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Inovações em Educação

Professor, é hora de descansar e cuidar da saúde mental

Vivenciar experiências distintas das encontradas na rotina escolar e na prática docente são elementos importantes para que professores e professoras mantenham os cuidados com a saúde mental

Parceria com LIV

por Ruam Oliveira ilustração relógio 23 de dezembro de 2022

Fim de ano é aquele período em que as pessoas tendem a fazer promessas, rever seus objetivos e também traçar novos planos para o ano que virá. Mas também é nesse tempo que muitos tiram um momento para descansar. 

Professores e professoras geralmente têm uma rotina difícil, com muitas tarefas durante o período letivo. Desde pensar e planejar aulas até colocar em prática as ideias obtidas, fazer avaliação e participar de formações… Este período de férias é fundamental para equilibrar as contas. 

Além do corpo, o descanso é importante para a mente. Um dos assuntos mais discutidos ao longo de 2022 foi saúde mental. Professores, alunos e toda a comunidade escolar estiveram diante de muitas questões socioemocionais, tema que ocupa cada vez mais espaço na rotina. 

“O professor gasta uma energia gigantesca, principalmente nesse fim de ano, com provas, recuperações, o fechamento do ano e coisas novas já acontecendo, como a chegada dos materiais, quase como terminando esse ano já pensando no seguinte”, comenta Saulo Pereira, consultor pedagógico do LIV (Laboratório Inteligência de Vida). Para ele, o descanso dos docentes deve começar com o desligamento das funções e pensando em outras coisas não relacionadas com a própria prática. 

Um lembrete de grande serventia é que o comprometimento com a profissão não pode ser confundido com uma fusão com nossa própria existência.

Patrícia Queiroz, consultora pedagógica de LIV

Ele explica que encontrar esses espaços de “desligamento” é fundamental e deve, inclusive, fazer parte dos debates dentro da escola. Ou seja, é importante endereçar esse descanso e momento não associado com a prática até mesmo para que professores e professoras mantenham o desejo de estar na sala de aula.

O ócio pelo ócio

Saulo destaca: o que antecede o período de preparação para o próximo ano é justamente o período de descanso. Remetendo ao conceito de ócio criativo, ele sugere que na verdade os professores busquem o ócio pelo ócio. Ou seja, tirar um momento para relaxar sem ter quaisquer atividades ou objetivos específicos em mente. 

Para os professores que querem “desconectar”, o conselho de Saulo é que escutem a si mesmos e a seus corpos. 

Patrícia Queiroz, que também é consultora pedagógica de LIV, ressalta que esse desligar ou descansar pode ter um significado diferente para as pessoas, visto que cada um tem uma experiência diferente de vida, que passa por questões como remuneração, valorização profissional, panorama de saúde mental, entre outros. 

“Um lembrete de grande serventia é que o comprometimento com a profissão não pode ser confundido com uma fusão com nossa própria existência. Não somos uma só coisa e este entendimento é fundamental para que nos façamos bons profissionais”, reforça. . 

A consultora ressalta que uma das práticas dos professores e professoras é trabalhar com o saber científico, mas o fazem, também, por meio de suas subjetividades. “Falar de afeto e exercê-lo é uma responsabilidade de saúde e educação integral e não uma falta de seriedade ou profissionalismo, tampouco uma fuga do fazer científico. Pelo contrário: é um olhar complexo sobre as dimensões que compõem o ser humano e o respeito a elas”, comenta. 

Foto: MonikaDesigns / Pixabay / Canva

O período de descanso, quando os professores e professoras estão olhando para outros assuntos que não a própria prática, também reflete em quem eles são ou serão dentro da sala. 

Saulo também pontua que esse momento mais contemplativo, de descansar a mente e o corpo das atividades escolares, vai se refletir na prática docente. O consultor sugere que o desligamento também não seja feito de maneira a que fique associado aos benefícios que pode produzir. Ou seja: não é decidir descansar com a intenção de melhorar uma “performance”, mas simplesmente descansar porque faz bem. Os resultados vão aparecer de uma forma ou de outra. 

“Geralmente associamos descanso somente à pausa das tarefas costumeiras que geram cansaço. É evidente que esta pausa é fundamental. Mas este distanciamento também sugere a abertura de tempo e espaço para vivermos outras experiências que nos acrescentem enquanto ser humano”, comenta Patrícia.

Muitas maneiras de descansar

O descanso pode aparecer de diferentes formas: pode ser passar um tempo com a família ou amigos, aprender algo novo, estar em contato com a natureza, dormir ou, também, praticar esportes. Essa pluralidade de possibilidades também pode contribuir para uma experiência mais tranquila no início do ano, principalmente se estas ações fugirem do que já ocorre no dia a dia. 

Foto: Steve Cole Images / Getty / Canva

Os contrastes de experiências, explica Patrícia, são benéficos no cultivo e na promoção da saúde mental. “Qualquer organismo exposto às mesmas condições a todo o tempo não experimenta saúde, que representa movimento e é um composto de alternâncias esperadas”, comenta ela. 

Nesse sentido, tomar certa distância do que é vivido no ano letivo – em termos de experiências e vivências – é fundamental para evitar problemas de saúde mental. Manter uma mesma perspectiva em todas as épocas do ano acaba sendo prejudicial, tanto física quanto emocionalmente.

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