutores. A terceira e última etapa ocorre durante o primeiro semestre de estudos, em que o aluno recebe acompanhamento e reforça sua rede de apoio na instituição.
O processo seletivo começa em dezembro e as aulas, em março. Há quatro programas disponíveis: administração, ciência da computação, artes liberais e ciências da saúde. Os custos para ser um aluno da instituição são de US$ 5.240 por ano, sem tarifas adicionais, valor que tende a atrair estudantes de camadas sociais mais baixas – apenas a título de comparação, as melhores universidades norte-americanas custam US$ 60 mil por ano, sem contar taxas extras, como alimentação e moradia.
A maior parte do período letivo ocorre on-line, mas a instituição estimula que alunos que moram em localidades próximas formem comunidades para facilitar o aprendizado por pares. As disciplinas duram oito semanas e, por vez, os alunos podem cumprir até três delas. As atividades são orientadas para o aprendizado baseado em projetos. “Nós não somos uma universidade comum nem ensinamos de um jeito tradicional. E também não estamos preocupados com medidas tradicionais, como notas e provas. Nós ensinamos o que os empregadores procuram”, afirma a instituição.
O lançamento da Portmont ocorre num momento de intensos debates nos EUA, impulsionados pela corrida eleitoral, sobre endividamento estudantil. Nos Estados Unidos, as universidades norte-americanas são pagas. Para conseguirem cursar o ensino superior, é comum que os alunos tomem empréstimos. Relatório divulgado no ano passado apontava que 2 em cada 3 alunos que se formaram em 2010 tinham dívidas, cujos valores médios eram de US$ 25.250.