Movimento propõe criação de espaço para acolher professor
Cuidar de Quem Cuida da Educação propõe rodas de diálogo para que professores troquem experiências e sirvam de guias uns aos outros
por Maria Victória Oliveira 9 de outubro de 2015
Muito se ouve falar sobre a necessidade de colocar o aluno no centro do processo de aprendizagem, além de focar em suas necessidades e particularidades. Mas qual atenção é dada aos desafios enfrentados diariamente pelo professor? Pensando nisso, as mobilizadoras Maitê Cidade e Bruna Kievel tiveram a ideia de criar um espaço de compartilhamento de experiências, dando origem ao movimento Cuidar de Quem Cuida da Educação.
Segundo Freddy Cuzco, professor e um dos cinco mobilizadores do projeto, o objetivo é a cocriação de espaços de cuidado e diálogo, tendo o professor como protagonista. “O movimento Cuidar de Quem Cuida da Educação é um constante convite para que o professor possa participar – daí vem a questão da cocriação – da elaboração de espaços no seu próprio entorno e que permitam que ele encontre, crie ou fortaleça a sua própria rede”. Freddy defende que a ampliação dessa rede permite que o educador crie e dissemine espaços de cuidado e de diálogo dentro da instituição de ensino. “O professor deve ter autonomia para consultar os seus alunos sobre o que eles querem aprender e do jeito que querem aprender”.
Entretanto, engana-se quem pensa que se trata de uma consultoria para profissionais da educação. As reuniões são como “rodas de conversa”, que acontecem no Laboratório TransLab, em Porto Alegre (RS). Além dos encontros, o movimento organiza intervenções urbanas e atividades paralelas, como o TED Pirata. A segunda edição do encontro contou com a presença de três convidados com diferentes perspectivas sobre a educação como forma de promover o empoderamento: uma diretora de escola, uma educadora que trabalha em consultoria de questões de gênero e um empreendedor que trabalha com autoconhecimento. “Mais do que uma simples palestra, cria-se uma roda de diálogo, onde as pessoas estão abertas a perguntas, a contar sua história e, principalmente, a ouvir histórias que possam ajudar a construir conhecimento coletivo”, defende Freddy.
Qualquer um que se interesse pela troca de ideias sobre educação pode participar dos eventos, assim como das atividades paralelas que envolvem outras iniciativas sediadas no Instituto Translab. Entre teatros de rua, criação de hortas sustentáveis e pintura de quadros, pais, alunos, adolescentes e vizinhos da comunidade podem acompanhar o trabalho do movimento.
Para aqueles que estão longe de Porto Alegre, há aproximadamente dois meses foi criada uma nova vertente do movimento: o EducaRádio, um programa transmitido pela internet que traz entrevistas com pessoas diretamente envolvidas em educação.
Empreendedorismo e autoconhecimento
Segundo Freddy, o curso Estaleiro Liberdade, sobre empreendedorismo e autoconhecimento, o ajudou a perceber a importância de perguntar “o que você quer fazer da sua vida e qual é o primeiro passo para isso?”. A criação de um laboratório de experimentação na instituição onde trabalhava e a discussão do chamado empreendedorismo de vida permitiram com que entendesse que existe uma grande carência de espaços que permitam a autonomia e empoderamento dos alunos.
Entretanto, ele ressalta que cada encontro do Cuidar de Quem Cuida da Educação serve principalmente para mostrar aos professores que eles não estão sozinhos. “Nós estamos espalhados, mas começamos a nos unir. Quando compartilhamos isso nas reuniões e os olhos dos professores brilham, é aí que se cria a fortificação da rede. Num espaço seguro, de diálogo, coisas mágicas acontecem”.