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Inovações em Educação

Por que professores devem conhecer tecnologia assistiva?

Recursos tecnológicos garantem que alunos com deficiência consigam vivenciar a escola de maneira mais equânime em relação a toda a turma

Parceria com Editora Moderna

por Ruam Oliveira ilustração relógio 11 de outubro de 2023

A tecnologia assistiva pode ser entendida como um conjunto de recursos que auxiliam ou ampliam habilidades funcionais de pessoas com deficiência. Por meio dela, é possível se movimentar, comunicar, manejar ferramentas e interagir com os ambientes. Ações estas que, no contexto escolar, contribuem para uma educação inclusiva

Há pouco tempo, um dos impeditivos para usar recursos de tecnologia assistiva em sala de aula era o preço. Contudo, existem atualmente diversas ferramentas – gratuitas inclusive – que ampliam o acesso a essas ferramentas. 

Para além da questão de custo, ter conhecimento sobre o próprio funcionamento da aula, quais objetivos se pretende alcançar ou quais são as necessidades dos estudantes com deficiência que precisam desse suporte digital é fundamental. 

Por que os educadores precisam conhecer a tecnologia assistiva?

Rita Bersch, diretora da Assistiva – Tecnologia e Educação, considera que tanto professores quanto gestores precisam entender que a TA, sigla para tecnologia assistiva, é também um serviço. 

Mais presente, de fato, entre os profissionais de AEE (Atendimento Educacional Especializado), mas que deve estar ao alcance de todos que fazem parte dos processos educacionais na escola. 

A tecnologia assistiva acaba sendo mais utilizada pelos profissionais de AEE devido à própria natureza da função desses profissionais. “O conceito que está na política diz que o professor de AEE identifica, elabora e organiza os recursos de acessibilidade necessários a garantir a participação plena dos estudantes com deficiência nos desafios de aprendizagem. Esses desafios são estabelecidos no currículo comum, em igualdade de oportunidade com seus colegas”, explica Rita. 

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Ela se refere à lei 13.146, de 2015, que institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). No artigo 74 do regimento, há uma menção ao uso de tecnologia assistiva como um direito assegurado a todas as pessoas que precisem deste recurso. O texto informa:

“É garantido à pessoa com deficiência acesso a produtos, recursos, estratégias, práticas, processos, métodos e serviços de tecnologia assistiva que maximizem sua autonomia, mobilidade pessoal e qualidade de vida”.

Gargalos de formação 

O conhecimento sobre a tecnologia assistiva ainda não aparece em todas as formações de professores, apesar de ser necessário. No entanto, Rita considera que ter acesso a esse assunto na formação de AEE é ainda mais imprescindível.

“Não conseguimos conceber uma formação para professores do AEE que não priorize e coloque uma generosa carga horária para o conhecimento prático de várias alternativas em tecnologia assistiva”, diz. 

Daniela Muraska, pedagoga, pós-graduada em educação especial e inclusiva, aponta que uma outra forma de conseguir se aperfeiçoar no tema é estar em constante movimento, trocando informações com outros educadores.

“Acho que a superação de desafios [nessa área] exige uma abordagem colaborativa e multidisciplinar, envolvendo não só professor, mas todos da comunidade escolar”, ressalta. 

Acho que a superação de desafios nessa área exige uma abordagem colaborativa e multidisciplinar

Daniela Muraska, professora

Ela sugere que as formações podem ocorrer dentro da escola mesmo, promovidas pela gestão. Rita concorda com a educadora e reforça: com uma boa formação, professores estarão cada vez mais habilitados para avaliar e identificar os recursos necessários aos estudantes.

Antes de definir o recurso, o professor do AEE precisa entender: 

  • Quem é e como é este estudante (principalmente suas habilidades); 
  • Que atividade pretende ou precisa realizar; 
  • Onde esta atividade será realizada. 

