Projeto voltado à checagem nas eleições traz planos de aula - PORVIR
Crédito: malerapaso/iStock

Inovações em Educação

#FakeToFora: Projeto voltado à checagem nas eleições traz planos de aula gratuitos

Focadas na cidadania do jovem eleitor e nas informações confiáveis no período eleitoral, metodologias ativas podem ser aplicadas por professores de qualquer disciplina

Parceria com EducaMídia

por Ana Luísa D'Maschio ilustração relógio 18 de abril de 2022

Em Teresina (PI), Dayane Coelho, de 16 anos, usa o computador do comércio do pai para apoiar outros adolescentes a tirar o título de eleitor. Heloíse Almeida, de 17 anos, mora em Mossoró (RN) e integra o projeto ‘Cada Voto Conta’, que convida estudantes a emitir o documento pela primeira vez: jovens que completam 16 anos até 2 de outubro podem solicitá-lo diretamente no site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) até o dia 4 de maio. 

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O TSE, inclusive, tem aproximado sua linguagem dos jovens a fim de atrair a turma de 16 e 17 anos que não é obrigada, mas pode votar nas eleições de 2022, nas quais serão disputadas vagas para deputado federal, deputado estadual, senador e presidente. A hashtag #RolêdasEleições, divulgada por artistas como Taís Araújo e Gil do Vigor, tem mobilizado as redes sociais. Há, ainda, quem afirme que só tira foto com os fãs caso mostrem o título, como anunciou a cantora Anitta.

➡️Prêmio #FakeTôFora oferece R$ 10 mil ao melhor projeto de combate à desinformação

Incentivar o processo democrático é um dos principais objetivos do Projeto #FakeToFora. Criado pelo Instituto Palavra Aberta, por meio do EducaMídia e apoiadores oficiais, como o próprio TSE e a Câmara dos Deputados, a iniciativa convida educadores e estudantes que se preparam para votar a analisar a origem das informações (quando devem ser confiáveis e compartilhadas). São seis planos de aula gratuitos, focados no papel da cidadania e da educação midiática no processo eleitoral.

“O EducaMídia vê o #FakeToFora como um grande manifesto, que vai além dos materiais desenvolvidos para o contexto escolar. Estar ao lado de agentes importantes no processo eleitoral, mas também de parceiros com atuação tão bacana na área de educação, é algo que reforça a importância da educação midiática em um ano eleitoral”, afirma Daniela Machado, coordenadora do EducaMídia. “Além disso, TSE e Câmara, por exemplo, são instituições que também já estavam criando ou retomando projetos voltados para o jovem eleitor, então foi um processo quase natural juntarmos forças”, explica.

Histórico do projeto #FakeToFora

Os conteúdos do #FakeToFora começaram a ser desenhados em dezembro de 2021 pelo professor Estevão Zilioli, autor da iniciativa Hoaxbusters, na qual estimula alunos a checar informações e encontrar fontes seguras relacionadas à ciência. O #FakeTôFora segue a mesma proposta, para que educadores, de qualquer disciplina, possam falar sobre educação midiática e eleições em sala de aula.

De cards interativos a um jogo de tabuleiro, os módulos “Democracia e Eleições”, “Pesquisa eleitoral”, “Resultados das pesquisas”, “Processo eleitoral”, “Urna eletrônica” e “Difamação e desinformação” são apresentados de maneira lúdica e crítica ao mesmo tempo. Cada um tem 20 horas e a ideia é que o educador possa trabalhar nessa trilha com suas turmas de ensino médio por seis meses e, em seguida, criar clubes ou coletivos de checagem com seus estudantes – iniciativa em construção, a ser divulgada no segundo semestre pelo #FakeToFora.

“Não são atividades fechadas, justamente para que os alunos, de maneira coletiva, sejam capazes de reconhecer possíveis desinformações e fazer uma leitura mais reflexiva desse conteúdo que chega durante o período das eleiçõesl”, conta Estevão. “Temos atividades de pesquisa eleitoral, que podem ser mais confortáveis para um professor de matemática. Outras, como processo eleitoral, podem estar mais próximas dos professores de língua portuguesa ou sociologia”, exemplifica. 

Infográfico: Como trazer a educação midiática de forma interdisciplinar para sua aula

Olhar treinado para combater fake news

“Não queríamos correr o risco de tornar a política, assunto tão desafiador, em algo enfadonho, e fazer com o jovem se distancie ainda mais dele. Nossa preocupação, ao montar os planos de aula, era ser o mais mão na massa possível, partindo da realidade do aluno, mostrando que (a política) faz parte da realidade dele também”, reforça Estevão. 

De acordo com Daniela Machado, a proposta do #FakeToFora é apoiar o professor com todas as orientações e dicas para que ele dê a oportunidade de os próprios alunos refletirem sobre os conteúdos relacionados ao voto aos quais estão expostos diariamente. “Quem criou essa informação? Com que intenção? Para relatar um fato, compartilhar uma opinião, me convencer de algo, divertir? Que pontos de vista foram beneficiados? E quais estão ausentes? Pode parecer complicado, mas é um hábito que pode se tornar parte do nosso dia a dia”, sugere.

Para a coordenadora do EducaMídia, não se trata de desconfiar de tudo pura e simplesmente, mas de ter o cuidado de fazer uma breve pesquisa antes de deixar uma informação ser ainda mais compartilhada. “Seria muito interessante para o processo eleitoral se os jovens eleitores tivessem a chance de ‘treinar seu olhar’ para consumir informações de uma maneira mais responsável, avaliando sua confiabilidade, qual a intenção de quem criou ou compartilhou aquela mensagem, como isso pode afetar uma campanha etc.”, recomenda Daniela. 

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educomunicação, eleições, ensino médio, novo ensino médio, planos de aula

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