Por que investir mais na sua criatividade? - PORVIR
Crédito: Ketut Subiyanto/Pexels

Inovações em Educação

Por que investir mais na sua criatividade?

Ser criativo não é um dom, mas sim uma habilidade humana que pode ser desenvolvida de acordo com o incentivo e as influências que cada indivíduo tem acesso

Parceria com LIV

por Redação ilustração relógio 15 de outubro de 2020

Muitas vezes, seja por influência de nossa imaginação ou por nossa rotina, somos levados a acreditar que não somos criativos. Em alguns momentos, podemos até pensar que a criatividade é uma habilidade inata e que, se não nascemos com ela, dificilmente iremos avançar nesse sentido. O que a ciência vem demonstrando, contudo, é o oposto disso. Diferentes pesquisas já mostraram que ser criativo não é um dom, mas sim uma habilidade humana que pode ser desenvolvida de acordo com o incentivo e as influências que cada indivíduo tem acesso.

? Aprendendo Sempre: Ferramentas e orientações para suas aulas remotas

Mas por que investir nessa habilidade pode trazer benefícios para diferentes campos da vida? Segundo um estudo publicado no periódico The Journal of Positive Psychology, por exemplo, a criatividade e o bem-estar estão estritamente ligados. Na pesquisa, cerca de 600 participantes reportaram diariamente quanto tempo gastavam em atividades criativas, dentre elas ter novas ideias, se expressar de maneiras originais ou fazer práticas artísticas, e os efeitos disso em seu humor diário. Com os resultados em mãos, os especialistas descobriram que “empenhar-se em comportamentos criativos leva a um aumento do bem-estar no dia seguinte”. O aumento do bem-estar, por sua vez, também leva à criatividade, o que produz um ciclo positivo.

Leia mais: 
A escola é responsável pela morte da criatividade? Neurociência responde
Neurociência da curiosidade: por que suas aulas precisam mudar
Criatividade não é uma festa
Livro digital traz reflexão sobre importância da criatividade
‘A criatividade acontece quando não estamos com tédio’

Aqui é importante frisar que criatividade não diz respeito apenas à prática de atividades artísticas. Segundo o autor Howard Gardner, da Universidade Harvard, embora as palavras “arte” e “criatividade” tenham se tornado diretamente conectadas em nossa sociedade, não existe uma associação necessária entre elas. “As pessoas podem ser criativas em todas as esferas de suas vidas”, pondera em seu livro Creating Minds, no qual reflete sobre como o conceito de criatividade vem mudando ao longo das décadas e analisa o pensamento criativo de grandes nomes em diferentes áreas de atuação, como Pablo Picasso, Albert Einstein, Mahatma Gandhi e Sigmund Freud, dentre outros.

Gardner ficou conhecido por defender que os seres humanos não têm apenas um tipo de inteligência, mas sim múltiplas inteligências. Quando esteve no Brasil para participar do Congresso LIV, ele apontou a importância da criatividade para diferentes campos da vida. Assista aqui à palestra completa.

A questão também foi defendida vigorosamente pelo autor Ken Robinson, que ficou conhecido por atuar como consultor em criatividade para diferentes organizações. Em entrevista ao criador do TED, ele defendeu a importância de se reconhecer o papel da criatividade em todas as áreas da vida humana. “A melhor evidência da criatividade humana é nossa trajetória pela vida. Nós criamos nossas próprias vidas. E esses poderes de criatividade, manifestados em todas as formas de agir dos seres humanos, estão no cerne do que é ser um ser humano”.

Em uma de suas principais palestras sobre esse tema, ele disse, contudo, que o ambiente escolar, em geral, não favorece o pensamento criativo, e defendeu:

“A educação é sobre pessoas. É sobre crescimento e desenvolvimento humano, e é um processo muito pessoal. Há uma dimensão cultural e social muito importante para a educação, mas somos, cada um de nós, indivíduos únicos, e pensamos de forma diferente, temos diferentes capacidades, diferentes talentos, diferentes inclinações e uma das grandes críticas que tenho dos sistemas de educação é que tendem a eliminar as diferenças. […]. O interessante sobre esse sistema é que ele se baseia em uma visão particular da inteligência, mas a inteligência é claramente uma ideia muito mais ampla do que o tipo de habilidades que tendem a ser cultivadas naquele sistema.”

O poder do erro
Uma questão diretamente atrelada ao debate sobre criatividade é o fato de que todo processo criativo passa por uma fase de tentativa e erro. É um engano pensar que as soluções criativas que vemos pelo mundo foram criadas da noite para o dia. Pelo contrário, elas surgem após muito estudo, pesquisa e até, em alguns casos, a partir de erros e imprevistos. Conta-se, por exemplo, que a descoberta da penicilina por Alexander Fleming, em 1928, ocorreu por conta de um erro acidental em uma de suas pesquisas. Apenas quando estava prestes a jogar o material de estudos no lixo, o cientista percebeu que havia algo novo a ser investigado. Não fosse sua insistência em observar o resultado de seu erro com mais atenção, provavelmente o medicamento poderia não existir da forma como o conhecemos hoje.

Essa capacidade de enxergar uma saída mesmo diante de um erro é o que a autora americana Carol Dweck chama de mentalidade de crescimento (ou growth mindset, em inglês). Segundo sua teoria, existem dois tipos de mentalidade (ou mindset): a mentalidade fixa e a mentalidade de crescimento, que dizem respeito a maneira com que um indivíduo lida positiva ou negativamente com um fato.

Uma pessoa com mentalidade de crescimento seria aquela que busca se desenvolver constantemente, sempre enfrentando desafios que tragam novos aprendizados ao longo de toda a vida, mesmo diante de momentos de dificuldade. Já a pessoa de mentalidade fixa demonstraria grande medo de errar, de ter seus conhecimentos questionados e não enxerga valor na aprendizagem constante.

Segundo Carol Dweck, muitas pessoas apresentam uma mentalidade fixa por acharem que já têm conhecimento ou domínio suficiente sobre algum tema, não sendo necessário se aprofundar ou até pensar “fora da caixa”. Em outros casos, contudo, isso advém de uma criação familiar ou escolar que considera que algumas habilidades, como a criatividade, são inatas. Em ambos os cenários, o medo de errar não permite a abertura a novas ideias.

Como ampliar a criatividade?
Na internet, há milhares de ideias sobre como despertar a criatividade e, se você é um leitor assíduo dessa temática, possivelmente sabe disso. Portanto, não temos aqui a pretensão de dar “dicas infalíveis para sua criatividade”, mas sim oferecer ideias e sugestões baseadas em diferentes fontes.

Na sequência você confere mais cinco sugestões de conteúdo para ler e assistir, e que vão te inspirar a buscar mais criatividade no seu dia a dia. Confira:

Infográfico sobre criatividadeCrédito: LIV

Quer saber mais sobre socioemocionais?
Clique e acesse

LIV

TAGS

aprendizagem baseada em projetos, competências para o século 21

Cadastre-se para receber notificações
Tipo de notificação
guest

0 Comentários
Comentários dentro do conteúdo
Ver todos comentários
Canal do Porvir no WhatsApp: notícias sobre educação e inovação sempre ao seu alcanceInscreva-se
0
É a sua vez de comentar!x