‘Primeira infância é dever de todo mundo’
Simpósio internacional em São Paulo discute caminhos para o desenvolvimento de políticas para a educação infantil
por Patrícia Gomes 1 de outubro de 2013
Como levar um projeto social na área de educação para um maior número de beneficiados? E quem é responsável por isso: pais, escola, governo, ONGs? Essas são duas das principais discussões que serão levantadas durante o III Simpósio Internacional de Desenvolvimento da Primeira Infância. O evento, a ser realizado em São Paulo nesta quarta (2) e quinta-feira (3), poderá ser acompanhando ao vivo e de forma gratuita por qualquer internauta interessado no tema. Mas, para adiantar o que vai acontecer por lá, o Porvir conversou com dois dos principais especialistas que estarão presentes e adianta a resposta aos primeiros questionamentos. A responsabilidade pela primeira infância deve ser compartilhada e uma ação em grande escala só dá certo se envolver múltiplos atores.
“De forma universal, a construção de uma política pública envolvendo a educação infantil pressupõe a participação de educadores, pais, instituições sociais, ONGs e outras organizações da sociedade civil”, afirma Linda Biersteker, pesquisadora da África do Sul, uma das palestrantes do evento, que é realizado pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (FMCSV) e conta com a parceria do Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade Harvard. “O passo mais importante na hora de dar escala aos projetos é começar pela sensibilização, que significa engajar todas as pessoas para entender o que querem fazer com o projeto. É plantar uma semente para que todos os participantes, como pais e professores, sintam-se parte importante daquele trabalho”, completa Richard Kohl, consultor norte-americano e diretor presidente do Center for Large Scale Social Change, uma empresa responsável por desenvolver e implementar estratégias de escalabilidade a políticas públicas.
Além de Biersteker e Kohl, o evento reúne uma dezena de especialistas na área. Também estarão em debate a criação de projetos inovadores, a busca por colocá-los em prática em ambientes diversos e a avaliação do impacto dessas propostas para a promoção da primeira infância. No encontro, serão detalhados programas sociais de grande escala no país, como o Brasil Carinhoso, e ainda experiências de políticas públicas desenvolvidas em outros países, como África do Sul, Canadá e Estados Unidos.
Tendo em vista a complexidade que é dar escala a uma inovação social que envolve a primeira infância (afinal, estamos falando de crianças), a pedido do Porvir, Kohl detalhou cinco orientações gerais para quem está interessado em amplificar ações para esse público. Confira:
1. Participação. O desenvolvimento na primeira infância é normalmente percebido como uma intervenção a ser feita no âmbito privado da família. Ser sensível a isso e entender os pais como um importante ator desse processo é fundamental;
2. Multisetorialidade. Em geral, intervenções voltadas ao desenvolvimento da primeira infância são multisetoriais e atravessam governos ou outros limites mais tradicionais. É muito importante criar cooperação entre Justiça, saúde, assistência social e educação para que uma intervenção na primeira infância seja efetiva;
3. Pertencimento. Outra peculiaridade dos programas de primeira infância é a necessidade de criação de pertencimento local;
4. Diferenças. Num país diverso como o Brasil, não existe receita pronta. Mas é possível fazer com que programas de larga escala sejam adaptados a diversidades locais para chegar aos resultados esperados;
5. Avaliação. O monitoramento é fundamental. Educar e empoderar os pais e as comunidades também faz parte de um processo efetivo.
Assista a uma aula completa, em inglês, do pesquisador Richard Kohl sobre ganho de escala de projetos sociais: