Plataformas aproximam pessoas da política - PORVIR

Inovações em Educação

Plataformas aproximam pessoas da política

No Brasil e na América Latina sites ajudam usuários a se empoderar, resgatando seu papel de cidadãos e a participação democrática

por Vagner de Alencar ilustração relógio 23 de agosto de 2012

Para se tornar um cidadão engajado não é preciso necessariamente sair de casa, reunir pessoas nas ruas ou acompanhar protestos dos movimentos sociais. Plataformas on-line de engajamento cívico têm sido uma alternativa para educar as pessoas em relação aos seus direitos e deveres e conectar suas demandas diretamente aos governos.

A Panela de Pressão é uma delas, no ar há menos de um mês, a plataforma é um canal em que as pessoas podem criar campanhas e mobilizar outras pessoas para que enviem suas manifestações diretamente aos ministros, através do Facebook, Twitter ou e-mail. Já em outro site, chamado Verdade ou Consequência, desenvolvido em julho deste ano, os usuários podem produzir questionários colaborativos e enviar suas perguntas aos vereadores, comparar os candidatos e encontrar o seu “voto ideal”.

crédito Andes Rodriguez / Fotolia.com

Ambas as plataformas nasceram do Meu Rio, organização não-governamental, sem fins lucrativos que estimula, por meio da tecnologia, a mobilização da sociedade para política. “Essas ferramentas não são apenas de utilização cidadã, mas também de aprendizagem. Elas surgem a partir da necessidade de que as pessoas entendam melhor seus direitos e deveres”, afirma Leonardo Elói, diretor de projetos do Meu Rio, projeto criado pela Purpose, uma incubadora de movimentos sociais fundada há 5 anos pelos criadores do Get Up Australia e do Avaaz. Este último, desde 2007, vem realizando campanhas massivas no mundo inteiro. No Brasil, por exemplo, em 2009, conseguiu mobilizar em dois dias mais de 14.000 ligações e enviaram mais de 30.000 mensagens on-line ao presidente Lula. A pressão pública reverteu a decisão que da lei que daria boa parte da floresta Amazônica para a exploração de agronegócios.

No Brasil e na América Latina, plataformas como essas surgem como alternativas para o empoderamento das pessoas e um chamado ao cumprimento do papel cidadão. No caso do Meu Rio, por exemplo, os sites são em opensource, ou seja, podem ser copiados por qualquer outra cidade, sem qualquer tipo de custo. “Nosso objetivo é auxiliar as pessoas a usarem uma linguagem mais adequada para dialogar com o governo, além de mostrar e fazê-los encontrar leis ou informações que fundamentem seus pedidos”, afirma Elói.

“É incrível ver como as pessoas tendem a ser mais propositivas nas críticas quando elas têm mais informações sobre um assunto”

Para conectar as pessoas ao que acontece no Congresso Nacional, o site do Votenaweb   faz a ponte entre cidadão e o órgão político. Na plataforma, que é dividida em três editorias, o usuário pesquisa quais são os projetos que estão sendo propostos (por estado ou partido) e vota naquele que aprova ou não. E seus votos podem ser comparados aos dos políticos para que ele saiba se o seu candidato vota como ele ou ainda quais candidatos votam como ele gostaria de votar.

Em outra seção, é possível mapear todos os projetos (aprovados e reprovados) do senado ou da câmara. Já a última editoria, reúne informações sobre os políticos: quantidade de mandatos ou até mesmo quantos e quais projetos enviou ou votou. “Acredito que plataformas de internet como o Votenaweb têm um papel educativo importante, pois facilitam o acesso do cidadão, principalmente os jovens, a um tipo específico de informação. Além de proporcionar condições para o debate político, importantíssimo para um sistema democrático.  É incrível ver como as pessoas tendem a ser mais propositivas nas críticas quando elas têm mais informações sobre um assunto”, diz Fernando Barreto, cofundador da Webcitizen, empresa que criou o Votenaweb.

Assista a palestra do TEDxSP sobre o Votenaweb:

 

Outra iniciativa similar é o Para onde foi meu voto?. A plataforma foi desenvolvida em junho deste ano durante o Hackatão – evento que promove o uso de tecnologias para incentivar a transparência de dados. O site catalisa os nomes dos vereadores da cidade de São Paulo e permite que o usuário, por exemplo, selecione o candidato e encontre um histórico sobre sua atuação: os projetos propostos por ele na câmara ou até mesmo quanto o seu mandato custou aos cofres públicos. No final da consulta o eleitor ainda pode deixar sua nota para o candidato.

América Latina

Já fora do Brasil, um grupo de porto-riquenhos criou o Voto Inteligente, plataforma que traz informações sobre partidos, seus candidatos e campanhas do país. O canal foi criado há quatro anos e aproxima os eleitores dos candidatos usando diferentes recursos multimídia como vídeo-chats em que os políticos podem interagir com em que os eleitores através de perguntas e respostas. Segundo os idealizadores do projeto, a plataforma é pioneira na integração de aplicações multimídia à página como o Ustream (que transmite eventos ao vivo e vídeo-chats) ou o Qik (que permite realizar transmissões ao vivo a partir do iPhone).

No Chile, um projeto de nome parecido, o Vota Inteligente, ajuda os chilenos a comparar e opinar sobre as promessas de cada candidato às eleições. Criado pela Fundacíon Ciudadano Inteligente, em 2009, o projeto faz parte de uma longa lista de iniciativas da fundação que incluem o Media Naranja Política (algo como a sua metade da laranja política) que ajuda as pessoas a encontrarem o político que está mais próximo dos seus interesses e visão de mundo, e ainda o Vecino Inteligente, onde as pessoas denunciam por meio de fotos e vídeos, políticos que estão poluindo a cidade com propaganda ilegal.


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