Futuros possíveis na educação pós-pandemia
Tomadores de decisão precisam estar atentos aos desafios econômicos, tecnológicos e psicológicos para garantir equidade
por Ruam Oliveira 27 de abril de 2021
Há alguns meses grande parte da população mundial não se imaginaria estudando ou dando aulas majoritariamente em frente às telas. O contexto de pandemia obrigou uma parcela significativa de pessoas a permanecer num modo 100% online, algumas tendo a possibilidade de ensino híbrido. Esse fator pode reverberar no futuro e em como encarar a educação nos próximos anos.
Um outro aspecto evidenciado pela pandemia diz respeito às desigualdades sociais e que podem ter impactos negativos em estudantes de classes mais pobres ao longo do tempo. 46% dos municípios brasileiros não possuem infraestrutura necessária para oferecer ensino à distância, é o que aponta Marcelo Cabrol, gerente do setor social do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) na série Reimaginando a Educação, promovida pela Microsoft.
“Isso não é uma exceção, é uma regra na América Latina”, destaca. Além dos impactos causados pela falta de tecnologia e conectividade, Cabrol afirma que haverá efeitos também na saúde física e emocional dos estudantes, sobretudo quando há no horizonte a possibilidade de uma crise econômica e de confinamento.
De acordo com as projeções do BID, os alunos ricos sairão da pandemia com 2,5 anos de diferença – em termos de aprendizagem – em relação aos alunos mais pobres. E quais seriam os cenários possíveis num contexto pós pandemia? Regressar ao modelo inteiramente presencial tido antes ou investir em uma educação que traz consigo os aprendizados obtidos durante a pandemia?
“Precisamos ser mais atenciosos sobre como usamos nosso tempo juntos”, afirma Anthony Salcito, vice-presidente de Educação na Microsoft. “Reconhecendo que tudo isso nos leva a uma oportunidade e, francamente, a realidade que devemos reimaginar o potencial e a oportunidade que a educação enfrenta.”
Os desafios aos quais ele se refere são justamente a proposta de repensar a educação nos próximos anos. Ele destaca os desafios econômicos, tecnológicos e psicológicos deste tempo e sugere que gestores e educadores reflitam sobre uma mudança de paradigma de longo prazo.
Uma saída possível está na educação híbrida. Porém, apenas nove países da América Latina conseguiram implementar metodologias e conteúdos específicos que dessem conta desta tarefa durante a pandemia. Salcito destaca que é importante a convivência e o modelo presencial, mas aponta também que é possível retirar o máximo aproveitamento com estratégias que possam mesclar o digital e a aprendizagem remota.
Os desafios de educação observados passam especificamente pela questão econômica e que gera desigualdade de oportunidades. O destino final a ser perseguido, destaca o gerente do BID, não é o uso da tecnologia em si, mas sim a equidade de acesso. Reimaginando futuros na área, será possível que gestores e educadores possam traçar metas factíveis no ensino e na educação desejada.
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