Instituto inverte sala de aula para professores
Singularidades quer preparar educadores para novos modelos de ensino, sem as tradicionais divisões por classe ou séries
por Fernanda Kalena 23 de janeiro de 2014
Ensinar de modo inovador e fazer com que o modelo seja passado a diante é o novo desafio do Instituto Singularidades, especializado em formação e capacitação de professores. A organização, este ano, vai propor aos seus alunos um novo método de aprendizagem, que inspirado em modelos e experiências internacionais, vai tentar inverter a sala de aula – os estudantes aprenderão em casa o conteúdo e o espaço da escola será usado para dúvidas e experimentação.
“Para melhorar as condições de aprendizagem dos nossos alunos, fomos pesquisar o que existe no mercado internacional, as inovações no modelo de ensino acadêmico. Nas escolas que visitei nos Estados Unidos e que temos como referência, como Harvard, MIT, Babson College e Olin College, o flipped classroom [ou sala de aula invertida] elevou a taxa de aprendizado dos alunos em 30%. O que mostrou que eles aprendem e se desenvolvem mais por meio dessa metodologia”, afirma Claudio Oliveira, diretor-geral do Instituto Singularidades.
A sala de aula invertida propõe que os alunos estudem os conteúdos antes das aulas, por meio de videoaulas ou outros recursos interativos como games. Assim, a sala é usada para a realização de exercícios, projetos e atividades em grupos, otimizando o tempo do professor para tirar dúvidas, aprofundar temas e estimular discussões. E é essa experiência que os próprios futuros educadores vão viver na pele antes de aplicar o modelo.
“Queremos uma sala de aula ativa e interativa. Invertendo a lógica tradicional de organização educacional o aluno ganha mais autonomia de aprendizado e o papel do professor deixa de ser o de especialista e passa a ser o de tutor, de facilitador, no sentido de ajudar o aluno a desenvolver seus projetos em sala”, diz. Os próprios docentes do instituto tiveram que passar por um treinamento de quatro meses para se prepararem para aplicar essa metodologia e se familiarizarem com a plataforma de compartilhamento de conteúdo que vai ser usada.
Para Claudio, a grande sacada desse modelo é a nova organização das turmas. Os alunos não serão mais enfileirados, com carteiras voltadas para um único professor no quadro-negro. No novo modelo eles passam a ser divididos em grupos espalhados pela sala e o professor circula entre as mesas acompanhando as atividades e tirando dúvidas. “Outra coisa interessante é que não vamos mais ter a divisão por séries. As turmas têm capacidade para até 90 alunos, vamos misturar todos os períodos para trabalharem conjuntamente em projetos e atividades.”
Para o professor Valdir Carlos Silva, coordenador do curso de matemática do Singularidades, trabalhando por projetos e colaborativamente, os alunos irão desenvolver habilidades como comunicação e senso crítico e inovador. “Os professores formados por esse modelo vão estar preparados para enfrentar e resolver problemas, não apenas para serem transmissores de conteúdos e reprodutores desses problemas. A postura é proativa, o aluno sai preparado para lidar de forma inovadora com os problemas do mercado.”
A expectativa do Singularidades é de que os professores formados por meio do método impactem também outras salas de aula pelo país. “Esses novos modelos já são aplicados faz tempo nos Estados Unidos e vão tomar conta do mercado brasileiro nos próximos anos. No nosso caso, por sermos formadores de professores, precisamos começar a trabalhar nesse modelo para que os nossos alunos possam se apropriar desse conhecimento e assim consigam transformar as escolas onde irão atuar futuramente”, argumenta Claudio.