Professora diversifica aulas remotas de biologia para discutir clima - PORVIR
Crédito: Virada Sustentável

Diário de Inovações

Professora diversifica aulas remotas de biologia para discutir clima

Com seminários, atividades colaborativas e práticas, turma de ensino médio encontra todo dia um motivo diferente para abrir a câmera

por Joelma Maria Ruano ilustração relógio 3 de fevereiro de 2021

Este relato vem de uma longa história e caminhada. Para ser sucinta, diria que o ponto de partida provém das experiências vivenciadas como aluna desde as séries iniciais, melhor esclarecendo, desde as dificuldades observadas no ensino da disciplina de ciências, a qual se repetia na condição de professora de ciências biológicas.

Meu intuito enquanto educadora é buscar a compreensão em algumas lacunas que estavam e ainda estão presentes na forma de ensinar. Conhecer apenas os conteúdos específicos de biologia não é o suficiente para o professor. O essencial é saber ensiná-los, ou seja, permitir que os alunos construam seus conhecimentos por intermédio de metodologias inovadoras. Sendo assim, as metodologias ativas proporcionam ao professor transitar pelas várias áreas do conhecimento científico e tecnológico, com aulas mais inovadoras e criativas atendendo aos grupos heterogêneos de estudantes que compõem uma sala de aula.

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Com a intensificação da pandemia do coronavírus em nosso país, assim como a maioria dos professores, tive que me adaptar à nova realidade de aulas remotas e fazer um replanejamento focando ainda mais nos alunos. Não foi fácil! Acreditava desde o princípio que o essencial era me arriscar em aulas diferenciadas, principalmente no que diz respeito a manter os alunos com a mão na massa para que pudessem interagir com seus pares e com o professor por intermédio de seminários online, rotinas de pensamento, estudos de caso, aprendizagem baseada em projetos, gamificação e muitas outras metodologias inovadoras.

Ao repensar os planos de aprendizagem de biologia, percebi que havia um abismo entre as aulas presenciais e remotas. Resolvi seguir algumas etapas para não me perder durante o processo pedagógico, já que as primeiras experiências necessitaram de ajustes. São elas: a) criar um roteiro de aula (ver abaixo); b) planejar as atividades; c) despertar a atenção dos alunos (primordial); d) tirar dúvidas do conteúdo; e) dar feedback (retorno avaliativo). Desta forma, encontrei um caminho para a participação ativa de todos.


Roteiro da aula de biologia
1) Assista à videoaula (estudo antecipado) – casa
2) Padlet (organização em grupos) – 20 min
Rotina de pensamento: O que te faz pensar nisso?
Troca entre os grupos
3) Mentimeter – 20 min
Enquete – Qual a relação do efeito estufa com o aumento de CO2 na atmosfera?
4) Genialy – 10 min
Organização dos grupos (divisão dos temas)


Tela do aplicativo Padlet com foto da instalação artística EggcidentCrédito: Reprodução

Tela da plataforma Padlet

Ao preparar a sequência uma didática sobre o conceito “Desequilíbrios em ecossistema” voltado a alunos do 2º ano do Ensino Médio, busquei algo que motivasse os alunos, já que muitos acreditam ser um assunto ultrapassado, que já tinha sido abordado no ensino fundamental 1 e 2. Utilizando a plataforma Microsoft Teams, apresentei uma imagem no Padlet sobre o Eggcident, obra do artista holandês do Henk Hofstra com ovos fritos gigantes no asfalto, no Largo da Batata em São Paulo (SP). Por meio da rotina de pensamento ver-pensar-perguntar, proposta pelo Project Zero, da Faculdade de Educação de Harvard (Estados Unidos), os alunos fizeram suas considerações organizados em grupos.

Feito isso, utilizei o recurso digital Mentimeter para criar interações em tempo real, ou seja, uma enquete sobre a relação do efeito estufa e o aumento do CO2 na atmosfera. Logo em seguida, solicitei que se dividissem em seis grupos para elaboração de um seminário online, sobre os diferentes tipos de poluição (ar, água, solo, radioativa, visual e sonora), os quais deveriam elaborar uma apresentação no aplicativo Genially.

Tela do mentimeter com pergunta qual a relação do efeito estufa com o aumento de CO2 na atmosfera?Crédito: Reprodução

Tela do Mentimeter

Por meio do aplicativo de gestão de sala de aula Nearpod, sugeri algumas questões de vestibulares, o que me permitiu dar um feedback aos alunos sobre possíveis dúvidas e compreensão do conteúdo.

Acredito também, que um dos maiores desafios enfrentados pelo professor nesse momento é fazer com que os alunos abram as câmeras e participem das aulas e atividades propostas. Insistentemente, todas as manhãs solicito aos meus queridos alunos que mantenham suas câmeras abertas, sendo ainda um grande desafio.

Preparei um coração de papel, com os seguintes dizeres: # abre a câmera nas aulas de biologia, pois é o meu dever demonstrar afetividade e empatia para que possa conquistá-los em tempos tão difíceis. No entanto, tenho conseguido atraí-los para as aulas. São pouquíssimas faltas e, quando ocorrem, os alunos imediatamente já enviam recados no chat informando o motivo. Recebo relatos e agradecimentos pela maneira que tenho conduzido as aulas, com diversificação, sem rotina e com todo mundo colocando a mão na massa.

Coração com hashtag abre a câmera nas aulas de biologiaCrédito: Reprodução

A professora Joelma lançou uma # para convencer a turma ligar a câmera

Merece destaque esclarecer que trabalho no Colégio Arbos há 12 anos, pioneiro na implementação de metodologias ativas, espaços de aprendizagem, salas de colaboração e crianças 360 graus. Além disso, a tecnologia está presente nos diferentes ambientes, o que propiciou me aprofundar ainda mais nesse universo. Desta forma, o processo de ensino e aprendizagem ocorre de forma autônoma pelos alunos, intermediado por sequências didáticas em que os mesmos passam a construir seus conhecimentos de forma significativa e contextualizada. As novas metodologias propõem atender a individualidade de cada aluno, onde o professor adotará uma postura de mediador e não de transmissor de conhecimentos.


Joelma Maria Ruano

Graduada em licenciatura e bacharelado em ciências biológicas, pedagogia e especialista em gestão ambiental pelo Centro Universitário Fundação Santo André. Especialista em gestão educacional, mestre em Ensino, História e Filosofia das Ciências e Matemática e doutoranda em Ensino e História das Ciências e da Matemática pela UFABC (Universidade Federal do ABC). Atuou como professora e coordenadora na Prefeitura de Santo André. Atualmente, exerce a função de professora de biologia no ensino médio do Colégio ARBOS. Entusiasta por metodologias ativas e apaixonada por ilustração botânica.

TAGS

aplicativos, aprendizagem baseada em projetos, avaliação, competências para o século 21, coronavírus, ensino médio, personalização, tecnologia

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