Instituições e academia se unem para enfrentar desafios
Problemas reais de projetos de educação são a base do curso de especialização do Singularidades, em São Paulo
por Fernanda Kalena 15 de janeiro de 2015
O Instituto Singularidades, em São Paulo, abriu suas portas para instituições de educação apresentarem problemas e desafios que enfrentam e que gostariam de ajuda da academia para encontrar soluções. A dinâmica foi realizada no final do ano passado e faz parte do programa do curso de especialização chamado Educação Inovadora: Didáticas, Tecnologias, Design e Autoria (leia mais aqui), concebido em parceria com o Instituto C.E.S.A.R., centro de inovação de engenharia avançada em Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), do Recife (PE).
O curso foi estruturado para ter como base problemas reais da sociedade e usar a metodologia de aprendizagem baseada em problemas (ou PBL, do inglês problem based learning). No total, 11 instituições fizeram apresentações para a turma ressaltando os desafios que enfrentam e em quais pontos gostariam de ajuda. Depois, foi a vez dos alunos se reunirem para escolher quais desses problemas eles gostariam de estudar, em grupo, pelos próximos 13 meses, para encontrar possíveis soluções.
“As pesquisas acadêmicas precisam dialogar mais com a sociedade, por isso ficamos muito felizes em participar do curso. Também é a oportunidade de ter outras pessoas pensando de forma prática como solucionar um problema nosso”, conta Julia Dietrich, gestora do programa Centro de Referência em Educação Integral, da Associação Cidade Escola Aprendiz.
A instituição apresentou como desafio a construção de um programa de formação para profissionais de educação sobre como implementar a educação integral. Além disso, precisa ser escalável em nível nacional e de baixo custo. “Apresentamos uma missão impossível”, brinca Dietrich, que conta que tudo indica que o projeto será uma plataforma digital que utilizará recursos da educação a distância.
O desafio é grande, mas não assustou os estudantes. Muito pelo contrário. Fernando Mello Trevisani, aluno do curso e professor de matemática, disse que pensar em um projeto de formação para profissionais de educação de larga escala e com qualidade foi o que o motivou a escolher esse problema para estudar. “Vemos na realidade quais são os desafios e buscamos suas soluções. O curso é prático, vamos aprender resolvendo o problema e não apenas recebendo conteúdos de forma passiva. A proposta é ativa, de pesquisa, troca, reuniões e mentoria”, conta.
Outras cinco instituições vão participar do curso: Oswald de Andrade, Inspirare, Pólo Cultural de Heliópolis, Escola Democrática Politéia e Lourenço Castanho. Os problemas apresentados são de naturezas bastante diversificadas. O colégio de São Paulo Oswald de Andrade, por exemplo, quer ser uma escola com taxa zero de reprovação e exclusão, desenvolvendo um novo modelo de recuperação. O Inspirare quer buscar abordagens inovadoras para os desafios enfrentados por educadores e estudantes do ensino fundamental 2.
Já o Pólo Cultural de Heliópolis traz a questão de integração de seu espaço multifacetado com a comunidade. A Escola Democrática Politéia colocou a questão do individual versus o coletivo e como essa dualidade pode se estabelecer e conviver fazendo uso dos recursos tecnológicos.
A escola Lourenço Castanho busca novas abordagens para usar recursos tecnológicos na educação infantil. Como a diretora Fabia Antunes ressaltou em sua apresentação, a escola é o lugar do diferente e as crianças da escola já estão acostumadas a brincar com tablets em casa.
Agora, com os problemas selecionados, cada grupo vai desenhar os desafios para ampliar o entendimento sobre eles. Nessa primeira etapa, o objetivo é ter clareza, juntamente com a instituição, sobre o que deve ser solucionado. Em seguida, vem a parte de modelagem das possíveis soluções, que começam a ser prototipadas, para, for fim, serem avaliadas e implementadas.