Projeto dá medalhas por aprendizado fora da escola
Cities of Learning reconhece atividades que alunos desenvolvem em espaços como museus, bibliotecas e cursos on-line
por Redação na Rua 10 de novembro de 2014
Por Juliana Sada, do Centro de Referências de Educação Integral
“Parte dos problemas do atual sistema educativo é que ele começa com as questões erradas. Como ‘o que queremos que as crianças aprendam?’ ou ‘quais são os conteúdos que elas têm que aprender?’. E então quase tudo é definido a partir disso. Quase não importa quem a criança é, desde que se consiga seguir o material no ritmo esperado.”
A reflexão vem da diretora de educação da Fundação MacArthur, Connie Yowell, sobre o atual modelo educacional. Junto a outras organizações e pensadores, Connie propõe um novo paradigma, o Connected Learning (Aprendizagem Conectada). “A nossa pergunta nuclear é ‘qual a experiência que queremos que essa criança tenha?’ A questão central é sobre engajamento e se nos perguntarmos se essa criança está engajada, nós temos que prestar atenção na criança. Comumente, se está tão focado nos resultados que esquecemos de quem está aprendendo e de que temos uma paixão por aprender.”
Cidades abertas
Para o Connected Learning, atualmente há um novo ecossistema de aprendizagem, que pode passar pela educação formal mas não se restringe a ela – inclusive porque a educação é vista como um processo que ocorre ao longo de toda a vida. Neste panorama, as cidades ganham um papel central revelando seus espaços e agentes educativos como museus, praças, organizações, coletivos, zoológicos ou bibliotecas. Já com a disseminação da internet, as oportunidades educativas se multiplicaram ainda mais: cursos abertos on-line, intercâmbio entre usuários nas redes e projetos construídos on-line e colaborativamente.
Os pressupostos do Connected Learning dialogam com o conceito de educação integral, contemplando que a aprendizagem acontece em diferentes espaços, diante de diferentes agentes educativos e também em diferentes tempos. Mas, ainda que a ideia de que a educação acontece para além dos muros da escola não seja nova, persiste uma dificuldade em reconhecer os diferentes espaços e agentes educativos considerando todos igualmente importantes na formação de cada pessoa. Para a diretora da MacArthur, “o diploma deveria conectar todas as experiências de aprendizagem que o indivíduo tiver”.
Escolas abertas
Um dos projetos que busca romper essas barreiras é Cities of Learning (Cidades de Aprendizado), que busca conciliar a aprendizagem que acontece dentro e fora da escola. Assim, as instituições de ensino absorvem atividades que seus alunos desenvolvem em outros espaços, seguindo seus interesses e necessidades.
Essa junção dos dois espaços – escola e ativo da cidade – se concretiza por meio dos “Open Badges” (medalhas abertas) desenvolvido pela Mozilla, também com apoio da Fundação MacArthur. Ao desenvolver uma atividade, curso ou projeto, o estudante ganha um badge. A medalha simboliza o reconhecimento de que o indivíduo obteve um conhecimento ou participou de alguma atividade, funcionando como uma certificação.
Dentro do Cities of Learning, as medalhas abertas servem para que as escolas reconheçam atividades realizadas por seus alunos em outras instituições e levem isso em consideração como parte do processo de aprendizagem do estudante, como um crédito escolar, por exemplo. Cidades dos Estados Unidos, como Chicago, Pittsburgh, Dalas e Los Angeles, participam da iniciativa.
Neste panorama, os tradicionais papéis de aluno e professor se modificam. “Neste modelo os adultos tem a tarefa de ajudar os estudantes a fazer conexões entre coisas que podem estar acontecendo fora da escola e as coisas que estão acontecendo dentro da escola”, resume o site do Connected Learning.
*Fazem parte do Redação na Rua os sites Catraca Livre, Centro de Referências em Educação Integral, Guia de Empregos, Portal Aprendiz, Porvir e VilaMundo.