Tendo a definição clara das questões a serem resolvidas, o professor do AEE deverá:

  • Iniciar a pesquisa para identificação de recursos de TA; 
  • Experimentar recursos identificados como possível solução; 
  • Escolher (junto com o estudante) do recurso que mais atende a sua necessidade; 
  • Ensinar ao estudante como utilizar seu recurso (desenvolvimento de uma competência operacional); 
  • Ensinar a utilização deste recurso aos “parceiros” (família, demais professores, colegas, funcionários da escola); 
  • Implementar a TA na escola e com a família, acompanhando o estudante em diferentes espaços (desenvolvimento de competência funcional); 
  • Avaliar resultados, ajustes e seguimento em novos desafios.

E a gestão, como deve atuar?

Nos diferentes projetos pensados para a escola, a gestão tende a exercer um papel fundamental e bastante relevante para que eles sejam implementados corretamente e para que as iniciativas ganhem força no ambiente escolar. 

“Tenho uma colega que diz que depende do gestor a excelência ou mediocridade da escola. O gestor precisa incluir seus professores, suas dúvidas, suas ideias, conhecer suas atribuições, organizar os tempos e espaços necessários para que estas atribuições sejam realizadas”, reflete Rita. 

Tenho uma colega que diz que depende do gestor a excelência ou mediocridade da escola.

Rita Bersch, especialista

É tarefa da gestão também reconhecer que os professores de AEE não são meros atendentes dos estudantes com deficiência, nem mesmo um reforço escolar. Por estarem mais conectados à tecnologia assistiva, esses profissionais terão mais propriedade para pensar e sugerir ações, tendo em vista a inclusão. 

Como citado no início do texto, os custos – algo ao qual a gestão está atenta – sempre são levados em consideração. “Temos uma falsa ideia de que a tecnologia assistiva é cara e que não faz parte da nossa realidade. Cada vez mais encontramos alta tecnologia gratuita (aplicativos e softwares) ou embutida nos sistemas operacionais que usamos diariamente e não sabemos que estão ali”, diz Rita. 

A vantagem, portanto, está em saber utilizar o que já está disponível. Quando a gestão se alia aos profissionais de AEE, fica mais fácil perceber o que está mais acessível para a escola e quais recursos não são necessários. 

Muitas redes de ensino, por exemplo, recebem em suas salas de recursos as mesmas ferramentas e, não havendo estudantes que necessitem de todas elas, algumas ficarão subutilizadas. Ou seja, haverá um desperdício de recursos financeiros. 

“Quando tivermos uma estrutura de serviço de TA organizada, garantindo que o recurso financeiro será investido no que realmente faz sentido para os estudantes de determinada rede ou escola, eu tenho a certeza de que economizaremos e não cairemos tão facilmente no risco do desperdício com subutilização ou abandono de recursos disponibilizados”, aponta Rita.

Confira abaixo 7 sugestões de recursos assistivos para download

SoftwareFuncionalidadeRequisitosDownload
eViaCam

Controle do mouse por meio de movimentos da cabeça. O clique do mouse é acionado fixando-se por alguns segundos o ponteiro do mouse na região desejada na telaWebcam conectada ao computador PCWindows e Linux
Head MouseControle do mouse por meio de movimentos da cabeça. É possível configurar diferentes movimentos para o clique do mouseWebcam conectada ao computador PC
Windows
DOSVOX
Sistema de leitura de tela com voz digital que permite à pessoa com deficiência visual utilizar o computadorComputador PC com saída de som
Windows
Hand Talk
Tradutor de línguas de sinais que faz a interpretação automática de texto e voz para a Língua Brasileira de Sinais (Libras)Computador ou CelularApp Store e Google Play
Be my eyes
Recurso que conecta pessoas com deficiência visual a voluntários por todo o mundo. A proposta é que os voluntários “emprestem” a visão para as pessoas com deficiência, ajudando-as a ler placas, cores e outra açõesCelularApp Store e Google Play
TelepatiX
Auxilia pessoas com limitações severas de mobilidade a se comunicar até mesmo apenas piscando os olhosComputador ou celularGoogle Play ou na versão web
Guia de Rodas
Este recurso permite fazer avaliações de acessibilidade para pessoas com restrições de mobilidade em diversos locais do mundoCelular
App Store
 e Google Play

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educação inclusiva, Série Desafios da Educação Inclusiva, tecnologia

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