Jovem faz mochilão para conhecer escolas na Europa - PORVIR

Inovações em Educação

Jovem faz mochilão para conhecer escolas na Europa

Estudante e empreendedor visita instituições inovadoras para aplicar novos conceitos de educação no Brasil

por Tatiana Klix ilustração relógio 10 de outubro de 2013

É raro algum jovem que tem a oportunidade de fazer um mochilão pela Europa voltar sem a certeza de que a viagem foi uma experiência marcante e transformadora. Além de diversão, é um momento que traz muito aprendizado. E se a jornada tiver o objetivo de aprender sobre escolas? Inspirado em outros viajantes que percorrem o Brasil ou o mundo em busca de bons modelos educacionais, como os integrantes do coletivo Educ.ação e o jornalista Caio Dib, do projeto Escolas do Brasil, o mineiro Francisco Mello Castro, 21, partiu em julho para a sua primeira visita ao continente europeu para conhecer escolas que desenvolvem o ensino pela experiência e incentivam seus alunos a resolver problemas reais.

Mas, ao contrário de colegas que encaram projetos semelhantes, Francisco não vai escrever um livro, atualizar um blog ou fazer uma série especial de TV. “Eu não sou jornalista, minha viagem tinha o objetivo de conhecer iniciativas para aplicar no Brasil, para contribuir nos projetos em que estou trabalhando”.

Jovem faz mochilão para conhecer escolas na Europacrédito zanarinilara / Fotolia.com

O estudante de administração pública já é também um empreendedor social. Desde o início do ano, trabalha com três sócios na startup Empower, cujo o lema é “dar às pessoas o poder de escrever suas histórias com as próprias mãos”. Neste primeiro ano, a empresa tenta fazer isso oferecendo consultoria a instituições de ensino superior para transformar aulas em laboratórios para criação de soluções inovadoras.

“Nós prestamos esse serviço para faculdades: levamos para dentro da sala de aula um problema social e ‘empoderamos’ os alunos a responder a esse desafio. Mas queremos ampliar esse modelo, por isso a necessidade de entender o que já é feito nesse sentido para trazer para cá”, explica o jovem viajante.

Como bom mochileiro, Francisco não planejou nos mínimos detalhes a viagem que chamou de “Education Around the World”. Ele decidiu encarar seu próprio desafio de “aprender fazendo” 30 dias antes da partida. Fez alguns contatos ainda no Brasil, mas não tinha definido todos os trajetos e onde ficaria hospedado. “Eu saí daqui para visitar seis escolas que são relativamente famosas, como a Schumacher [College], a Team Academy e a Knowmads, mas acabei conhecendo 18 projetos”, diz.

O esquema de visitas foi bastante informal. Em alguns lugares, sabia que seria recebido, em outros simplesmente “bateu na porta”. Integrante da Make Sense, uma comunidade global de pessoas que ajudam empreendedores sociais a desenvolver seus negócios, contou com a rede do grupo para abrir portas nas instituições ou até conseguir um pouso.

“Na Schumacher, a pessoa com quem eu estava tentando falar não respondia e-mail nem atendia ao telefone. Peguei um trem de quatro horas e bati lá. Acabou que me receberam muito bem, até comi e dormi de graça”, lembra. “As pessoas são muito sensíveis à educação. Elas fazem questão de conversar com quem está interessado no tema”.

Workshops realizados por Francisco pela Europacrédito Arquivo Pessoal

Tendências

Como aprendizado do tour de 30 dias por cinco países, Francisco diz ter conseguido encontrar tendências educacionais que atendem aos valores e necessidades do século 21. Na maioria dos projetos visitados, percebeu padrões comuns de prática que acredita que precisam ser aplicados no Brasil: encorajar alunos a experimentar, incentivá-los a usar os conhecimentos que já têm e dar liberdade a eles para escolher como querem aprender e como querem fazer isso.

Como exemplo, cita a experiência do centro de pesquisa CRI (Centre de Recherche Interdisciplinaire), em Paris, que é uma universidade democrática onde “os alunos podem estudar o que quiserem na área de biologia e farmácia”. “Não existe hierarquia entre alunos, professores, pesquisadores. Tem pesquisa que é liderada por um graduando, com colaboração de um PHD”, explica entusiasmado.

Para dividir a experiência, Francisco já deu três workshops, um em Lisboa, outro em Paris e um em Belo Horizonte, sobre as escolas visitadas. Mas seu objetivo principal agora é usar o que aprendeu nos projetos da Empower e levar as novas técnicas a alunos brasileiros. O ainda estudante é cauteloso em prever como isso vai acontecer,  mas está testando alguns modelos. “Muitas pessoas estão fazendo viagens para conhecer projetos de educação, o que é ótimo, mas às vezes acho que falta fazer algo de fato. Nós queremos isso”, afirma.

Seu maior projeto em andamento é uma consultoria para criar um laboratório a alunos de engenharia da UFMG e foi aprovado para o programa Dignidade, da Fundação Dom Cabral, uma incubadora de projetos sociais. Outro workshop que está sendo preparado é um desafio para resolver problemas de uma escola pública de ensino médio de Belo Horizonte.


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empreendedorismo, negócios de impacto social

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