Plataforma colaborativa mapeia cursos por bairro

Com a evolução da web nunca tanta informação esteve à disposição do internauta.  A partir de alguns cliques e com a ajuda do grande oráculo – o Google –, os usuários recebem cada vez mais uma infinidade de links que podem direcioná-los às notícias que buscam, aos cursos que pretendem fazer ou, simplesmente, ao endereço da biblioteca que pretendem visitar. O fato é que nem sempre essa mesma web consegue “entregar” a informação desejada de maneira mais geolocalizada, por bairro, por exemplo, especialmente quando o produtor dessas informações são os portais de conteúdo de instituições públicas.

Foi a partir dessa inquietação que um grupo de estudantes paulistas: Lucas Montanheiro, 29, Emilio Veloso, 32,  e Fernando Mattos, 26, resolveu criar o Complicitat (Cumplicidade, em catalão), uma plataforma aberta colaborativa que permite aos usuários consultar informações relacionadas diretamente ao seu bairro. Desde a notícia sobre as obras de trânsito na própria rua, até a oferta de atividades culturais e cursos de educação oferecidos na sua comunidade. Idealizada há três anos, somente em junho deste ano a plataforma foi lançada.

“O projeto surgiu de um estudo sobre como cidadãos paulistanos poderiam se aproveitar dos serviços do governo utilizando as ferramentas digitais. Hoje, o modelo existente de comunicação ainda impõe ao cidadão ir atrás das informações. Queremos colocá-lo no centro: é a informação que tem que chegar até ele, e não o contrário”, afirma Montanheiro, que é formado em jornalismo na USP. E para que esse fluxo de conteúdo seja “invertido”, a equipe do Complicitat desenvolveu robores digitais para mapear as informações disponibilizados pela prefeitura, polícia e outras instituições públicas e até privadas. “Atualmente, os canais desses órgãos não são padronizados e são difíceis de ser acessados”, explica.

Vizinhos

O grande diferencial da plataforma é propor a participação do “vizinho” dentro do ambiente virtual do Complicitat. Com a lógica de trabalhar uma cultura de colaboração com a cidade e entre cidadãos, qualquer internauta pode incluir a oferta de cursos, apresentações culturais em praças ou eventos menores em alguma escola. O morador da cidade de São Paulo que estiver interessado em conferir alguma atividade educativa em seu bairro, pode checar se existe alguma recomendação de um “vizinho” ou se a equipe do site incluiu, por exemplo, a palestra ou workshop de um professor especialista na universidade próxima à sua casa.

Para que todas essas possibilidades estejam disponibilizas aos internautas, a equipe do Complicitat trabalha de forma intensa. “Fizemos um trabalho de mapeamento dos aparelhos culturais públicos e privados da cidade de São Paulo, para que seja facilitado o acesso às informações sobre museus, praças, cinemas, bibliotecas públicas. Já possuímos mais de 100 mil itens catalogados. Além disso, a atualização dos dados no site ocorre, no mínimo, a cada uma hora”, explica Lucas Montanheiro.

Satisfeitos com os primeiros resultados – mais de 500 usuários seguem o Complicitat no Facebook, Twitter e também pelo aplicativo em Android lançado para dispositivos móveis –, não faltam planos de expansão da plataforma. “O próximo passo agora é buscar uma parceria para aumentar o alcance. Queremos lançar o mesmo modelo que temos no mapeamento de São Paulo para as outras cidades da Copa do Mundo até o final deste ano. Por isso, temos um longo trabalho pela frente”, fala o jovem empreendor.

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