Professoras da USP lançam e-book gratuito sobre crianças e museus
Disponível para download, livro reúne experiências e sugestões para aproximar a educação infantil dos museus e espaços de pesquisa
por Redação 5 de fevereiro de 2024
Crianças brincam e as brincadeiras potencializam o seu desenvolvimento. Mas como despertar o interesse dos pequenos para o universo artístico, estimulando-os aos passeios pelos museus?
Esta é uma das perguntas realizadas pelo Porvir na matéria “Visitar museus desde a infância ajuda a desenvolver pensamento crítico”, e que acaba de ganhar novas respostas no e-book “Criança no museu é tudo de bom!”, desenvolvido pelo Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Não Formal e Divulgação da Ciência, da Faculdade de Educação da USP (Universidade de São Paulo).
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A obra, de autoria das professoras da USP Martha Marandino, Cynthia Iszlaji, Graziele Scalfi, Amanda Marques, Marina S. G. Almoinha, Barbara Milan e Paula Souza é focada na relação entre crianças e museus. “De fato, as reflexões sobre educação museal voltadas para este público vêm se avolumando e ganhando espaço não apenas nas investigações acadêmicas, mas também na prática pedagógica desenvolvida ‘no chão dos museus’”, explicam na introdução do livro.
Segundo a equipe, é fato que crianças visitam museus, principalmente com escolas, mas também com familiares e amigos, “sendo este evento considerado importante tanto para o entretenimento quanto para a aprendizagem e o acesso à cultura”.
Clique aqui para baixar o e-book “Criança no museu é tudo de bom!”
Existem, porém, inúmeros desafios para lidar com esse público e a maioria dos educadores de museus não possui conhecimentos nem experiência com educação infantil. Nesse contexto, o livro apresenta reflexões, experiências, resultados de pesquisas e sugestões voltadas ao atendimento das crianças e à formação de educadores desses espaços.
Assista ao webinário de lançamento do livro:
O livro está organizado em dois blocos principais. No primeiro, intitulado “Crianças, museus e formação de educadores e educadoras”, são apontadas reflexões e princípios sobre o atendimento ao público infantil pelos museus, os processos de alfabetização científica e os desdobramentos na formação de educadores e educadoras.
O segundo bloco, “Brinquedos, brincadeiras e contação de histórias nos espaços museais”, é composto de cinco capítulos que exploram o universo lúdico infantil trabalhado em espaços de educação não formal.
Experiências em museus
Em “Conexões virtuais: crianças, escola e museus na pandemia de Covid-19”, escrito por Paula Souza, Marina Almoinha e Martha Marandino, são relatadas e analisadas oficinas desenvolvidas para crianças dos anos iniciais do ensino fundamental I da Escola de Aplicação da USP.
“Com apoio do MEB (Museu da Educação e do Brinquedo), da Faculdade de Educação da USP, e das professoras das turmas, as oficinas desenvolvidas de forma on-line contaram com imagens de objetos da exposição, visando a ampliar a dimensão institucional dos museus e a compreensão de aspectos da alfabetização científica, natureza da ciência e relações ciência, tecnologia, sociedade e ambiente”, destacam as autoras.
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Já o texto “Cantinho do Brincar do Museu da Educação e do Brinquedo: oficinas virtuais de brinquedos e brincadeiras na pandemia”, de Martha Marandino e Ermelinda Pataca, apresenta as novas estratégias e práticas educativas que surgiram no MEB em resposta à pandemia, com ênfase nas iniciativas de comunicação nas redes sociais.
E em “Contando histórias para crianças pequenas e bebês no Museu de Microbiologia do Instituto Butantan”, Cynthia Iszlaji relata uma experiência de divulgação científica com o objetivo de aproximar esse público dos conceitos da microbiologia em um ambiente de museu de ciência, abordagem que envolveu a contação de histórias usando fantoches como recursos.
A brinquedoteca, enquanto espaço organizado para o brincar, pode incluir, entre suas intencionalidades, a construção do pensamento científico
Amanda Cristina Teagno Lopes Marques
Outro artigo, intitulado “Promovendo a alfabetização científica nas brincadeiras infantis”, de Amanda Cristina Teagno Lopes Marques, aponta ser preciso planejar ambientes e materialidades para promover a interação de crianças com elementos da cultura científica.
“A brinquedoteca, enquanto espaço organizado para o brincar, pode incluir, entre suas intencionalidades, a construção do pensamento científico e a aproximação a elementos da ciência, ampliando as possibilidades de brincar com objetos e em espaços que remetam à cultura científica, vivenciando papéis sociais nos quais a ciência, como produção humana, faça-se presente de maneira mais direta”, explica.
Aprender brincando
“O conjunto da obra apresenta também potencial para ampliar as possibilidades de aproximação e diálogo universidade-sociedade. A produção traz uma riqueza ímpar em termos de abordagem: proporciona reflexões sobre a presença e as ações desenvolvidas para as crianças em museus de ciências, incluindo igualmente as visitas familiares a museus, aspecto pouco abordado na literatura, ao mesmo tempo em que lança o olhar para a formação de educadoras e educadores que atuam nesses espaços”, aponta a professora Cristina Carvalho, da PUC-Rio, no prefácio da obra.
“O lugar da brincadeira, enquanto constitutiva da infância, apontada como um dos eixos estruturantes da prática pedagógica e do desenvolvimento infantil nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Infantil, é também abordado com competência pelas autoras, assim como o papel da contação de histórias na relação e nas ações desenvolvidas para as crianças”, acrescenta Cristina, que também é coordenadora do Curso de Especialização em Educação Infantil e do Gepemci (Grupo de Pesquisa em Educação, Museu, Cultura e Infância).
As visitas aos museus são, de fato, momentos extremamente propícios para as crianças perguntarem sobre tudo
Cristina Carvalho, PUC-Rio
Como lembram as autoras, as crianças estão sempre fazendo perguntas sobre suas vidas, sobre o mundo que as cerca, sobre as coisas vivas e não vivas, sobre humanos e não humanos, sobre questões sensíveis e controversas – dentre muitos outros temas. “Não poderia ser diferente quando elas visitam os museus. Aliás, as visitas aos museus são, de fato, momentos extremamente propícios para as crianças perguntarem sobre tudo”, afirmam, acrescentando que “exatamente porque nem todas as respostas cabem nos adultos – felizmente! –, é que devemos preparar o espaço e planejar ações educativas dos museus para recebê-las, de forma a estimulá-las a indagar, a perceber, a interagir, a dialogar, a fazer, a brincar e a aprender junto, promovendo experiências que marquem suas vidas e fazendo com que retornem muitas vezes mais aos museus”.
Redação, com informações do Jornal da USP